Após anunciar, nesta segunda-feira (11), o crescimento de 1.127% na concessão de crédito para inovação a empresários pernambucanos no primeiro semestre deste ano, o Banco do Nordeste (BNB) informou ao Movimento Econômico que ainda dispõe de R$ 7 bilhões para bater sua meta em 2023.
O banco não estabelece limite sobre esse montante para o FNE Inovação. Pelo contrário, o que o BNB deseja é que os tomadores de crédito observem como podem inovar e busquem essa linha de crédito. “Se acontecer de um grade projeto não encontrar mais disponibilidade de recursos este ano, ele tende a ser relocado para o primeiro semestre do 2024”, explica superintende do BNB em Pernambuco, Pedro Ermírio de Almeida Freitas Filho.
Essa evolução na concessão da linha de crédito do FNE Inovação demonstra que o BNB se tornou um forte indutor da inovação no Nordeste, principalmente em Pernambuco, e que o tema entrou de fato na agenda local, mesmo num cenário de alta nas taxas de juros. O empresário está entendendo que inovar traz ganhos competitivos e que não pode perder tempo.
Indústria na frente no BNB
Quem puxou a alta foi o setor industrial (R$ 816,7 milhões), bem acima dos R$ 371,8 milhões destinados à Infraestrutura, e os R$ 288 milhões para a Agropecuária. E é preciso considerar que infraestrutura inclui no seu rol os investimentos em geração e distribuição de energia, um segmento em franca expansão e que tem demandado muitos investimentos. O superintende do BNB revelou, porém, que apesar de a indústria ter puxado o crescimento do FNE inovação, a demanda por crédito subiu em todos os setores.
Para se ter uma ideia do que o crescimento de 1.127% representa, basta dizer que em toda área de atuação do Banco, a evolução foi de 160%. O valor total de crédito concedido no período foi de R$ 1,63 bilhão. Desse montante, Pernambuco recebeu sozinho R$ 548 milhões. O valor supera de longe os R$ 126 milhões contratados no estado em todo o ano de 2022.
“Fomos realmente surpreendidos pela tomada de crédito pelo setor industrial. Entendemos que isso decorre das exigências para a indústria se tornar mais competitiva, seja em relação a processos ou ao produto fabricado”, disse superintende do BNB.
Ambiente de inovação
Mas há outros fatores. Um deles é o próprio ambiente inovador pernambucano. Recife é sede do Porto Digital, um dos maiores ecossistemas de TI e Inovação do Brasil. Além disso, a própria Federação da Indústria, a Fiepe, também tem dado forte contribuição com iniciativas como o Instituto Senai Inovação (ISI).
E o próprio BNB faz sua parte. O banco não apenas concede crédito, mas mostra ao empresário o que é inovar, com ajuda do seu Hub de Inovação, o Hubine, que tem unidades em Fortaleza (CE), Recife (PE) e Salvador (BA). Um exemplo ocorreu no Sertão do Araripe, onde um médico buscou o banco para financiar uma nova máquina de ressonância magnética. O BNB entendeu que o novo equipamento passaria a oferecer um tipo de exame que não havia na região. Bastou isso para que o crédito pudesse ser feito através do FNF Inovação.
Condições facilitadas
O BNB entende que inovação requer investimentos mais altos e é preciso dar condições diferenciadas. No FNE Inovação, o prazo de pagamento fica mais longo – saem dos 12 anos do financiamento tradicional, para 15 anos. Já as taxas de juros chegam a cair até 30% para o cliente que pegar até R$ 1 milhão. O prazo de carência também cresce de 4 para 5 anos. “Temos estimulado os empresários a buscarem recursos com uma finalidade mais ampla”, diz o superintendente.
“É realmente surpreendente”, diz o presidente do Porto Digital, Pierre Lucena, ao saber dos números. “É bom ver que há verba garantida para inovação”, ressalta. Lucena acredita que muito do que está se vendo no ambiente empresarial pernambucano é fruto da influência do Porto Digital. “Temos feito esforços para levar inovação à indústria e um dos exemplos é o Programa Desenvolve Aí”, ressalta.
O programa propõe-se a levantar, junto ao setor industrial, desafios e oportunidades que serão solucionados por meio da inovação. Na prática, é realizada uma imersão nas corporações, analisando sua cadeia produtiva e identificando gargalos. O programa também se propõe a promover pontes com as empresas de tecnologia, grupos de pesquisa e startups para que estas proponham soluções.
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