Construção civil, geração de energia e comércio contribuíram para o tímido crescimento do PIB de Pernambuco, derrubando indicadores da Indústria e segurando o crescimento do setor terciário. Já a agropecuária, favorecida pelo clima, teve saldo positivo em 2022.
A economia de Pernambuco cresceu 0,7% em 2022, frente ao desempenho nacional de 2,9%. O balanço do último trimestre aponta que, no período de outubro a dezembro, a economia pernambucana retraiu -0,4%, enquanto a nacional cresceu 1,9% em relação ao mesmo trimestre de 2021. Em relação ao trimestre imediatamente anterior, finalizado em setembro, Pernambuco cresceu 0,1% enquanto o Brasil recuou -0,2%. Em valores de mercado, o PIB de PE ficou em R$ 254,9 bilhões, contra os R$ 228,5 bilhões de 2021.
Quando analisado isoladamente, os números revelam que o setor da Agropecuária cresceu 6,8% em 2022 – influenciado positivamente pelas boas condições climáticas. as lavouras temporárias crescem 18,5% no ano. Já a indústria recuou -2,6% e o setor de serviço cresceu apenas 1,2%.
Indústria
A indústria foi afetada negativamente por alguns fatores. O primeiro é a crise nas cadeias de suprimentos, iniciada com a pandemia da covid-19, que perdurou por todo ano de 2022. A isso soma-se a crise econômica nacional. “A indústria pernambucana é produtora intermediária para o Centro-Sul e como essa região teve queda na demanda, isso refletiu na produção local. A retomada depende muito de ações da política nacional para melhoria da cadeia produtiva no país”, disse Maurílio Lima, diretor executivo da Agência Condepe/Fidem.
O desempenho negativo da construção civil, que recuou -3,5% em Pernambuco – no Brasil a expansão foi 6,9%-, também influenciou. Sem estímulo, o setor imobiliário retraiu, assim como a crise econômica fez cair o consumo “formiguinha”, que é alimentado por pequenos consumidores de material de construção – cimento, telhas, cerâmicas tec.
“A indústria pode ter sido afetada pela ausência de uma política pública setorial”, reflete Maurílio Lima, reconhecendo que, sem a base proporcionada pela construção civil, não só a indústria, mas economia como um todo derreteu.
Outro item na composição do PIB da Indústria que chama atenção foi a queda na produção e distribuição de eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana. Em 2021, diante da crise de desabastecimento de eletricidade, Pernambuco deixou de importar energia de base hídrica da Bahia e de Sergipe e passou a gerar energia térmica. A geração local agrega valor à economia do Estado. Em 2022, com a situação regularizada, o estado suspendeu a produção térmica e voltou a importar energia hídrica, gerando a grande variação nos números do setor. “Tanto é que, essa movimentação pesou de forma positiva no PIB da Bahia, estado que fornece energia a Pernambuco”, disse o diretor executivo da agência. O PIB baiano foi divulgado também nesta quinta-feira e subiu 1,5% no quaro trimestre e 2,6% no ano de 2022.
Serviços
O setor de serviços foi principalmente afetado pela queda no comércio. No acumulado do ano, a retração foi de 3,2%. Intermediação financeira, seguros, previdência complementar e serviços relacionados foi outro segmento que também teve recuo: -3,1%. Já os serviços de saúde, cresceram 2,3%, assim como os serviços imobiliário e de aluguéis, com alta de 1,6%.
Os economistas da Agência Condepe/Fidem observam que números não são muito bons, mas ressaltam que há um novo ciclo de gestão governamental no estado e no País e novas políticas públicas tendem a surgir para contribuir com a melhoria nos segmentos da indústria e os serviços. “Nossa projeção para o PIB de 2024 segue oscilando entre 2% e 2,5%”, disse Maurílio Lima.
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