O governo federal fará um leilão, em outubro de 2023, para implantar uma usina adicional de geração de energia no arquipélago de Fernando de Noronha. O resultado do leilão pode fazer com que a geração de energia fique mais sustentável num dos grandes destinos turísticos do País. Atualmente, cerca de 90% da energia gerada em Noronha têm origem numa térmica a óleo diesel, sistema considerado poluente e que emite gases que contribuem para o aquecimento global.
“Ambientalmente, este assunto é muito complexo. Estamos discutindo com o Ibama, o ICMbio. A atual térmica encerra a concessão em 2030”, resume o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME), Thiago Prado, se referindo a implantação de uma nova usina geradora no arquipélago. Ele veio ao Recife participar do workshop Subestações Digitais e Armazenamento de Energia.
A térmica que gera energia em Noronha pertence à distribuidora Neoenergia Pernambuco que atende todos os municípios do Estado, Fernando de Noronha e a cidade de Pedras de Fogo, na Paraíba. A concessionária também investiu em duas usinas fotovoltaicos que produzem cerca de 10% de toda a energia consumida na ilha. O sistema de geração solar da ilha usa uma grande bateria para armazenar a energia gerada.
“Em Noronha, criaram uma legislação para usar carro elétrico, mas se a energia é gerada por uma térmica a óleo, o veículo vai usar uma energia que não é limpa e fica mais caro abastecer”, comenta Thiago. Em Noronha, tudo é mais caro, porque as mercadorias – inclusive o combustível – saem do Recife e chegam lá de navio.
No futuro leilão, provavelmente o governo federal vai incluir que a empresa interessada em fazer a geração tenha um sistema de armazenamento em bateria, porque esta é tendência dos próximos leilões. A geração térmica usando um combustível fóssil é considerada uma energia segura, porque não é interrompida por um fator externo. Tanto a geração solar como a eólica são consideradas intermitentes, porque param de produzir, caso falte a matéria-prima, que são, respectivamente, a radiação solar e os ventos.
Um pouco da história…
A atual térmica de Noronha, a Usina Tubarão pertence à Neoenergia Pernambuco. Inicialmente, a usina foi transferida para o Governo do Estado após a Constituição Federal de 1988, quando se tornou responsável pela concessão. Em 2007, a usina foi totalmente reconstruída com recursos da então Companhia Energética de Pernambuco (Celpe). A Neoenergia Pernambuco é o nome que a companhia adotou para substituir o nome Celpe.
A usina foi instalada na década de 1980. Ao ser questionada se tem interesse em concorrer ao leilão, a Neoenergia Pernambuco informou, em nota, que “tem crescido a demanda de energia na ilha, sendo necessário uma expansão do parque gerador. Temos solicitado estudos nessa direção junto ao Ministério de Minas e Energia (MME) e uma das alternativas é o leilão”.
Ainda na nota enviada, a Neoenergia informou que o leilão é para geração adicional e que tanto as fotovoltaicas quanto a própria térmica ficarão, inclusive, para permitir ampliar a geração a partir de fonte renovável intermitente. Ou seja, precisa ter geração térmica pelo menos de back up e para atender a curva de demanda da ilha”.