Setor de cerâmica desacelera e encolhe vendas e produção

Por Patrícia Raposo Os fabricantes de cerâmica do Agreste estão sentindo os reflexos da queda na renda da população. Telhas e tijolos foram itens do setor da construção que venderam muito no começo da pandemia, diante da necessidade que muita gente teve de reformar sua casa para se adaptar ao home office. Mas agora, esses […]

Por Patrícia Raposo

Os fabricantes de cerâmica do Agreste estão sentindo os reflexos da queda na renda da população. Telhas e tijolos foram itens do setor da construção que venderam muito no começo da pandemia, diante da necessidade que muita gente teve de reformar sua casa para se adaptar ao home office. Mas agora, esses produtos também entram na lista da desaceleração de consumo, como o cimento, com empresários assistindo quedas na produção e nas vendas.

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No Agreste de Pernambuco, as indústrias estão operando em apenas um turno. Em alguns casos, a produção recuou em até 60%. O presidente do Sindicato de Cerâmicas Vermelhas de Pernambuco (SindCer-PE), Antônio Marcos Tavares Barbosa, disse que o setor de cerâmica tenta reagir a preços defasados e ao aumento nos custos com lenha/ energia térmica e energia elétrica, além de óleo diesel. Esses itens juntos representam quase 40% dos custos de produção.

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Fábrica de telhas/Foto: Cerâmica Brasil

O diesel é contabilizado tanto para o transporte da matéria-prima, quanto para o do produto acabado. Gás não é uma opção para alimentar os fornos. “Nem discutimos o uso do gás. É totalmente inviável devido ao seu alto preço ”, argumenta Barbosa.

O setor usa resíduos de madeira para alimentar os fornos, o que é uma das premissas para obter crédito de carbono. “Também usamos algaroba”, acrescenta o presidente. A algaroba é colhida por diversos trabalhadores autônomos em fazendas da região. Como é uma espécie exótica – foi introduzida no Brasil na década de 40-,  não há restrições ao seu uso. Essas fontes ajudam a segurar um pouco os custos.

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Clientes e baixa demanda

As empresas de cerâmicas têm entre seus clientes o setor de construção civil, que, por sua vez, também enfrenta queda na demanda. Confirmando a situação, na última segunda-feira (11), o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) divulgou seu relatório setorial do primeiro trimestre de 2022, apontando que nos três primeiros meses do ano o desempenho foi negativo, com recuo de 2,2% nas vendas nacionais.

No Nordeste, entre janeiro e março de 2022, a queda nas vendas de cimento foi de 5,7% em comparação com o mesmo período de 2021. Foi o maior recuo entre todas as regiões, o que aponta para o desaquecimento do mercado imobiliário. “Só a venda de telhas caiu 20%”, revela, Barbosa fazendo coro ao SNIC sobre uma previsão negativa para lançamentos imobiliários nos próximos meses.

Outro problema é o consumo formiguinha, que dá importante contribuição às vendas de material de construção. Ele continua desacelerando desde meados de 2021 em virtude do alto nível de desemprego, da menor renda da população e crescente endividamento das famílias. “É um cenário preocupante. As pessoas não conseguem comprar como antes. Não vemos o ano com boa perspectiva. Não acredito em recuperação em 2022”, conclui Barbosa.

Para complicar ainda mais o cenário, nesta terça-feira (12) a Organização Mundial do Comércio (OMC) revisou para baixo suas projeções para exportações e importações para os dois próximos anos, considerando não só a guerra da Rússia contra a Ucrânia, mas os novos confinamentos na China para conter a covid-19. Esses fatores ameaçam a já frágil retomada do comercio global e podem trazer mais impactos às cadeias de abastecimento, com alta de inflação e impacto significativo sobre as populações pobres do mundo, conforme a OMC.

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