Juros futuros estão em alta, assim como o dólar. Já a B3 registra queda no Ibovespa, seu principal índice. Temor maior é pelo atraso nas reformas
O mercado reage mal às possíveis consequências das manifestações do 7 de setembro de apoio ao presidente Jair Bolsonaro. “Para analistas, Bolsonaro deu mais um passo em direção ao choque entre os poderes e não há solução à vista que possa trazer alívio”, diz o economista André Perfeito, da Necton.
O que mais preocupa, segundo André. é que diante da turbulência politica, as reformas , qu eja andam lentas, tendem a parar, tanto na Câmara quanto no Senado e isto está se traduziu numa queda relevante do Ibovespa no período da manhã e também no Dólar. Hoje às 13h30, o Ibovespa o principal índice da B3, registrava queda de 2,83%, e operava nos 114,52 mil pontos. O Dólar comercial chegou às a R$ 5,30 e recuou um pouco fincando em R$ 5,27
“Para além do ajuste em bolsa e dólar, chamou atenção à elevação mais uma vez da curva de juros”, diz André. No mercado de juros futuros, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 subiu de 9,80% para 9,96%; e o do DI para janeiro de 2027 se elevava de 10,27% para 10,43%.
“Nem mesmo o IGP-DI que veio abaixo das estimativas trouxe alívio aos juros futuros”, analisa economista. O IGP-DI acompanha o movimento de preços em todo o processo produtivo, desde matérias-primas até serviços finais, e é medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Em agosto, o IGP-DI, registrou deflação de 0,14%. No mês anterior, o indicador havia registrado inflação de 1,45%. Houve deflação, mas o IGP-DI acumula taxas de inflação de 15,75% no ano e de 28,21% em 12 meses.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede o varejo, e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) também tiveram queda na taxa, mas continuaram registrando inflação. O IPC recuou de 0,92% em julho para 0,71% em agosto. Já o INCC caiu de 0,85% para 0,46% no período.
O agravamento do cenário econômico pode resultar em perda de apoio popular, ao combinar queda nas projeções de crescimento do PIB, elevado desemprego e inflação, risco de racionamento e incertezas fiscais.
“Amanhã haverá divulgação do IPCA de agosto e este deve vir em torno de 0,7% com alta em 12 meses de 9,5%. Qualquer valor acima disso irá forçar, ao nosso ver, um ajuste mais forte na SELIC. Sexta-feira é a vez das Vendas no Varejo serem divulgadas”, analisa André Perfeito.