
O Nordeste brasileiro é a região com o maior número de lugares de memória e consciência mapeados pelo Governo Federal, segundo levantamento divulgado nesta terça-feira (8) pelo Observatório de Direitos Humanos (ObservaDH), vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). Dos 100 pontos identificados em todo o país, 44 estão no Nordeste, número superior ao registrado no Sudeste (39), Sul (11), Centro-Oeste (3) e Norte (1).
A Bahia lidera nacionalmente com 23 locais reconhecidos, como o Largo do Pelourinho, o Campo da Pólvora e o Mercado Modelo, em Salvador, além do Parque Memorial Quilombo dos Palmares, em Alagoas, e o Engenho Massangana, em Pernambuco. A lista inclui tanto pontos já patrimonializados quanto locais de relevância histórica ainda não sinalizados oficialmente.
Mapeamento tem base acadêmica e apoio internacional
O estudo tem como base o “Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil”, realizado em 2013 pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em parceria com a Unesco. Segundo o MDHC, o objetivo é promover visibilidade, reconhecimento e políticas públicas voltadas à preservação da memória negra no país.
A coordenadora-geral da Memória e Verdade da Escravidão e do Tráfico Transatlântico do MDHC, Fernanda Thomaz, afirmou que o mapeamento é fundamental diante do apagamento histórico vivido pela população afrodescendente. “É caminho aberto para que novas ações e atuação no campo da política pública sejam realizadas em torno da população negra e pensando na memória da população negra”, declarou.
Iniciativas de sinalização e educação
A proposta inclui a sinalização física dos 100 locais com placas explicativas, processo que já começou com a instalação de sinalizações na Serra da Barriga (AL) e no Cais do Valongo (RJ). O projeto conta com apoio técnico do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e envolve também os ministérios da Igualdade Racial, da Cultura e da Educação.
Além da sinalização, a iniciativa prevê ações educativas como oficinas, produção de materiais didáticos e atividades de valorização da memória histórica nos territórios mapeados.
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