Nova onda de prejuízos alcança o setor de eventos

Diante de novos apertos nas restrições, empresários do setor precisam rever festas programadas para fevereiro, além dos danos com cancelamento do carnaval. Muitos estão tendo que devolver valor do ingressos já pagos. Por Samuel Santos O setor de eventos foi mais uma vez atingido em cheio pela crise sanitária. Como já era esperado, devido ao […]

Diante de novos apertos nas restrições, empresários do setor precisam rever festas programadas para fevereiro, além dos danos com cancelamento do carnaval. Muitos estão tendo que devolver valor do ingressos já pagos.

Por Samuel Santos

- Publicidade -
Em alguns estados o Carnaval não contará nem festas de rua, nem com festas fechadas/Foto: reprodução da internet

O setor de eventos foi mais uma vez atingido em cheio pela crise sanitária. Como já era esperado, devido ao aumento de casos de Covid provocados pela variante Ômicron, as festas ficaram comprometidas. No Nordeste, estados como Bahia, Paraíba Ceará e Pernambuco cancelaram o ponto facultativo, assim como o carnaval. Mas a festa ainda pode acontecer no Ceará. Ali ainda estão permitidos eventos com capacidade reduzida de 250 pessoas em ambientes fechados e 500 pessoas em ambientes abertos.

Além da frustração com o carnaval, os empresários do setor e produtores de eventos, ainda vão arcar com outras medidas restritivas que se abatem sobre as festas programadas para os próximos dias. Em Pernambuco, por exemplo, o Governo do Estado decidiu enxugar ainda mais a quantidade de participantes em eventos, com novo anúncio de restrições nesta terça-feira (07). O limite de pessoas passou de 3 mil para 500 pessoas em locais abertos, e de 1 mil para até 300 participantes em locais fechados.

Para os empresários e produtores do setor a decisão em Pernambuco foi tomada, mais uma vez, às vésperas do Carnaval, inviabilizando festas já agendadas para o período.

- Publicidade -

O endurecimento das regras vem em um dos períodos mais lucrativos para a área de eventos. Shows com grande público, prévias e camarotes carnavalescos além de festas fechadas ficaram praticamente impossíveis de acontecer nos próximos dias, já que o número de participantes foi bastante reduzido – e em alguns locais totalmente proibidas.

“Fomos pegos de surpresa, esperávamos uma medida que desse condição de reorganizar os eventos e não os extinguir. Nos colocaram como bode expiatório, se sacrifica um setor, quando na verdade temos outros com regras bem mais flexíveis. No comércio, por exemplo, os shoppings funcionam lotados e não existe um controle rígido. Estávamos cumprindo todos os protocolos, exigindo o passaporte da vacina, e agora com esse novo decreto fica tudo mais difícil, afirma Waldner Bernardo de Oliveira, o Dadai, presidente da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape-PE) e dono da Allticket.

Sem Carnaval por mais um ano, a saída encontrada pelos promotores foi adiar os planos e tentar contornar os prejuízos. “O Carnaval movimenta quase R$ 3 bilhões em Pernambuco, se você considerar toda a cadeia produtiva da festa, formal e informal. Quando você tem uma área como o entretenimento suprimida, o prejuízo é incalculável. Neste momento estamos remarcando a maioria dos eventos, dentro da nossa política de redução de danos, que prevê o agendamento para uma nova data dentro do prazo de 90 dias”, pontua Dadia, acrescentando que o cliente tem total direito de reaver o dinheiro do ingresso, caso queira.

Ele reclama que shows em camarotes para o Carnaval, que duram em média quatro dias e reúne várias atrações, não terão como acontecer, então alguns já começaram a ser cancelados. “Esperamos, inclusive, que a festa seja remarcada, como sinalizou a prefeitura do Recife”, destaca Dadai.

Eventos corporativos

A presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos, seção Pernambuco, Tatiana Marques, argumenta que a decisão vai trazer mais prejuízos para o setor, já tão castigado pela pandemia. “O sentimento é de desilusão, não houve diálogo com os empresários. A gente está falando de um setor que vive de planejamento. Eventos marcados foram cancelados, muitas empresas já fecharam ao longo da pandemia, empregos foram perdidos e não sabemos como e nem quando vamos nos recuperar plenamente”, relata.

A representante da Abeoc-PE reconhece que o momento requer cautela, mas defende a adoção de protocolos eficientes, para que o setor não seja novamente castigado. “Eu defendo e sempre defendi um evento seguro, mas para isso é preciso controle maior do estado quanto ao cumprimento das medidas. Estamos de novo pagando um preço muito alto por erros cometidos ao longo dessa crise”, completa Tatiana.

Ceará

Em situação parecida estão os empresários do setor de eventos do Ceará. O estado vive sob um decreto que limita a 250 pessoas a capacidade de eventos em ambientes fechados e 500 pessoas em ambientes abertos, com cumprimento de protocolos e exigência do passaporte da vacina. No atual cenário, festas, shows e eventos com grande público precisaram ser remanejados para outras datas e até mesmo cancelados.

“Nós estamos sentindo bastante, já que tínhamos capacidade para receber até 5 mil pessoas em local aberto, ou seja, houve uma redução drástica de 90%, enquanto o público nos estádios de futebol teve redução de 30%. O setor foi pego de surpresa depois de uma janela pequena de retomada e essas medidas impactaram negativamente. Já havia cachês pagos, passagens compradas e nós tivemos mais de 60 cancelamentos com essa retomada das restrições”, afirma Liege Xavier, presidente da Abrape-CE.

Para a empresária, é preciso achar um ponto de equilíbrio que coloque fim na onda de imprevisibilidade que ronda o setor desde o início da pandemia no país. “A gente entende que essas medidas sanitárias podem ser necessárias diante do novo colapso do sistema de saúde, mas achamos também que os governos já teriam que ter uma melhora nesse sistema, já que estamos há dois anos como o único setor que está sofrendo restrições tão drásticas”, pontua Liege.

Eventos corporativos

Entidades ligadas aos setores de turismo e eventos conseguiram dialogar com o governo do Ceará para que as restrições não fossem tão duras com o segmento de eventos corporativos, que incluem atividades não festivas. O poder público liberou até 1.200 pessoas nesses eventos, mesmo assim, as perdas foram inevitáveis.

“Tivemos que cancelar inscrições e alguns patrocinadores desistiram de apoiar eventos agendados. A gente planeja com muita antecedência uma palestra ou reunião para um determinado número de pessoas, mas aí chegam os decretos e precisamos nos readequar. Existe também um desgaste emocional, porque você vai trabalhando naquele projeto, mas tudo pode mudar no intervalo de 15 dias”, comenta Rafael Bezerra, produtor de eventos em Fortaleza e vice-presidente da Abeoc CE.

Efeito dominó

O cancelamento das tradicionais festas carnavalescas de rua e as restrições nos eventos privados causam uma reação em cadeia, que também afetam outros setores importantes da economia. É o caso do segmento de bares e restaurantes, por exemplo. Em Pernambuco a capacidade de público segue mantida, mas empresários estão receosos de que a ausência da folia atrapalhe as vendas.

“Os ajustes nos eventos não nos afetam diretamente, mas se você pensar no fluxo de pessoas que vai deixar de circular neste período carnavalesco, principalmente de turistas, a gente fica preocupado porque de certa forma nos afeta também. O setor mais uma vez sai prejudicado, mas não tanto quanto esperávamos, graças a vacinação”, comenta o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-PE), André Araújo.

O representante do setor ainda acredita que, pelo menos por enquanto, não devem ser feitos novos anúncios que atinjam diretamente os estabelecimentos. “Temos cumprido os atuais protocolos, por isso não vejo sentido em novas adequações para o setor. Já existem sinais de que a curva de contágio deve diminuir nas próximas duas semanas e assim sendo, esperamos mais uma vez que o governo mantenha sua dinâmica de flexibilização das atividades”, completa Araújo.

Alagoas

Assim como em muitos estados do Brasil, Alagoas segue cobrando o passaporte vacinal em bares e restaurantes e o cumprimento de protocolos sanitários. Festas públicas ligadas ao Carnaval também foram vetadas, mas eventos privados seguem liberados, com limite de público.

De acordo com Brandão Junior, presidente da Abrasel-AL, as decisões sobre medidas restritivas são tomadas em comum acordo com os setores. “A gente vem sempre dialogando com a prefeitura de Maceió, governo estadual sobre a pandemia e não temos percebido movimentos dos nossos governantes no sentido de restringir ainda mais o setor de eventos e de bares e restaurantes. O que apoiamos é que não ocorram festas públicas, já que não existe um controle de acesso, como nas festas particulares. Esperamos, portanto, que essa medida tomada em Pernambuco não se estenda para Alagoas”, afirma o presidente.

- Publicidade -
- Publicidade -

Mais Notícias

- Publicidade -