
Em uma iniciativa inédita no Brasil, a Construtora Rio Ave e o Instituto Banco Vermelho (IBV) deram início nesta segunda-feira (1º) a uma parceria voltada ao enfrentamento da violência de gênero entre trabalhadores da construção civil. A ação inaugural contou com a instalação simbólica do “Banco Vermelho Gigante”, no jardim entre os empresariais Isaac Newton e Alfred Nobel, na Ilha do Leite, no Recife, com a presença de representantes de entidades do setor.
O projeto nasce da preocupação da Rio Ave com o elevado número de medidas protetivas expedidas pela Justiça contra trabalhadores do setor, acusados de violência contra mulheres. Segundo dados apresentados pela advogada e pesquisadora Marília Montenegro, cerca de 40% das medidas protetivas concedidas em Pernambuco em 2024 foram destinadas a operários da construção civil.
“Não é possível permanecer indiferente diante dessa realidade. Por isso, nos unimos ao Instituto Banco Vermelho e vamos seguir firmes nessa luta”, afirmou Claudia Ferreira da Costa, sócia da Rio Ave.
A presidente do IBV, Andrea Rodrigues, celebrou o engajamento da iniciativa privada na pauta. “Esse movimento pode ir muito além da construção civil. O envolvimento de uma empresa como a Rio Ave tem potencial para transformar a realidade de todo o estado”, avaliou.
A iniciativa prevê uma série de ações educativas a partir de abril, com o lançamento das “Caravanas Feminicídio Zero”, que percorrerão os canteiros de obras da empresa. As atividades incluirão rodas de conversa, palestras, distribuição de cartilhas, ações nas redes sociais e a instalação permanente de bancos vermelhos com mensagens de conscientização sobre os cinco tipos de violência contra a mulher.
“Estamos plantando uma semente que, com certeza, dará frutos. O enfrentamento à violência começa pela informação e pela mudança de comportamento dentro dos espaços de trabalho”, destacou Beto Ferreira da Costa, co-CEO da Rio Ave.
Violência estrutural
Com 69 casos de feminicídio registrados apenas em 2024, Pernambuco lidera os índices no Nordeste e ocupa o segundo lugar no ranking nacional, atrás apenas de São Paulo. Em todo o país, 21 milhões de mulheres foram vítimas de algum tipo de violência de gênero neste ano, o equivalente a 40% da população feminina brasileira. A cada seis horas, uma mulher é assassinada no Brasil. A cada seis minutos, uma mulher ou menina é vítima de estupro.
“O Brasil é o quinto país do mundo em feminicídios. Combater essa realidade é lutar pela vida das mulheres, e isso precisa ser compromisso de toda a sociedade”, destacou Paula Limongi, diretora executiva do IBV.
A diretora do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (Marreta), Dulcilene Morais, declarou apoio integral ao projeto: “Essa é uma ação de extrema importância. Estamos prontos para contribuir no que for necessário”.
Sobre o IBV
Fundado em novembro de 2023 pelas pernambucanas Andrea Rodrigues e Paula Limongi, o Instituto Banco Vermelho nasceu com a missão de atuar pela erradicação do feminicídio no país. Presente em 13 estados com mais de 40 bancos vermelhos gigantes instalados, o IBV desenvolve ações educativas, culturais e urbanas de mobilização social. A instituição é respaldada pela Lei Federal nº 14.942, sancionada em julho de 2024, e mantém acordo de cooperação técnica com o Ministério das Mulheres. O IBV conta com o apoio da UNINASSAU e da Copergás.
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