O Brasil registrou a venda de 146.412 novas unidades habitacionais de janeiro a novembro de 2022, ou seja, um crescimento de 12,2% na comparação com o ano anterior, quando 143.576 empreendimentos foram negociados. Apesar de contabilizar apenas 11 meses, o resultado foi suficiente para estabelecer um recorde anual da série histórica dos indicadores da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), em estudo feito por meio de uma parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), levantando dados junto a 18 empresas do ramo imobiliário.
O programa do Governo Federal “Casa Verde Amarela” (CVA) representou a maior parcela das vendas no mercado residencial brasileiro ao longo de 2022, correspondendo a uma fatia de 67,7% das 99.244 unidades vendidas no período. Já o segmento de Médio e Alto Padrão (MAP) corresponderam a 29,8% das vendas (43.636 unidades), e os demais 3.532 (3,5%) são de outros segmentos.
Nesse período, a entrega de novos imóveis teve uma elevação de 4,5%, o que representa 74.319 imóveis entregues em 11 meses. Deste total, 64.629 foram de imóveis do Casa Verde Amarela, 8.726 de Médio e Alto Padrão e 1.004 de outros tipos.
O setor, que sofreu uma baixa anos atrás, vem mostrando recuperação gradual, com algum crescimento desde 2016. Em 2017, houve crescimento de 9,4% em relação a 2016, ou seja, foram 94,2 mil unidades em 2017 contra 86,1 mil no ano anterior. Já 2018 teve crescimento de 19,2% (120.142 unidades negociadas e 98.562 lançamentos).
Em 2019, houve alta de 15,45% nos lançamentos, e de 9,7% nas vendas de imóveis residenciais novos em relação a 2018, no que era, até aquele momento, o melhor resultado anual dos últimos quatro anos. Em 2020, a pandemia atingiu diversos setores com muita brutalidade, o que não se refletiu no mercado imobiliário. Mesmo em meio à crise sanitária, houve crescimento de 8,4% nas vendas de imóveis novos (apartamentos) nos primeiros nove meses do ano.
Vendas de imóveis no Nordeste
A região Nordeste reflete, em números, a tendência observada ao nível nacional. Dados da Abrainc e Brain Inteligência e Estratégia – coletados em 2022 – apontam que quatro em cada dez moradores dos nove estados da região estão em busca de um novo imóvel.
O levantamento mostrava, em junho do ano passado, que 22% das pessoas com intenção de comprar um novo imóvel pretendiam fazer o negócio em até 12 meses, sendo 2% deste total formado por pessoas que desejavam fechar a compra até o final daquele ano.
Nos últimos cinco anos (2017 a 2022), mais de 110 mil novas unidades habitacionais foram lançadas apenas nas capitais nordestinas, sendo Salvador a que concentrou a maioria dos lançamentos, com 20.571 empreendimentos, o que representa 19% do total registrado no período da pesquisa. João Pessoa (PB) vem em seguida, com 18.545 lançamentos, seguida por Fortaleza (CE), com 15.387.
O Recife (PE) teve 13.670 novos imóveis no período, acompanhado de perto por Maceió (AL) 12.449. Fecham a lista São Luís (MA), com 9.392; Teresina (PI), com 8.496; Aracajú (SE), com 6.835; e Natal (RN), que registrou o menor número de lançamentos: 5.615.
Os números positivos já se refletem no comportamento de grandes empresários do ramo, que buscam expandir o escopo de atuação no mercado imobiliário do Nordeste. Um bom exemplo é a construtora pernambucana Moura Dubeux, especializada em imóveis de alto padrão, que passará a investir também no mercado de imóveis voltados à população de classe média, com custo médio de R$ 5,5 mil a R$ 8,2 mil por metro quadrado.
Diego Villar, CEO da construtora, afirma que a Mood, nova marca que atenderá ao público de classe média, deve ser lançada ainda no primeiro semestre de 2023, tanto por dificuldades em escalar modelos de alto padrão no Nordeste, quanto ao tamanho considerável da classe média na região, que abarca desde empreendimentos com custo de R$ 7 mil até R$ 10 mil por metro quadrado.
O presidente da ABRAINC, Luiz França, avalia que o setor deve continuar com um bom desempenho, gerando empregos, e lembra que o consumidor brasileiro segue em busca de um imóvel, para sair do aluguel ou investir.
“O Brasil tem uma pirâmide etária ainda jovem se comprado a outros países, o que implica em uma alta taxa de formação de famílias nos próximos anos, cerca de 1,1 milhão por ano, e tudo isso reflete em uma forte demanda ao setor. Esperamos, inclusive, que o retorno do programa Minha Casa Minha Vida amplie o acesso a moradia as famílias mais carentes, contribuindo no combate ao déficit habitacional e na inclusão social para a população de menor renda”, finaliza o executivo.