
O Ceará quer se posicionar como articulador regional em governança estratégica da informação, tornando-se um centro de referência em estatística, geociência e ciência de dados. Como sede do Triplo Fórum Internacional de Governança do Sul Global, evento que teve início nesta quarta-feira (11) reunindo representantes de mais de 30 países, o estado anunciou que pretende sediar o encontro de forma definitiva e também abrigar uma unidade da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE), vinculada ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), promotor da iniciativa.
A programação do fórum segue até quinta-feira (13), em Fortaleza, com participantes do Brasil, Argentina, África do Sul, Colômbia, Índia, México, Moçambique, Nigéria, Peru e Uruguai, além de organismos internacionais como o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e o Centro de Desenvolvimento da OCDE. O objetivo é debater como dados qualificados podem fortalecer a formulação e a avaliação de políticas públicas nos países do Sul Global.
O presidente do IBGE, Marcio Pochmann, destacou que a escolha do Ceará para sediar o evento remonta a um momento histórico relevante. “Este evento é uma homenagem ao papel que tiveram o Ceará e a cidade de Fortaleza em 2014, quando recepcionaram os chefes de Estado do BRICS naquele momento, e que marcou a nova forma de buscar encaminhar a situação do mundo, como a criação do Novo Banco de Desenvolvimento, por exemplo. Este momento de reflexão será um marco do ponto de vista de como nós olhamos o mundo, as políticas públicas, de maneira geral, e como elas são constituídas a partir de uma realidade observada”, afirmou.
Pochmann também ressaltou a necessidade de revisar os instrumentos que medem o desenvolvimento. “Nós estamos observando o crescimento da importância relativa dos países do Sul Global, que hoje já respondem por mais de dois terços do PIB do mundo. São responsáveis pela maior parcela da população. Inclusive, a renda per capita dos países do Sul Global já se aproxima dos países do Norte Global. Nós viemos de um período em que o mundo era compreendido a partir da Europa. Hoje, nós precisamos compreender que há um passado nas comunidades originárias em que é necessário recuperá-las na perspectiva de um outro desenvolvimento, mais humano, igualitário e com uma relação mais amigável com a natureza”, reforçou.
Projeto-piloto do IBGE pode começar no Ceará
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística avalia lançar no Ceará o projeto-piloto do Sistema Nacional de Geociência, Estatística e Dados. A proposta é integrar os dados federais com os estaduais, a partir de uma parceria com o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).
“O IBGE quer montar um grande sistema de dados, que é o Sistema Nacional de Geociência, Estatística e Dados. E o Ipece, no Ceará, poderá ser o primeiro piloto. Já temos essa proposta de integrar os dados nacionais com os do Estado do Ceará”, explicou o presidente do Ipece, Alfredo Pessoa. Ele reforçou o protagonismo do Ceará na articulação de soluções baseadas em evidências e na promoção de políticas públicas orientadas por dados qualificados.
Parcerias em construção para a Casa Brasil IBGE e unidade da ENCE
Além de pleitear a sede permanente do Triplo Fórum, o Governo do Ceará propôs a criação da “Casa Brasil IBGE Ceará”, espaço institucional para viabilizar a continuidade das discussões técnicas e científicas com o instituto federal.
A proposta inclui também a instalação de uma unidade da ENCE, considerada a principal escola de estatística da América Latina, com mais de 70 anos de atuação na formação de quadros técnicos especializados.
A unidade no Ceará teria como foco a capacitação de gestores públicos nas áreas de ciência de dados, Big Data e Inteligência Artificial, com apoio de universidades e centros de pesquisa locais.
Produção estatística do Nordeste
A possível instalação da ENCE e a consolidação do Triplo Fórum reforçam o papel do Ceará no fortalecimento da produção estatística no Nordeste. A região abriga 27,2% da população brasileira, segundo dados do IBGE, o que exige soluções adaptadas às realidades locais. O Estado já atua com políticas públicas baseadas em dados, por meio de programas como o Ceará 2050 e o Ceará Um Só.
Ao se apresentar como sede de iniciativas nacionais e internacionais voltadas à governança da informação, o Ceará busca liderar uma nova estratégia de articulação regional em dados, evidências e políticas públicas.
*Com informações do Governo do Ceará
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