As mudanças climáticas estão impactando as previsões da próxima safra de cana-de-açúcar no Brasil. O principal produtor da planta, o Centro-Sul do País tem uma previsão de encerrar a safra 2024/2025 com 60 milhões de toneladas a menos com uma perda superior a 9%. Na mesma moagem, o Norte tem uma previsão de ter uma redução de 2,2% da colheita. Ambas as regiões estão passando por uma estiagem severa. No Nordeste, a estimativa é que ocorra um crescimento de 2,8 % da gramínea colhida na atual safra.
A safra 2024/2025 do Centro-Sul do País deve ficar em 596 milhões de toneladas, quando na moagem anterior a colheita alcançou 656,41 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. As queimadas – em grande parte criminosa – também prejudicaram a colheita da planta naquela região. “Os níveis de redução no Centro-Sul equivalem a uma safra do Norte-Nordeste, o que corresponde a 61 milhões de toneladas nesta safra”, comenta o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha. Ele também presidente a Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e de Bioenergia (NovaBio).
Já no Norte, a safra atual deve ficar em 7,13 milhões de toneladas da planta, enquanto na moagem anterior foram colhidas 7,29 milhões de toneladas, segundo números levantados pelo Sindaçúcar-PE, Sindaçúcar-AL e NovaBio com informações coletadas até o dia 30 de setembro. No Nordeste, a estimativa é que a atual moagem tenha uma colheita de 53,8 milhões de toneladas, contra as 52,4 milhões de toneladas colhidas na safra anterior.
Segundo Renato Cunha, entre abril e julho ocorreram chuvas adequadas ao crescimento da planta. Já em setembro e agosto, as chuvas diminuíram em algumas cidades da Zona da Mata pernambucana. A cana-de-açúcar precisa de alternância entre dias de sol e de chuva para se desenvolver bem e apresentar um maior nível de açúcar.
Em Pernambuco, a previsão é de que a atual safra chegue a uma colheita de 14,3 milhões de toneladas, enquanto na moagem anterior foram 14,01 milhões de toneladas. “A nossa intenção é ter números mais robustos com o passar do tempo”, diz Renato. No Estado, a safra começou em agosto último para a maioria das usinas.
No Nordeste, a cultura da cana-de-açúcar está presente em mais de 240 municípios, incluindo 60 deles em Pernambuco. Os maiores produtores da região são os Estados de Alagoas e o de Pernambuco.
Exportações oriundas da cana-de-açúcar
“Os Estados do Nordeste têm mantido volumes estáveis nas exportações do açúcar, sendo em torno de 68% dos níveis totais de produção. Isso nos dá uma leitura de que o mercado internacional, apesar de não haver garantia de longo prazo, continua comprando açúcar, garantindo, nos últimos dois anos, uma previsão de exportação previsível. Diferente, por exemplo do mercado de etanol hidratado, que muda muito de acordo com os aspectos regulatórios do País”, comenta Renato.
No Nordeste, As exportações de açúcar foram 2,38 milhões de toneladas na safra 2023/2024 e serão 2,48 milhões de toneladas na safra 24/25. No entanto, as 2,38 milhões de toneladas de açúcar representaram 68,3 % da produção de açúcar daquela safra (2023/2024) e as 2,48 milhões vão representar 68,61 % da fabricação do açúcar da região na moagem 2024/2025.
Leia também
Combustível do Futuro vai trazer mais investimentos para o setor sucroenergético
Combustível do Futuro: desafios e investimentos de R$ 200 bilhões