Somente o aumento do percentual de 27% para 30% do álcool anidro na gasolina aumentaria em 11% o volume a ser produzido deste combustível no Brasil. Este é só um exemplo de um conjunto de medidas que está tramitando no Congresso Nacional e podem gerar novos mercados e negócios no setor sucroalcooleiro. O Nordeste tem vários Estados com o setor sucroalcooleiro forte.
Várias destas medidas fazem parte do Projeto de Lei 4.516, conhecido como Combustível do Futuro, e a Medida Provisória 1.205, que institui o Programa de Mobilidade Verde e Inovação. Elas não vão ficar restritas ao aumento dos percentuais do álcool na gasolina nem de biodiesel no diesel. Vão estabelecer também novas regras para negócios como o mercado de captura e armazenamento de carbono, o biometano, o SAF, um combustível verde para a aviação, entre outros. Sem contar com o importante papel que o álcool terá nos carros híbridos, que vão, gradativamente, se tornarem mais elétricos.
“Estas iniciativas são importantes porque elencam e começam a dar publicidade e gerar regras para atrair investimentos, podendo trazer parcerias internacionais. Elas vão acelerar a transição energética com vários combustíveis”, comenta o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha, que argumenta, ser “imprescindível ter um programa deste tipo”. E, segundo ele, as duas iniciativas citadas acima “estão se harmonizando e integrando as políticas públicas, criando um amparo legal, sinalizando isso para o mercado alicerçado na sustentabilidade”.
A longo prazo, a maior parte destas medidas, traçam um cenário de transição energética, aumentando a participação dos combustíveis verdes e diminuindo o uso dos combustíveis fósseis, o que também está sendo chamado de descarbonização da economia. Entre as medidas, está o aumento da mistura do álcool anidro na gasolina, que poderá sair, gradativamente, dos atuais 22% até chegar em 35%.
“O aumento do percentual é importante para o produtor, amplia o mercado e melhora a qualidade da gasolina. Se sair dos atuais 27% para 30% terão que ser produzidos mais 11% de álcool anidro”, comenta Renato. A adição do álcool anidro na gasolina deixa o combustível ambientalmente mais amigável, diminuindo as emissões de carbono, principalemente se for levado em consideração que os canaviais capturam carbono, quando se leva em consideração todo o ciclo de produção.
O combustível do futuro e novos negócios
Esta regulamentação dos combustíveis verdes -, incluindo os do futuro, como o SAF e o biometano -, é importante também para o Brasil se preparar para a COP 30, que vai ocorrer em novembro de 2025, em Belém, capital do Pará. O evento vai atrair autoridades e representantes de empresas interessadas na transição energética e o Brasil tem tudo para ser um grande player nestes novos negócios.
A expectativa é de que estas iniciativas sejam votadas pelo Congresso Nacional em duas ou três semanas. O relator do PL do Combustível do Futuro é o deputado federal Arnaldo Jardim, do Cidadania, de São Paulo. “A transição energética no Brasil dá sinais que vai contemplar várias fontes. O Brasil é um país que produz biodiesel, etanol, biometano. Todos podem ter espaço de mercado, se mostrarem responsabilidade”, diz Renato.
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