Embargo chinês à carne brasileira impacta mercado nordestino

Por Juliana Albuquerque Iniciado há quase dois meses, no dia 4 de setembro, o embargo do maior importador de carne bovina do Brasil, a China, destino de 52,9% do total das exportações do produto até setembro, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, parece não ter data seu fim. Inicialmente, a suspensão das exportações […]

Por Juliana Albuquerque

Iniciado há quase dois meses, no dia 4 de setembro, o embargo do maior importador de carne bovina do Brasil, a China, destino de 52,9% do total das exportações do produto até setembro, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, parece não ter data seu fim.

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Inicialmente, a suspensão das exportações brasileiras se deu devido a casos isolados de Encefalopatia Espongiforme Bovina, mais conhecida como o mal da vaca louca, em alguns frigoríficos do Brasil. Contudo, mesmo com aval sanitário, o embargo continua.

Nos bastidores do mercado nacional, a demora na decisão da China em reabrir as portas ao Brasil tem sido vista como uma forma de o país asiático forçar a queda do valor de exportação da carne brasileira. Há também quem levante a tese de que o freio nas importações da carne bovina é estratégia chinesa para forçar o aumento do consumo da carne suína. A China é grande produtora de carne suína e está com estoques muito elevados.

Outro ponto bastante comentado é que o embargo seria para o governo chinês ampliar a oferta de fornecedores, reduzindo dependência brasileira. A China importa do Brasil 40% do que consome – só em setembro passado, as vendas da carne brasileira ao país asiático movimentaram US$ 686,98 milhões. Segundo dados do Instituto Mato-Grossense de Carne (Imac), no Brasil, até o momento, a perda diária com a suspensão das importações para a China é de US$ 10,4 milhões por dia útil.

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“Nenhum há mais problema sanitário, então, trata-se simplesmente de um embargo comercial disfarçado de restrição sanitária com o objetivo de derrubar os preços e desestabilizar o nosso mercado”, argumenta Álvaro Borba, pecuarista da Paraíba. Segundo ele, com exceção do Maranhão, que não exporta o produto para a China, todos os estados do Nordeste estão sendo impactados com a situação.

Em Alagoas, estado cuja importação de carnes para atender à demanda interna supera a exportação do produto, os efeitos do embargo são sentidos no valor do boi. “Nos últimos dias, houve uma redução significativa no valor da arrouba no mercado local. Por isso, há produtores que estão retendo o boi no pasto à espera de um equilíbrio no preço”, comenta o presidente da Associação dos Criadores de Alagoas, Domício Silva.

Corroborando a percepção do presidente da Associação dos Criadores de Alagoas, o Imac confirma que, só nas últimas semanas, a arroba do boi caiu cerca de 20%. “A baixa afeta de início os invernistas, criadores que adquirem animais para a engorda. Com custo de produção em alta e o valor da arroba em queda, eles estão tendo prejuízos”, explica o presidente da Associação dos Criadores de Nelore do Nordeste, Ricardo Kühni.

Vale lembrar que na tentativa de resolver o impasse, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, cogitou viajar a China na semana passada, mas recuou da decisão diante da sinalização do governo chinês de que a situação seria resolvida em breve. Enquanto isso, o mercado nacional segue estudando outros mercados para tentar se desvincular da dependência comercial com o país asiático.

Perspectivas

Segundo o Instituto Mato-Grossense de Carne (Imac), caso as exportações não sejam retomadas em curto prazo, com maior oferta de carne no mercado interno, a perspectiva é que o preço da carne reduza no mercado local.  “O varejo é o setor que mais demora para repassar essa queda de preço ao consumidor. Pode levar mais tempo para que a desvalorização no campo e no atacado possa ser verificado nas gôndolas dos supermercados”, explica o diretor de operações do Imac, Bruno Andrade.

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