Bahia, Ceará e suas capitais, Salvador e Fortaleza, além de Maceió e Recife também ficarão sem festas de rua este ano. No bloco, entrou até o famoso carnaval de Olinda e seus bonecos gigantes
Etiene Ramos
O governador da Bahia Rui Costa (PT), foi um dos primeiros a considerar a inviabilidade do Carnaval baiano, um dos mais concorridos e rentáveis do país. “Se, no início de dezembro, estava difícil fazer o carnaval, agora ficou impossível. Só uma pessoa completamente irresponsável autorizaria o carnaval nessas condições. Nós continuamos tendo mortes pelo coronavírus e passamos a ter mortes por outro vírus da gripe”, declarou Costa, no último dia 23 de dezembro.
A posição do governador foi apoiada pelo prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM). Ele já havia falado sobre a necessidade de se avaliar a realização da festa depois que vários artistas e blocos declararam que não iriam participar, alegando a preocupação com a pandemia e o surto de influenza. Embora a prefeitura de Salvador ainda não tenha emitido nota oficial sobre o cancelamento do Carnaval de 2022, a tendência é que não aconteça até “porque, sem o apoio do governo do Estado, não haveria policiamento”, diz uma fonte ligada ao governo municipal.
Mesmo com vacinação em curso, ainda é alto o número de pessoas não vacinadas em todos os estados, o que reduz a segurança para festas de rua e leva outros governos municipais e estaduais a anunciar o cancelamento do Carnaval.
No final desta quarta (5), foi anunciada a suspensão da festa em todo o estado do Ceará e em três capitais: Recife, Fortaleza e Maceió. Pela manhã o prefeito de Olinda, Professor Lupércio, também anunciou que este ano a cidade pernambucana não terá o seu famoso carnaval de rua, deixando de receber milhares de turistas do Brasil e do exterior pelo segundo ano consecutivo. Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, foi mais uma cidade de grande porte a cancelar o Carnaval de 2022, por causa do aumento de casos de covid e de influenza.
O governador do Ceará, Camilo Santana, decretou não só o Carnaval mas também os eventos pré-carnavalescos e reduziu a capacidade de pessoas em casamentos, formaturas, aniversários e eventos corporativos, por 30 dias, a partir desta quinta-feira (6). Eventos fechados estão limitados a 250 pessoas e os abertos a 500 pessoas.
O prefeito de Fortaleza, José Sarto, usou as mídias sociais para reforçar o anúncio da suspensão do carnaval, feito em 30 de novembro passado. Segundo ele, os quase R$ 14 milhões previstos para o Ciclo Carnavalesco serão destinados à segurança alimentar, saúde e apoio à cultura. “Diante do atual cenário de aumento de casos de síndrome gripal e de covid-19, não há dúvidas de que essa é a decisão mais acertada”, concluiu.
Já a Prefeitura do Recife anunciou a suspensão das programações oficiais para o Carnaval 2022, que deveriam acontecer entre 25 de fevereiro e 5 de março deste ano. “A decisão acontece de forma responsável, pois, a despeito da cidade já apresentar mais de 83% de toda a população acima de 12 anos com esquema vacinal completo em relação à covid-19 e não apresentar aumento de casos novo coronavírus, o Recife enfrenta um crescimento expressivo de casos de gripe e entende, como sempre, que a prioridade deste – e de qualquer momento – sempre será a preservação da saúde e da vida”, diz nota divulgada pela gestão do prefeito João Campos (PSB).
Maceió também ficará sem Carnaval oficial pelo segundo ano seguido. O prefeito da capital alagoana, João Henrique Holanda, o JHC (PSB-AL) anunciou a decisão hoje (5) à tarde, com postagem nas redes sociais. “Já passamos por diferentes fases na pandemia. Infelizmente ela ainda não acabou. Com isso, a Prefeitura decidiu cancelar o Carnaval deste ano. Decisão necessária e baseada na consulta a especialistas em saúde pública”, escreveu o prefeito no seu perfil do Twitter.
O aumento dos casos de Covid-19 e da influenza justificam a decisão de JHC que deve ser seguida pela maior parte dos municípios alagoanos ou mesmo todos, como ocorreu em 2021.
Indefinições
Ainda sem prazo para anunciar sua decisão, a Prefeitura de João Pessoa diz em nota que “ainda não tem um posicionamento oficial sobre o Carnaval. Ele continua sendo planejado, mas vai depender da situação epidemiológica do município”.
A Prefeitura de Aracaju também não decidiu ainda “pela realização de eventos de grande porte na capital sergipana em 2022, a exemplo dos festejos carnavalescos. De acordo com a gestão municipal, a transmissão comunitária de novas variantes do coronavírus ainda requer de toda a população a manutenção de cuidados preventivos”, afirmou em nota ao Movimento Econômico. A nota continua informando “que o Município segue analisando diariamente os boletins epidemiológicos elaborados pela Secretaria Municipal da Saúde para a adoção de medidas de flexibilização das restrições impostas para o controle da pandemia de covid-19”.
