
O mercado de vinhos no Brasil está passando por uma transformação significativa, impulsionada pelo crescente protagonismo das mulheres. Segundo o relatório IWSR Brazil Wine Landscapes 2025, em 2024 as mulheres representaram 53% do mercado consumidor de vinhos no país, um aumento de 6% em relação a 2019. Esse crescimento não apenas reflete um aumento no consumo total, mas também uma mudança nas faixas etárias das consumidoras.
A maioria das mulheres que consomem vinho ainda tem entre 25 e 44 anos, mas o destaque fica por conta da participação feminina na faixa etária de 55 a 64 anos, que passou de 14% em 2019 para 19% em 2024. Isso marca uma transformação no perfil das consumidoras brasileiras, que deixaram de ser vistas como consumidoras ocasionais para se tornarem protagonistas do mercado.
O protagonismo feminino na busca por vinhos está contribuindo para uma mudança no padrão de consumo. De acordo com a Ideal BI, em 2020, 70% dos consumidores brasileiros preferiam vinhos tintos, mas em 2024 essa proporção caiu para 61%. Houve um aumento significativo na demanda por vinhos brancos (20%) e rosés (8%). As mulheres são mais propensas a experimentar rótulos diferentes, o que reflete uma transformação cultural mais ampla.
Laura Barros, diretora de Marketing do Grupo Wine, comenta que as mulheres estão desafiando estereótipos de consumo e reescrevendo as narrativas do vinho. Elas buscam opções mais inovadoras e conscientes no mercado. O Clube Wine, por exemplo, já conta com quase metade de sua base de sócios composta por mulheres, além de contribuir substancialmente com o volume total de pedidos.
Mulheres protaganistas
No mundo dos vinhos, as mulheres também estão deixando sua marca. A argentina Susana Balbo é uma das figuras mais influentes do setor. Primeira enóloga da Argentina, ela foi responsável por transformar a viticultura do país e levar os rótulos argentinos a um novo patamar internacional. Seu trabalho pioneiro com a uva Torrontés lhe rendeu o título de “Rainha do Torrontés”, consolidando sua reputação como uma das maiores especialistas da indústria.
Outro importante nome é o da uruguaia Fabiana Bracco, que está à frente da vinícola Bracco Bosca. Vinda de uma família de viticultores, ela transformou a vinícola em um projeto sustentável e inovador, expandindo sua presença para mais de 21 países e elevando a qualidade dos vinhos produzidos. Seu rótulo Gran Ombú Cabernet Franc foi eleito o melhor do Uruguai por cinco anos consecutivos, exemplificando o sucesso desse trabalho.
Destaques no Brasil

No Brasil, Janaína Massarotto é um nome muito importante no setor. Ela foi a primeira enóloga brasileira a fundar sua própria vinícola. Nascida em Flores da Cunha, Janaína lançou a Vinícola Marzarotto em 2017 e tem se destacado pela produção de vinhos de alta qualidade e pela valorização do terroir nacional.
Outra figura importante é Gabriela Potter. Agrônoma, enóloga e diretora técnica da Vinícola Guatambu, localizada na Campanha Gaúcha, Gabriela começou a trabalhar com uvas na fazenda da família nos anos 2000, transformando a propriedade em uma das vinícolas boutique mais renomadas do país. Reconhecida por sua expertise e inovação, ela também desempenha um papel importante no enoturismo da região, promovendo o vinho brasileiro em um mercado competitivo.
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