A chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos trouxe mudanças marcantes na política externa americana, destacando a relevância da diplomacia em um cenário global de tensões crescentes. A nova administração busca redefinir as prioridades internacionais, enfatizando a supremacia econômica dos EUA.
Nesse contexto, Trump afirmou recentemente que o Brasil depende mais dos Estados Unidos do que o contrário. Mas será que essa visão corresponde à realidade? Segundo o professor e cônsul de Malta, Thales de Castro, essa dependência é menos evidente. “Embora os Estados Unidos sejam um parceiro estratégico e um mercado relevante, o Brasil diversificou suas parcerias econômicas ao longo das últimas décadas, especialmente com China e Rússia, que desempenham papéis fundamentais em setores-chave como agronegócio e tecnologia.”
Essa diversificação é evidente nos números: no primeiro semestre de 2024, as exportações brasileiras para a China somaram US$ 51,9 bilhões, representando 30,9% do total exportado pelo Brasil. No mesmo período, as exportações para os Estados Unidos alcançaram US$ 19,2 bilhões. Esses dados colocam em dúvida a percepção de que o Brasil é fortemente dependente dos EUA, como Trump sugere.
No entanto, a crescente aproximação com a China pode intensificar tensões com a administração Trump. O Brasil exporta volumes significativos de soja, açúcar e café para os EUA, além de aeronaves da Embraer e produtos de alta tecnologia. Qualquer atrito diplomático ou comercial pode resultar em sobretaxas ou barreiras econômicas, prejudicando setores estratégicos da economia brasileira.
Diplomacia Estratégica e Relações com os EUA
Neste cenário, a diplomacia ganha um papel ainda mais crucial. Segundo Thales de Castro, a nomeação de Marco Rubio como secretário de Estado reforça uma política externa americana mais rígida e potencialmente adversa aos interesses do Brasil. Filho de cubanos e crítico ferrenho ao socialismo, Rubio já sinalizou que adotará uma postura de vigilância mais intensa sobre os países da América Latina.
Tensão entre EUA e Colômbia
Um exemplo dessa abordagem mais rigorosa é a recente tensão entre Estados Unidos e Colômbia em relação ao envio de deportados. A situação evidencia o tom que Trump pretende adotar com nações latino-americanas não alinhadas à sua visão política. O Brasil, que por sua vez enfrentou problemas semelhantes, manteve uma postura mais moderada em relação ao tema, buscando evitar conflitos diretos.
Guerra Quente
Para Thales de Castro, o Brasil precisará fortalecer sua posição no cenário global, equilibrando relações com os EUA e outras potências como a China. “Não é mais possível jogar com a mesma dinâmica de dependência“, afirma o professor, destacando que o ambiente internacional atual, descrito como uma “nova guerra quente”, pressiona os países a se alinharem com blocos de poder.
Neutralidade estratégica
Para o Brasil, que busca manter uma neutralidade estratégica, esse cenário apresenta tanto desafios quanto oportunidades. Thales observa que, apesar das tensões, existem possibilidades de avanços: “Os Estados Unidos ainda enxergam no Brasil um mercado valioso, e essa relação pode ser fortalecida por meio de negociações bem conduzidas. Além disso, o setor privado brasileiro tem um papel central ao explorar novos mercados e melhorar a competitividade dos produtos nacionais.”
IA chinesa causa alvoroço
A inteligência artificial chinesa está mostrando que inovação não depende apenas de recursos robustos. O lançamento do modelo DeepSeek-R1, desenvolvido por uma empresa pouco conhecida da China, chamou a atenção global ao alcançar resultados comparáveis aos obtidos pelos gigantes tecnológicos dos Estados Unidos, mesmo utilizando hardware mais barato.
Mercado em alvoroço
O lançamento gerou um impacto significativo no mercado financeiro. As ações da Nvidia, principal fornecedora de hardware para IA, registraram uma queda de mais de 11% no pré-mercado da Nasdaq, refletindo a preocupação dos investidores com a possibilidade de novas tecnologias de IA não precisarem de tantos recursos como se estimava antes. Porém, a DeepSeek ainda é envolta em mistério. Há quem questione os valores de treinamento do modelo, algo em torno de US$ 5 a 6 milhões.
CREA-PE
Mychel Cosme de Almeida Paes Barreto e Jefferson Henrique Silva Araújo tomam posse nesta quarta-feira como presidente e vice-presidência, respectivamente, no Conselho Regional de Administração de Pernambuco (CRA-PE). A cerimônia de posse será no auditório da Faculdade Católica Imaculada Conceição do Recife (FICR), a partir das 18h.
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