O pagamento do 13º salário deve injetar R$ 50,88 bilhões na economia da região Nordeste do Brasil neste fim de ano. A estimativa foi divulgada pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos (Dieese), que calcula que cerca de 19 milhões de nordestinos recebam o benefício, com um valor médio estimado em R$ 2.298,80 por trabalhador. O montante é significativo para a economia regional, funcionando como uma alavanca para o consumo, o pagamento de dívidas e o estímulo ao comércio e serviços.
Entre os nove estados nordestinos, a Bahia lidera em termos de impacto econômico. O estado deve distribuir R$ 13,1 bilhões, beneficiando pouco mais de cinco milhões de trabalhadores. É o único estado da região que ultrapassa a marca de R$ 10 bilhões, refletindo o peso de sua economia e população. Em segundo lugar, aparece Pernambuco, com uma estimativa de R$ 9,4 bilhões, seguido pelo Ceará, com R$ 8,2 bilhões.
Os demais estados apresentam contribuições mais modestas. Alagoas, Maranhão, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe apresentam montantes abaixo dos R$ 5 bilhões cada um. Sergipe, especificamente, é o estado com o menor impacto total, com R$ 2,2 bilhões previstos. Apesar disso, se destaca por apresentar a maior média de benefício por trabalhador de carteira assinada, alcançando R$ 2.456,53.
Pernambuco ocupa a segunda posição, com uma estimativa de R$ 2.455,09. A diferença entre os dois primeiros colocados é de apenas R$ 1,44, o que demonstra uma distribuição próxima entre eles. No outro extremo, Piauí apresenta a menor média entre os estados do Nordeste, com R$ 2.096,74 por trabalhador. A diferença entre Sergipe, no topo, e Piauí, na última posição, chega a R$ 359,79, o que destaca as desigualdades internas na região.
13º salários: quitação de dívidas versus festividades
O pagamento do 13º gera grande expectativa para o comércio de bens, serviços, turismo, bares e restaurantes. O momento é de aumento nas compras, levando consequentemente a um crescimento nas vendas impulsionado pelos presentes e pelas festividades de final de ano. O trabalhador, dispondo de um maior poder aquisitivo, vai tender a gastar mais na economia, desde compras de alimentos a vestuário, perfumes e até mesmo refeições fora de casa.
Mas, como detalha o economista Sandro Prado, esse momento deve ser aproveitado com “sobriedade” para, além da quitação de dívidas, organizar os gastos já programados para o começo de 2025.
“De cinco pessoas, cerca de quatro declaram ter alguma dívida. Caso o trabalhador não tenha dívidas, seria recomendável guardar essa parcela como reserva para despesas extras previstas para o início do ano, como IPTU, que chega em janeiro, ou IPVA, além de gastos com rematrícula dos filhos e compra de material escolar, que são muito elevados.”
As empresas têm até o dia 30 para pagar a primeira parcela do 13º. A segunda deve ser paga ao trabalhador até o dia 20 de dezembro. Essa sim, “pode ser mais apropriada para as festividades, como compras de alimentos para o Natal e para o Réveillon, presentes ou itens para casa que beneficiem a família.”
Após as festas, o ideal é que as pessoas entrem em 2025 com as contas equilibradas, sem a chamada “ressaca financeira”, lembra o economista.
“Momentos como Black Friday e as festas natalinas são um dos melhores períodos para o comércio, ao lado de datas como o Dia das Mães e o Dia dos Namorados. São ocasiões em que há uma injeção significativa de dinheiro na economia, beneficiando vários setores. Mas é essencial quitar dívidas e evitar parcelamentos, para começar o ano sem comprometer o orçamento.”
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