Os credores do Grupo João Santos (GJS) aprovaram o plano de Recuperação Judicial da companhia em assembleia geral realizada nesta terça-feira (05). A decisão veio após o fracasso da primeira reunião virtual, realizada no último dia 29 de outubro, que não alcançou o quórum
necessário para aprovar o plano apresentado pela companhia. O plano contou com aval de 58,86% dos credores presentes.
Na abertura da assembleia, os representantes do grupo empresarial apresentaram nova proposta indicando o dobro do valor a ser pago aos credores trabalhistas. Anteriormente, o grupo já havia firmado o maior acordo de transação tributária do país com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), que está assegurando a quitação do FGTS a mais de 20 mil trabalhadores.
Segundo seus representantes, a nova proposta foi resultado do aprofundamento do diálogo entre os credores e a nova gestão do GJS, iniciada em agosto de 2022, quando a companhia passou a ser liderada por executivos de mercado. O processo nº 0169521-37.2022.8.17.2001, referente à recuperação judicial do Grupo João Santos, tramita na Seção B da 15ª Vara Cível de Recife.
Desde então, foram reativadas duas unidades fabris, passando o Grupo a contar hoje com quatro fábricas em operação. Para o próximo ano, a expectativa é o reinício de funcionamento de mais dois parques industriais, caminhando para a retomada de seu protagonismo na indústria do cimento.
O advogado Gustavo Matos, sócio do Matos Advogados, escritório que conduz o processo, comenta a nova fase. “A votação alcançada reflete o resultado de intensas negociações com os diversos agentes interessados no conjunto de negócios que integram o Grupo”, afirma.
Já o economista João Rogério Filho, da PPK Consultoria e responsável pela estruturação econômico-financeira do plano apresentado, destaca a importância da vitória para o crescimento do GJS. “O reperfilamento do passivo perante entes públicos e privados é mais um importante passo no novo momento desse importante Grupo Industrial”, ressalta.
Os copresidentes do Grupo João Santos, Guilherme Rocha e Nivaldo Brayner, convergem no entendimento de que a decisão “é um importante momento que fortalece o nosso ânimo e confiança na correção das medidas para o enfrentamento aos desafios que ainda se apresentam. Podemos afirmar que um novo tempo chegou para o Grupo João Santos”.
Mudança na gestão do grupo
O Grupo João Santos enfrentou uma mudança de gestão a partir de agosto de 2022 e teve seu processo de recuperação judicial iniciado no final de dezembro daquele ano, quando começou um trabalho minucioso de levantamento do patrimônio, dos credores, do passivo e dos ativos. Com pouco mais de um ano de trabalho, o grupo retomou a operação de duas fábricas, somando quatro em atividade em 2023, o que resultou num faturamento de R$ 1 bilhão.
As atividades do grupo no segmento sucroalcooleiro foram iniciadas em 1934, na cidade de Goiana, em Pernambuco, ampliando os segmentos de atuação a partir de 1951 com a fundação da fábrica de Cimento Nassau, marca reconhecida nacionalmente. Anos depois, mais cinco fábricas foram incorporadas nos estados de Pará, Bahia, Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará e Espírito Santo. Depois ampliou a atuação para segmentos de celulose, agronegócios, comunicação e serviços como taxi aéreo e logística.
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