Uma articulação rápida do PSB na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) alterou a linha da suplência do partido na Casa e provocou reação em cadeia que vai muito além de uma simples convocação de um substituto para a vaga do deputado José Patriota, morto no último dia 17, vítima de câncer. A manobra que transformou Junior Matuto em deputado, de uma só vez, mexeu na sucessão de Paulista, retirou o que poderia ser o primeiro deputado do PSD no Legislativo estadual e, de quebra, acabou atingindo a governadora Raquel Lyra.
Após a morte de Patriota, o presidente da Alepe, Álvaro Porto, decretou luto oficial de cinco dias. Na última terça-feira (24), quando o prazo chegou ao fim, Porto declarou a vacância da cadeira na sessão à tarde e, no início da noite, deu posse a Matuto. Tudo muito rápido, sem espaço para contestação.
Isso porque o primeiro suplente do PSB era o vereador do Recife Davi Muniz. Acontece que ele deixou o ninho socialista e se abrigou no PSD, partido aliado da governadora. Seria um voto certo para Raquel Lyra na Assembleia, onde ela sempre enfrenta problemas para aprovar as matérias do seu interesse. O entendimento era de que Muniz iria assumir, mas perderia o mandato na Justiça, numa disputa que poderia se estender por alguns meses.
No entanto, o PSB se apressou e enviou ofício à presidência da Alepe reivindicando o espaço para Junior Matuto. O pedido foi enviado para a Procuradoria da Casa, que se posicionou a favor da solicitação, abrindo caminho para a posse do segundo suplente do partido. Uma análise rapidíssima.
Matuto trava disputa difícil
Candidato a prefeito de Paulista, Junior Matuto trava uma disputa difícil contra Ramos (PSDB), que, aos poucos, vem ganhando espaço na sucessão do município, inclusive aparecendo na frente em pesquisas de opinião. Ao assumir o mandato, o socialista ganhou novo fôlego para a disputa, que caminha para ir ao segundo turno.
Além de disputar como deputado, cargo que dá um verniz de importância, Matuto ganha o apoio fervoroso do prefeito de Garanhuns, Sivaldo Albino (PSB), cujo filho, Cayo, é o próximo na linha da suplência socialista. Com a reeleição encaminhada com certa tranquilidade contra o líder do Governo Raquel na Alepe, Izaías Régis, Sivaldo poderá ajudar o correligionário na disputa e, com isso, levar o filho a ocupar uma cadeira na Alepe por pelo menos dois anos.
Candidato à reeleição na Câmara do Recife, Davi Muniz afirmou que vai recorrer da decisão do comando da Alepe de retirá-lo da linha da suplência do PSB. Mas mesmo que inicialmente obtenha a vitória temporária, em dezembro teria que tomar a decisão de brigar pela vaga de deputado ou, em caso de vitória, assumir um novo mandato completo de vereador.
Alheio a isso, Junior Matuto mira na disputa do próximo dia 6 e, no muito provável de segundo turno, estruturar a campanha com o reforço que o gabinete da Alepe pode dar.
Ou seja, a disputa em Paulista que estava morninha, ganhou temperatura de ebulição, com a disputa entre o PSDB da governadora Raquel Lyra, que já esteve duas vezes no município no período eleitoral, e o PSB do prefeito do Recife e candidato à reeleição, João Campos, no que pode ser a principal prévia do confronto pelo Governo do Estado, em 2026.
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