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Novo economista-chefe do BNB quer acelerar desenvolvimento sustentável

Novo economista-chefe, Rogério Sobreira atua com financiamento do desenvolvimento sustentável, obrigatoriedade para a distribuição dos recursos do FNE 2025 pelo BNB a parceiros
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Sobreira assumiu a função em 26 de agosto. O cargo de economista-chefe era ocupado anteriormente por Luiz Alberto Esteves, atual executivo sênior no Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe. Foto: Divulgação/Banco do Nordeste

O Banco do Nordeste (BNB) anunciou Rogério Sobreira como o novo economista-chefe da instituição. Ele foi eleito de forma unânime pela Alta Gestão do BNB para ocupar o cargo, que estava vago desde novembro do ano passado. Ao final, a morosa decisão, que levou oito meses para ser concluída, justificou-se provando um timing certo.

Uma semana depois da escolha de Sobreira, que é especialista em financiamento do desenvolvimento sustentável, o BNB divulgou, na terça-feira (3), que os recursos destinados ao banco pelo Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) em 2025, um total de R$ 47,29 bilhões, deverão ser distribuídos obedecendo aos critérios do Plano de Transformação Ecológica (PTE) do Governo Federal.

Mas, apesar de ter experiência administrativa da época que atuava no Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), quando foi diretor financeiro de gestão de crédito, de fevereiro de 2015 a maio de 2019, Sobreira não participará da alocação de recursos do FNE.

Ao economista-chefe caberá, apenas, “acompanhar os elementos que condicionam a materialização dessa política, que envolvem tanto os de ordem macroeconômica como os de ordem mais microeconômica”, como ele salienta. “Entender e acompanhar a evolução da macroeconomia da região, no agregado, nos estados em particular. Com certeza a gente vai ter esse papel de apoio.”

Assim será porque um economista-chefe tem função de assessoramento. Não é um cargo de caráter mandatório. É um “saudável e permanente debate” com a alta direção do banco, como enfatiza Sobreira, que acompanhará a progressão da economia mundial, brasileira e da região Nordeste. Ele auxiliará na tomada de decisões e na definição de políticas estratégicas do banco.

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Além da própria expertise acumulada durante seus 35 anos de atuação, Sobreira contará com o apoio do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), uma espécie de grupo de pesquisa do banco, responsável por elaborar, promover e difundir estudos, levantamentos e outras informações socioeconômicas. Mas Sobreira não pretende se ater somente a fontes internas.

Ele entende que a tomada de decisão deve partir de múltiplas fontes. “O Etene traz informação, eu trago informação para o Etene. Há um processo riquíssimo de troca de conhecimento e informação aqui.”

Quem é Rogério Sobreira

Antes de acumular experiência em áreas voltadas ao mercado, Sobreira atuou de forma mais acadêmica. Além de ter sido professor universitário durante 22 anos, foi Diretor Adjunto do Departamento de Análise de Políticas Públicas (DAPP) da Fundação Getulio Vargas (FGV). Também foi head de pesquisa na mesma instituição.

A vivência entre os dois mundos confere a Sobreira uma visão particular. “Na academia, tive uma experiência relacionada à teoria econômica, mas também uma experiência relacionada à aplicação dessa teoria”. Ele poderá com facilidade “fazer essa tradução” do que as pesquisas produzidas pelo Etene têm a dizer aos membros da Alta Direção do Banco.

“O Etene traz para mim a capacidade de mergulhar muito profunda e detalhadamente na região. Isso é extremamente importante para tornar mais efetivo este apoio. É importante conhecer a região e sua evolução, mas, ao mesmo tempo, é importante que este conhecimento seja transmitido para o apoio à tomada de decisão pela Alta Direção, mas de uma forma distinta de como este conhecimento é apresentado na academia.”

Rogério deixou de lecionar em 2015, quando se tornou membro suplente do Conselho de Administração e Coordenador do Comitê Financeiro da Light, operadora de energia da capital e cidades da região metropolitana do estado do Rio de Janeiro. Também foi em 2015 que acumulou funções administrativas no BDMG.

Na Light, Sobreira permaneceu até abril de 2018. No BDMG, Rogério aumentou o faturamento do banco em mais de R$ 16 milhões de agosto de 2018 a março de 2019 através da implementação de uma negociação proprietária.

Também reduziu as despesas de provisionamento para menos de 10% do patrimônio líquido do banco em 2018 e também cresceu a recuperação das perdas com empréstimos para mais de 11% das receitas líquidas totais.

Ao sair do banco, Rogério fundou a Navigator Inteligência em Investimentos, empresa que oferece análises macroeconômicas, de investimentos e de portfólio sobre empreendimentos. Em julho de 2021, tornou-se consultor independente da empresa alemã GFA Consulting Group, uma das principais consultorias europeias ativas no setor de cooperação para o desenvolvimento.

Mas desde quando assinou o Termo de Posse de economista-chefe junto ao BNB no último dia 26, Rogério tem se dedicado exclusivamente à função, a qual assumiu de imediato. É “impossível conciliar” com as atividades que realizava até meados do mês passado.

Indústria e cultura

Rogério é pernambucano, mas sua construção de carreira aconteceu majoritariamente em terras fluminenses. Graduado em Economia em 1986 pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o executivo deu continuidade à sua formação no Rio de Janeiro obtendo o título de PhD em Economia pela UFRJ em 2002. O grau de mestre foi pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 1995.

“Por muito tempo, eu fui professor de economia e finanças, e depois que eu resolvi migrar para o mundo não acadêmico. Eu sempre trabalhei com questões relacionadas a desenvolvimento econômico, principalmente financiamento do desenvolvimento, e depois acoplando aqui a dimensão da sustentabilidade, isto é, o financiamento do desenvolvimento sustentável.”

Por isso, a definição de desenvolvimento para Sobreira é singular. Não é algo que “se restringe a fatores econômicos e materiais”, mas que “inclui aspectos culturais e sociais, que são igualmente importantes para o progresso de uma região”.

“Numa instituição como o Banco do Nordeste, quando se fala em desenvolvimento, estamos falando em investimentos”. Mas “não no sentido literal”, e sim “no mais metafórico mesmo, porque envolve desde investimentos em plantas, fábricas, etc., até cultura, por exemplo, que é uma dimensão fundamental para o desenvolvimento.”

Mas apesar de questões de sustentabilidade serem “um desafio” e, “muitas vezes, um limite”, eles “precisam ser suplantados”. Rogério de agregar “os objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU e da Agenda 2030” a suas considerações.

Mudança para o BNB

O PhD em economia e novo economista-chefe do Banco do Nordeste substitui o economista Luiz Alberto Esteves, que atuou na instituição de 2016 a 2023. Em novembro do ano passado, Esteves foi convidado a assumir o posto de executivo sênior no Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe.

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