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Térmicas e falta de infraestrutura no transporte de energia vão deixar a conta mais cara

Na última estiagem em 2020/2021, algumas eólicas do Nordeste tiveram que produzir menos por falta de linhas para transportar a energia.
A estiagem que está ocorrendo no Centro-Sul está levando o governo a acionar mais térmicas e falta infraestrutura para o Nordeste enviar mais energia para as outras regiões. Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

O Brasil está com uma capacidade maior de gerar energia – principalmente eólica e solar -, mas a receita para enfrentar a estiagem que está ocorrendo no Centro-Oeste/Sudeste do País está sendo a mesma de 2020: acionar as térmicas para poupar a água dos reservatórios das hidrelétricas nas duas regiões, o que vai encarecer a conta de energia. “É um cenário estranho. Estão cortando (diminuindo) a geração de energia eólica e solar e aumentando a geração térmica”, resume o consultor e CEO da Carpe Vie Engenharia, Alecio Barreto Fernandes.

Na citação acima, cortar significa diminuir a geração de energia eólica e solar, que está ocorrendo, praticamente, todos os dias, segundo o consultor. Isso significa que as empresas de geração solar e eólica estão ganhando menos, porque estão produzindo menos para cumprir estes cortes de geração feitos pelo sistema.

Alécio explica que os cortes de geração de energia podem ocorrer durante a manhã para controlar a frequência do sistema elétrico e durante o dia para controlar o limite de intercâmbio, a quantidade de energia que uma região pode enviar para outra (região) de forma segura.

“Os limites existem em função da infraestrutura de transmissão disponível. Se tivessem mais linhas de transmissão, esses limites seriam maiores e seria mais aproveitada a geração eólica e solar do Nordeste”, explica Alécio, acrescentando que ambas sairiam mais baratas do que as térmicas. Ambas as gerações não pagam pela matéria-prima, enquanto as térmicas usam gás natural ou diesel para produzir energia.

Além das questões já citadas acima, também contribuem para este cenário o próprio sistema elétrico que é complexo e as especificidades da geração solar e eólica. “A produção de energia solar cai no final da tarde e não há como garantir a previsibilidade da geração de uma eólica”, explica Alecio. Portanto, estes dois motivos também fazem o governo federal preferir acionar as térmicas. A geração fotovoltaica tem como matéria-prima a radiação solar – que quase desaparece à noite – e a eólica, os ventos que podem parar num determinado momento. E, para completar, o final da tarde e começo da noite formam o horário de maior consumo de energia no Brasil.

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“Só existem duas gerações que são despacháveis no Brasil: a hidráulica e a térmica”, comenta Alécio. Isso significa que estes dois tipos de geração podem entrar na hora exata que o operador despachar (mandar) elas começarem a produzir.

Faltam linhas de transmissão para transportar energia

Ele cita também que atualmente há momentos em que o Nordeste tem muita geração, pode exportar energia, mas isso não ocorre, por causa dos limites em função da infraestrutura de transmissão de energia. Ou seja, se houvesse uma infraestrutura melhor de transmissão os brasileiros poderiam pagar por uma energia mais barata, como a éolica e solar, para enfrentar este momento de escassez de água nos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste, Centro-Oeste e Norte.

Mais de 70% das térmicas do Sistema Interligado Nacional (SIN) estão produzindo energia no Brasil. “A energia vai ficar mais cara, mas não dá pra ter ideia de quanto. Ano que vem, a conta chega”, diz Alécio. Em janeiro de 2021, algumas eólicas do Nordeste também deixaram de gerar energia por falta de infraestrutura para transportá-la. Em 2020, também ocorreu uma estiagem no Centro-Sul do País e uma grande quantidade de térmicas foi acionada.

A situação só não é a mesma de 2001, quando os reservatórios do Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste sofreram as consequências de uma grande estiagem. Na época, as hidrelétricas do Norte poderiam enviar energia para as demais regiões, mas isso não foi possível porque não existiam linhas de transmissão e o País também não tinha o parque de geração térmica que tem hoje. Resultado: O Brasil passou nove meses com racionamento, que era a suspensão programada do serviço de energia, paralisando as atividades industriais e comerciais, entre outras.

Agora, não se cogita um racionamento de energia. Mas há solução para este problema a curto prazo ? Alécio responde que não. No longo prazo, ele cita que a solução passa pela construção de mais linhas de transmissão e de uma integração maior entre a geração eólica e solar. “Toda vez que ocorre uma seca, a luz vermelha acende”.

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