Consolidado como um dos principais centros produtores dessa indústria no Brasil, o Polo de Confecções do Agreste está fazendo escola literalmente: se tornou um modelo de negócio que começa a ser copiado em diversas áreas do Nordeste. Na Zona da Mata de Pernambuco, a ONG Giral criou até um curso para replicar as lições de sucesso e resiliência do cluster que tem Caruaru como principal cidade.
Para viabilizar a iniciativa, a organização não-governamental conseguiu atrair um patrocinador de peso: a Brasilseg, empresa da BB Seguros, holding que concentra os negócios do Banco do Brasil na área de securitização.
A parceria, voltada para garantir uma alternativa econômica a mulheres historicamente ligadas à agricultura familiar e à indústria da cana-de-açúcar, evoluiu para um projeto com estrutura física: a Escola de Moda Giral, localizada no município de Glória do Goitá, a 65 km do Recife.
O local, que também passa a sediar a ONG em Glória do Goitá (PE), tem um endereço – Rua das Orquídeas, bairro Santa Felicidade – que remete a estampas de flores e a uma mudança de vida.
A inauguração do espaço acontece nesta quinta-feira (20), às 9h, com a presença da primeira turma, formada por 60 alunas, com idade entre 60 e 80 anos.
O professor de Corte e Costura Jhonne Cleibison afirma que a trajetória dessas mulheres tem vários pontos de intersecção. São histórias que se cruzam na limitação de crescimento profissional e pessoal e na dificuldade para a realização de um mesmo sonho. Todas tinham como projeto se tornarem costureiras, mas não contavam com dinheiro suficiente para comprar o equipamento necessário.
“Outro ponto em comum entre essas futuras empresárias é a descoberta de que a idade não é um obstáculo para que esse sonho da juventude se concretize”, destaca Jhonne Cleibison.
CEO da Brasilseg vem conhecer “escolinha do Polo do Agreste”
O CEO da Brasilseg, Amauri Aguiar de Vasconcelos, também participa da abertura da Escola Giral. Ele veio a Pernambuco conhecer a escola e conferir como a empresa está contribuindo para esse projeto, que, fazendo jus à localidade, ganhou o nome de Vida Feliz.
O principal apoio da Brasilseg, até o momento, é a aquisição das 40 máquinas de costura industrial, de última geração, que serão utilizadas nas oficinas da escola.
O que o Polo de Confecções tem a ensinar?
O presidente da Giral, Leonildo Moura, explica que o objetivo da escola não é apenas prover ensino técnico na área de modelagem, corte e costura. Segundo ele, a lição mais importante do Polo do Agreste está no legado de empreendedorismo e capacidade de organização, já que o centro fabril e comercial surgiu a partir de uma feira, a da Sulanca, no centro de Caruaru.
O ambiente caótico dos primórdios da feira, graças a mobilização, articulação, determinação e visão de negócio dos vendedores, se transformou em um polo de confecções e de varejo que fatura em torno de R$ 5,6 bilhões e tem uma área de influência que extrapola Pernambuco, incluindo os estados vizinhos.
No mercado pernambucano, fazem parte do cluster 26 municípios, que, por meio da mobilização de 350 mil pessoas, produzem anualmente 350 milhões de peças. Os principais eixos desse ecossistema são as cidades de Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe.
“É essa mudança que esperamos ver na Zona da Mata”, diz Leonildo Moura. “Esperamos que, no futuro, essa escola resulte na criação de um grande ecossistema de moda”, conclui.
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