A BYD Brasil – subsidiária da greentech chinesa líder mundial em venda de veículos elétricos – dá mais um passo agressivo para a verticalização do seu negócio no Brasil, ao entrar no segmento de usinas solares. A gigante, que está investindo R$ 5,5 bilhões em um parque automobilístico na Bahia, anunciou uma parceria com a Raízen para a implantação de nove centrais desse tipo no país, das quais quatro no Nordeste.
O objetivo do acordo, cujo investimento não foi informado, é aumentar a oferta de energia limpa no mercado brasileiro, ponto fundamental para viabilizar o negócio da BYD – a mobilidade elétrica – como estratégia de descarbonização da economia.
Com a nova cartada, a BYD reforça, no Brasil, o modelo de negócio do grupo. Hoje um conglomerado de empresas na área de tecnologias sustentáveis, a multinacional é bastante verticalizada em algumas áreas, na contramão do paradigma da indústria automotiva criado pela Toyota a partir dos anos 1970 – o chamado toyotismo – calcado na terceirização.
O grupo, que nasceu como empresa de baterias e não de veículos, tem atualmente vários braços, no qual a mobilidade elétrica é apenas uma das divisões.
No Brasil, por exemplo, as operações da BYD incluem a mineração de lítio, geração, produção de veículos, fabricação de baterias, infraestrutura de carregamento para carros elétricos e hubs de recarga (em parceria com a Shell e Raízen), entre outras atividades.
Onde ficam as usinas da BYD Brasil no NE?
As plantas solares da BYD Brasil no mercado nordestino estão no Ceará – nos municípios de Betânia, Boa Viagem e Amontada – e no Rio Grande do Norte, em Ceará Mirim.
As demais unidades ficam situadas no Sudeste – sendo duas no Rio de Janeiro (em Fazenda São João e Goytacazes) e – e na região Norte (uma no Pará, em Santarém).
As usinas solares já estão em construção, mas só agoram foram divulgadas. A expectativa é de que entrem em operação já em maio próximo. A capacidade total projetada é de 26,5 megawatts (MW), o equivalente ao abastecimento mensal de 5,5 mil residências, com 27 mil pessoas.
A energia produzida por essas plantas será injetada na rede elétrica – a fim de ampliar a oferta para recarga de elétricos/híbridos. Em troca, a greentech receberá créditos das distribuidoras de eletricidade. A produção também será utilizada na rede de negócios da própria BYD Brasil e de parceiros da Raízen.
Como a BYD Brasil entra no negócio?
Adivinhe quem vai produzir os painéis fotovoltáicos para essas unidades? Sim, a própria BYD Brasil, que possui uma fábrica desse tipo de equipamento em Campinas (SP), onde conta ainda com uma usina solar dedicada em 100% a pesquisa e desenvolvimento.
A greentech, que iniciou a concepção do projeto das centrais no começo de 2023, também atua no acordo por meio de sua expertise na área de Engenharia, Compras e Construção – EPC na sigla em inglês para Engineering, Procurement and Construction.
Já a parceira é a Raízen Gera Desenvolvedora, uma das divisões da Raízen. Trata-se de uma joint venture entre a companhia sucroenergética e o Grupo Gera, que atua no desenvolvimento de projetos de geração distribuída.
“Essa aliança vem para comprovar e consolidar nossa expertise global no mercado de energia solar”, afirma Sócrates Rodrigues, diretor da BYD Energy.
BYD lança linha de carregadores no Brasil
Além de anunciar a união de forças com a Raízen na geração solar, a BYD lançou, nesta sexta-feira (22), em São Paulo, uma solução completa de carregadores para automóveis eletrificados. Com isso, a companhia, sempre ambiciosa, quer ganhar força no segmento de infraestrutura para a mobilidade sustentável no Brasil.
A linha tem equipamentos rápidos e ultra rápidos, para pontos de recarga residenciais e públicos. São dois carregadores de CA (corrente alternada) – de 7 e 22 KW/h – e os modelos CC (corrente contínua), de 60 kW, 120kW, 150KW, 180kW. Também integra o portfólio o Grid Zero (de até 210 kW), sistema que utiliza a mesma tecnologia das baterias da companhia.
“A BYD tem como missão incentivar o uso de tecnologias que não poluem. É fundamental investirmos e incentivarmos a melhoria da infraestrutura de carregamento para ampliar o acesso aos carros elétricos” diz o presidente da subsidiária brasileira, Tyler Li.
“O Brasil é um país de dimensões continentais e devemos espalhar a estrutura de recarga em todas as regiões e os carregadores da BYD vão ajudar a atingir esse objetivo”, conclui.
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