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Mercado de energia solar cresce com aumento da conta de luz

Por Etiene Ramos A crise hídrica do país pela falta de chuvas vem aumentando o custo da energia elétrica para os consumidores e se torna mais um incentivo para a transição da matriz energética brasileira, baseada na geração hidráulica, para outras fontes. A opinião é do diretor no Nordeste da Associação Brasileira de Geração Distribuída […]
Etiene Ramos
Etiene Ramos
Jornalista

Por Etiene Ramos

A crise hídrica do país pela falta de chuvas vem aumentando o custo da energia elétrica para os consumidores e se torna mais um incentivo para a transição da matriz energética brasileira, baseada na geração hidráulica, para outras fontes. A opinião é do diretor no Nordeste da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), Ananias Gomes. A entidade representa as empresas que vêm implantando as fontes renováveis, distribuídas pelas redes de transmissão do setor elétrico, e também o consumidor que usa o telhado de casa para gerar sua própria energia.

Ananias Gomes, da ABGD: “É a energia solar que vai ajudar o Brasil” – Foto: Divulgação

A energia solar fotovoltaica é a preferida entre o público residencial e empresarial. Neste segmento ela responde por 97,3% da potência instalada entre as fontes renováveis de geração distribuída no país, segundo a ABGD. Pelos dados da entidade, em agosto passado, a geração solar chegou a 6.682.14 MW, quase o volume total dos 6.867.61 MW da energia renovável produzida também por biomassa, Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e geração eólica.

O volume cresce a cada ano e ainda tem um amplo mercado a ser atendido. “O cenário é muito positivo para a geração solar. É ela que vai ajudar o Brasil no processo de transição da matriz hidráulica para outras fontes, além de proteger o consumidor das variações tarifárias que elevam a conta de luz”, diz Ananias Gomes. 

Com a nova Bandeira da Escassez Hídrica, anunciada esta semana pelo governo federal, o valor de cada 100 kwh sobe quase 50%, passando para R$14,20 até abril de 2022. Isso aumenta a procura do consumidor pelos sistemas de geração solar que têm instalação rápida e estão cada vez mais acessíveis graças ao financiamento bancário que abriu as portas para o mercado dos integradores fotovoltaicos – empresas e profissionais que conectam fornecedores e clientes.

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Financiamento alavanca o mercado

Neste mercado, há espaço para grandes e pequenas empresas como a Massa Solar, do empresário Hamilton Santos, que há cinco anos incluiu a instalação de painéis solares em residências e empresas entre os serviços de construção do seu negócio, iniciado em 2012. Descoberto um novo filão, ele abriu outra empresa só para atender os clientes de energia solar. São consumidores residenciais, donos de mercadinhos, padarias, restaurantes, escolas e academias que investem na autogeração sem apertar o orçamento e até pagando menos, por mês, para ter energia elétrica

“O financiamento tem valor equivalente ao da conta da concessionária de energia. Quando termina o financiamento dos painéis e da instalação, o cliente continua a produzir sua energia, pagando à concessionária apenas pelo uso do fio da transmissão elétrica”, diz Hamilton. 

Ele trabalha com clientes de quase todos os bancos, públicos e privados, que também oferecem consórcios para quem quer gerar sua própria energia. Os contratos chegam por indicação de clientes satisfeitos e gerentes de bancos que fazem financiamentos com prazos de até 80 meses. “Com a pandemia, muita gente ficou em dificuldades, por causa do abre e fecha dos negócios, e a procura aumentou cerca de 50% desde o ano passado”, afirma o empresário, que até agosto já havia superado em 20% o faturamento de R$ 2,7 milhões de 2020.

Para atender à demanda de quem não quer investir em imóveis alugados, mora em edifícios ou não quer fazer financiamento, a Massa Solar vai instalar uma usina de geração solar em Igarassu, na Região Metropolitana do Recife. O terreno, de três hectares, já foi comprado. “Vou emitir boletos para os clientes, como faz a concessionária, mas a energia vai ficar mais barata para eles”, explica Hamilton Santos.

Clean Fintech, a Insole financia sistemas solares/Divulgação

A Insole, empresa fundada em Pernambuco pelo diretor da ABGD, Ananias Gomes, em 2013, também começou pequena mas já conta com mais de 200 funcionários, e atua em 15 estados, instalando e comercializando sistemas solares. O financiamento bancário ainda entra nas negociações mas hoje a Clean Fintech, que oferece soluções tecnológicas e sustentáveis, já banca a migração para a energia solar. 

O financiamento atende pessoas físicas e jurídicas e para estas, a Insole oferece um modelo de aluguel do sistema com opção de compra. “Os projetos são sob demanda e ao final é transferido para o cliente que pode economizar até 50% na conta de luz. Com isso ele gera fluxo de caixa e ainda vai pagando pelo sistema, por um prazo de até 10 anos”, explica Gomes.

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