No último sábado (25), aconteceu mais um Summer Day, promovido pelo estaleiro Nx Boats, que celebrou com 500 convidados nove anos de atividades. A empresa familiar tem sede na Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife, e comemora o marco de 1.700 lanchas comercializadas no Brasil e no exterior no período.
Fundado em 2014, pelo advogado Jonas Moura, que iniciou o negócio como um hobby, o estaleiro pernambucano tornou-se um dos maiores do Brasil na categoria de embarcações de 26 a 50 pés, alcançando uma área de 30 mil metros quadros e uma produção de 400 embarcações neste ano. Em menos de uma década, o Nx Boats saltou de 14 para 550 funcionários.
Do estaleiro da Muribeca saem barcos para mais de 10 países, incluindo EUA, Turquia e Suíça. Atualmente, 32% da produção é exportada. Há um ano, a empresa abriu uma operação própria de fábrica nos Estados Unidos para comercialização e assistência técnica de todas as embarcações. Há seis meses, fez o mesmo em Gênova, na Itália.
Jonas Moura explica que esta é uma estratégia para fortalecer a marca. “Queremos ir além da venda de embarcações. Queremos a marca reconhecida no mercado internacional. Por isso, decidimos atuar sozinho nestes países, sem importadores ou revendedores”, explica.
Entre os modelos mais exportados do portfólio, está a lancha de 34 pés. A projeção da empresa é encerrar 2023 com 20 unidades vendidas para a Europa. Nos últimos 12 meses, o estaleiro enviou mais 50 barcos para os Estados Unidos.
Desafios dos estaleiros
A expansão para outros países é uma maneira de ampliar vendas, já que o mercado náutico brasileiro é bem pequeno se comparado com o norte-americano e o europeu. No Brasil, em 2022, o segmento faturou R$ 2,2 bilhões. Já nos Estados Unidos o volume alcançou US$ 85 bilhões.
O CEO do Nx Boats recorda que um dos melhores momentos para o setor, no Brasil, foi durante a pandemia. Segundo o empresário, na ocasião houve uma grande procura por embarcações porque as pessoas estavam com mais dinheiro disponível e buscavam uma forma segura de viajar, se divertir. Mas depois, houve retração.
Jonas Moura reclama da falta de linhas de crédito para a aquisição de embarcações. “Se houvesse oferta de crédito, o mercado náutico nacional seria muito diferente, porque há modelos para todos os bolsos. No Brasil, qualquer estado oferece oportunidade de navegação, seja no mar, nos rios ou nos lagos”, ressalta. “O problema é que aqui, barco é visto como um produto de luxo. E não é. O que falta é acesso. Nos Estados Unidos, 99% dos barcos vendidos nos últimos 12 meses foram financiados”, acrescenta.
As linhas de crédito norte-americanos financiam as compras em até 20 anos. Além de crédito, há oferta de infraestrutura. No país inteiro se veem rampas públicas que permitem aos proprietários guardarem seus barcos em casa, evitando custos com marinas. Fatores que tornam o esporte ou lazer náuticos muito populares.
Não se trata só de lazer. “A indústria náutica gera muitos empregos, já que a fabricação de barcos é manual. Não temos máquinas para fazer barcos. Assim como na construção civil, se vamos produzir mais, precisamos de mais gente”, explica o CEO, que é sócio no negócio com o irmão Felipe Guedes e mãe Elizabeth Moura,
Para ter funcionários, o estaleiro precisa preparar a mão de obra, porque faltam cursos de formação. Por isso, a empresa montou um instituto para capacitar mão de obra de jovens entre 16 a 18 anos. A primeira turma começa em janeiro com disciplina de eletricista naval. Segundo Jonas Moura, devido a insalubridade, o salário mínimo neste setor chega a ser 40% maior que a média.
Durante o Summer Day, na Praia dos Carneiros, o Nx Boats vai lançar uma nova embarcação: NX 44 design by Pininfarina. “É uma obra de arte que navega, representando o que há de melhor em design e engenharia”, enfatiza o empresário. Ao preço inicial de R$ 3.890.000,00, o barco tem design assinado pelo estúdio italiano Pininfarina, um dos mais renomados escritórios de design do mundo, responsável pelos desenhos de carros de luxo como Ferrari e Maserati. Ele afirma que a primeira unidade já estará navegando em janeiro de 2024.
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