O lucro líquido de R$ 918 milhões alcançado pelo Banco do Nordeste (BNB) no primeiro semestre deste ano é um volume é considerável. Até pouco tempo, o banco lucrava R$ 1 bilhão ao ano, a agora lucra num semestre.
Na reunião pública do BNB com a Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais (Apimec Brasil), para apresentação dos resultados, o economista chefe do banco, Luiz Esteves, explicou os fatores que justificam a extraordinária expansão do banco.
Um deles é o próprio crescimento da economia nacional, que ativa a busca por crédito. Mas há outro fator. “É algo que em economia chamamos de ‘convergência’. Acontece quando economias mais pobres crescerem acima das mais ricas, como ocorre agora com a região”, disse Esteves. Segundo ele, a tendência é que a “convergência” prossiga pelos próximos anos e talvez décadas.
O que favorece a expansão regional, segundo Esteves, é que o Nordeste tem feito seu dever de casa. Há na região boas políticas públicas e estados com situação fiscal melhor do que outros mais ricos, o que estenderá esse movimento para os próximos anos e ou décadas, segundo o economista.
Com ajuda do BNB, muitos nordestinos têm entrado na renda média, não só nas capitais, mas no interior. Nestas áreas, serviço e educação têm puxado o crescimento e isso tem tido repercussão na oferta de crédito, mesmo diante das altas taxas de juros. A procura por crédito no BNB tem ocorrido, inclusive, em regiões em que antes não demandavam do banco, como no Semiárido.
Crescimento do Nordeste
Levantamento recente da consultoria Tendências revelou que o Nordeste (junto com o Centro-Oeste) está puxando o crescimento nacional neste ano, e terá um crescimento médio de 2,7% entre 2024 e 2032, (seguido pelo Centro-Oeste, com taxa de 2,5%), diante de uma média nacional de 2%.
O país parece estar superando o choque de adversidades trazido pela pandemia e crise econômica mundial, a despeito de a guerra na Ucrânia e da inflação global ainda oferecerem ricos.
A direção do banco, sob o comando do presidente Paulo Câmara, entende que o Nordeste tem muito espaço para crescimento, inclusive, em setores que estão saturados no Sul e Sudeste.
A transição energética faz da região um mercado potencial. Poucos países do mundo podem oferecer duplamente geração eólica e solar como Nordeste. Some-se a isso os grandes investimentos que estão chegando para geração do hidrogênio verde. Além disso, a fronteira agrícola do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), a transição para uma indústria mais verde, descarbonizada, e os investimentos em infraestrutura (água e saneamento), e a necessária implantação de uma ferrovia que dê outra opção de mobilidade à região vão contribuir para elevar a demanda por crédito junto ao BNB.
Para atender a esse volume de novos negócios, Paulo Câmara reforça que o BNB está buscando diversificar sua fonte de recursos. O Fundo Constitucional do Nordeste – FNE já não será suficiente. A demanda hoje é o dobro da capacidade do banco. Só no primeiro semestre, foram alocados do FNE o volume recorde de R$ 21 bilhões – crescimento de 33,1% sobre o mesmo período de 2022.
Além de parcerias nacionais com o BNDES e Fundo da Marinha Mercante, por exemplo, o BNB tem buscado crédito no mercado internacional junto a instituições como Banco Mundial, BID, Banco Europeu de Investimentos, conforme estabelecido em seu plano estratégico para os próximos quatro anos. Recentemente, o BNB teve sua nota de crédito elevada pela Fitch de BB- para BB.
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