Uma sobrecarga no Ceará provocou o começo do apagão, segundo o ministro Silveira

O apagão foi iniciado com uma sobrecarga numa linha de transmissão no Ceará. Mas outra falha pode ter ocorrido no sistema, segundo o ministro Alexandre Silveira
Alexandre Silveira - apagão
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, acredita que ocorreram dois fatos concomitantes para ocorrer o apagão desta terça-feira (15).

O Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, concedeu uma entrevista coletiva no final da tarde, e atribuiu o começo do apagão a uma falha que provocou uma sobrecarga numa linha de transmissão no norte do Ceará, classificando o evento como raro. Segundo ele, provavelmente ocorreram “pelo menos dois eventos concomitantemente” em duas linhas de transmissão diferentes para causar um evento deste porte. A falta de energia atingiu 25 Estados e o Distrito Federal a partir das 8h30m da manhã desta terça-feira. A pedido de Silveira, será instaurando um inquérito policial para identificar se houve falha humana no episódio, que também será investigado pela Associação Brasileira de Inteligência (Abin)

Na coletiva, o ministro afirmou que o sistema elétrico brasileiro funciona como se fossem dois sistemas. Na prática, isso quer dizer que o sistema elétrico funcionaria como se fosse dois sistemas. Quando um deles entrasse em colapso, o outro funcionaria normalmente. Mas não foi isso o que ocorreu.

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Até o momento da entrevista, o ministro afirmou que o único evento reconhecido pela ONS como causador do problema foi o da linha de transmissão no Norte do Ceará. “O outro evento não está claro”, argumentou Silveira, acrescentando que os detalhes devem ser repassados ao público num prazo de 48 horas. O único Estado que não teve apagão nesta terça-feira foi Roraima, porque não faz parte do Sistema Interligado Nacional (SIN).

O último grande apagão que ocorreu no Brasil foi em 2009, quando o País tinha muito menos disponibilidade de energia. “Estamos num momento de abundância (de água) nos reservatórios. No exato momento do apagão, o Brasil estava exportando energia para a Argentina e o Uruguai com o vertimento de Itaipu e Furnas”, comentou o ministro. Pelos cálculos do governo, 29 milhões de pessoas ficaram sem energia. No apagão de 2009, foram 90 milhões de brasileiros sem o serviço.

A falta de energia começou às 8h30m da manhã e o reestabelecimento total só ocorreu às 14h49m, segundo informações que o ministro atribuiu ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O ministro não revelou o nome da empresa dona da linha de transmissão em que ocorreu a sobre carga, porque por esse ponto no Ceará passam várias linhas de algumas empresas. Depois do problema no Ceará, a ONS suspendeu o fornecimento de cerca de 30% da energia que estava sendo distribuída e tentou isolar os sistemas do Sul e Sudeste do problema que estava acontecendo.

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Segundo Silveira, o apagão não está ligado à insegurança do sistema elétrico brasileiro, que é seguro, e nem com a geração de energia renovável. O Ceará é um grande produtor de energia eólica e quando se coloca mais energia do que uma linha de transmissão suporta, podem ocorrer problemas. “A grande sustentação do sistema (elétrico) ainda é a hidrelétrica”, falou.

O ministro não descartou a possibilidade de dolo. Ou seja, que o apagão possa ter sido provocado por responsabilidade humana. O reestabelecimento do serviço demorou mais no Norte e Nordeste, que foram as regiões mais prejudicadas com o evento. Várias cidades destas regiões passaram seis horas sem energia.

Eletrobras e o apagão

Ainda na coletiva, o ministro criticou a privatização da Eletrobras, que ocorreu no ano passado pela gestão passada. A empresa é responsável por cerca de 40% da transmissão de energia do País e 36% da geração. “A privatização tirou a possibilidade de termos um sistema mais harmônico”, contou Silveira. O governo continua com 40% das ações da Eletrobras. “Houve uma mudança abrupta sem a sinergia com a política pública”, destacou, se referindo ao fato de que o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira, renunciou ontem e “às pressas” foi eleito um novo executivo para dirigir à empresa.

“A Eletrobras é uma empresa regulada que deveria ter uma atenção com o governo brasileiro. O conselho é composto por quem comprou. Não há um representante do governo brasileiro no conselho. Esta relação não está adequada. Qualquer acionista tem o direito de saber o que ocorre numa S.A.Eu soube pela imprensa que o Wilson renunciou”, argumentou. O governo federal recorreu à Justiça para “recompor esta relação”.

Apesar das críticas à Eletrobras, Silveira não fez qualquer relação entre o apagão e a privatização da Eletrobras. Alguns integrantes do governo federal atribuíram o apagão a privatização da Eletrobras, como a primeira dama Janja que chegou a dizer isso nas redes sociais.

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