O Porto do Pecém está planejando uma modernização para receber o Hub de Hidrogênio Verde (H2V). Atualmente, são 30 memorandos de entendimentos com diversas empresas interessadas em se instalar no local. Desse total, três evoluíram para pré-contratos de implantação, que são os das empresas AES, Casa dos Ventos e Fortescue que totalizam US$ 8 bilhões em investimentos. A intenção é construir uma estrutura – para o transporte e embarque do produto – dentro do porto a ser compartilhada por todas as futuras produtoras do combustível que tem grande potencial de exportação.
“Para que esses contratos se concretizem e que seja possível operar a exportação de 1 milhão de toneladas de H2V pelo Pecém, será necessário um investimento de R$ 2,2 bilhões até 2027”, diz o presidente do Complexo do Pecém (CIPP S.A), Hugo Figueirêdo. Segundo ele, esta previsão inclui R$ 1 bilhão a ser bancado pela empresa portuária e R$ 1,2 bilhão pelas companhias do setor.
Ainda de acordo com Hugo, as melhorias vão beneficiar o Complexo do Pecém como um todo. “A projeção é de que deve ser criado um corredor de utilidades, por onde vão circular os dutos de amônia, gás natural, hidrogênio e a rede de energia elétrica. A água utilizada para o processo será de reuso”, comenta.
Mudanças
A empresa portuária vai adaptar o píer 2 do terminal portuário para a operação de amônia e hidrogênio verde e implantará uma subestação, garantindo que haja energia suficiente para o uso dos eletrolisadores, que são as usinas onde ocorre a geração do H2V. A previsão é de que as obras comecem em 2025, se forem confirmados todos os investimentos das plantas de produção do combustível verde. O término está previsto para 2026. Até o momento, Pecém investiu nos projetos executivos, mas não divulga os valores.
As futuras fábricas de hidrogênio devem construir os dutos, a tancagem desses combustíveis e o terminal utilizado tanto para receber a produção como fazer o embarque na área portuária. A expectativa dos futuros fabricantes é de que esta estrutura comum reduza o custo de implantação das empresas, como argumenta o diretor de Operações da Qair Brasil, Gustavo Silva. A Qair planeja implantar duas unidades de produção do combustível verde, uma em Pecém, nas proximidades de Fortaleza, e outra em Suape, em Pernambuco.
Pecém e Roterdã
“O Porto do Pecém e o Porto de Roterdã formarão a rota de exportação/importação de H2V mais próxima entre a América do Sul e a Europa. A demanda por hidrogênio verde através de Roterdã para a Alemanha pode chegar a 20 milhões de toneladas/ano até 2050, das quais 18 milhões de toneladas virão de importações. Com uma produção estimada de 1,3 milhão de toneladas de H2V oor ano em 2030, o Complexo do Pecém tem potencial para atender 25% da demanda de importação de Roterdã”, resume Hugo.
O hidrogênio só é verde se for produzido a partir de energia limpa. Por isso, muitas das empresas que estão planejando produzir o combustível também são donas de eólicas que devem garantir boa parte da energia a ser usada pelas futuras fábricas, como é o caso da Casa dos Ventos e da Qair Brasil.
Qair Brasil importa equipamentos para uma planta piloto de hidrogênio verde para NE
Aneel libera eólicas da Qair Brasil no RN para operação comercial