Etiene Ramos
O polo de Tecnologia da Informação e Comunicação do Bairro do Recife, onde se destaca o Porto Digital, não para de criar e trazer novidades, escaláveis, para o mercado pernambucano e nacional. A mais nova, lançada nesta terça (10) é a proptech Yolo Coliving, uma plataforma de hospedagem e moradia que compartilha áreas e serviços comuns, ressaltando o conceito de viver em comunidade, perto do trabalho e de serviços.
A proposta é morar bem, sem se preocupar com um alto investimento fixo, ou seja, a aquisição de um imóvel, e se consolida no significado da marca: Yolo – um acrônimo da expressão You Only Live Once ou “você só vive uma vez”. A ideia já é uma tendência para abrigar os millennials e a geração Z que preferem aplicar suas finanças em experiências do que em bens. São jovens, na sua grande maioria, e já representam mais da metade da população brasileira.
Instalado numa região histórica, com vista para o mar e o Rio Capibaribe, o Yolo terá 225 unidades habitacionais, distribuídas em 7 mil m², com mais 4 mil m² de área comum, além de 14 lojas e serviços acoplados como lavanderia, academia, cozinha compartilhada e piscina no rooftop. As unidades terão em média 25 m² e são apenas para aluguel que deve variar entre entre R$2.500.00 e R$3.000,00, preferencialmente em contratos long stay, o que não exclui estadias mais curtas (short stays).
O modelo vem atender ao município e faz parte do plano estratégico do Porto Digital de trazer moradores para a vizinhança e, assim, novos serviços para dar vida e revitalizar o Bairro do Recife, que já foi uma região boêmia e hoje é ocupada por cerca de 350 empresas de TI.
Yolo tem pegada de inovação do Porto Digital
Orçado em R$55 milhões, o empreendimento deve começar a ser construído no segundo semestre, com prazo de dois anos para conclusão das obras, e tem o DNA dos irmãos Yves, ítalo e Diogo Nogueira, que há mais de 20 anos embarcaram nos negócios de tecnologia do Porto Digital. Como empreendedores ou investidores-anjo, acumularam experiências em mais de 60 startups no país e esperam captar R$43 milhões para o aporte inicial. O restante virá de recursos próprios e de outros investidores para bancar o primeiro dos dois edifícios programados para o Recife. A captação no mercado está a cargo da Multinveste Capital, e a GF Capital executou o projeto para buscar recursos do Banco do Nordeste (BNB).
A meta é chegar a outras capitais como Salvador, Fortaleza e Florianópolis e atingir dez unidades nos próximos sete anos. “Não temos concorrentes diretos no Brasil e podemos escalar imóveis de terceiros, como casarões antigos. É um projeto que pode virar um unicórnio”, declara Yves Nogueira.
O projeto começou a ser desenhado há três anos e, mesmo durante a pandemia, foi formado um conselho de gestão que se reunia quinzenalmente. Nesse período, Diogo, o engenheiro e CEO da incorporadora da família, fez uma imersão em colivings em Paris, Londres e Amsterdam, para desenvolver o Yolo que chega como inovação no mercado imobiliário do Nordeste.
O lançamento depois da pandemia se beneficia da tendência de que prevaleça o trabalho híbrido, onde os profissionais podem dividir a semana entre o home office e o escritório, o que vem ocorrendo com frequência nas empresas de tecnologia. Favorece também a atração dos nômades digitais, que podem vir do país ou do exterior e se interessam pela vivência em comunidade, uma das ideias chave do coliving.
“O domínio dos Nogueira na área de tecnologia vai contribuir para a integração dos moradores. O Yolo será um equipamento vivo, com estímulos para atividades em grupo e, para isso, temos o desafio de encontrar o community manager, alguém que vivencia a cultura do coliving e não se envolve com a parte operacional. Será uma figura estratégica no empreendimento”, observa o experiente executivo Eduardo Gouveia, integrante do Conselho gestor do Yolo Coliving, ao lado de Jayro Poggi (ex-Iron House) e Brunno Bagnariolli, sócio da Mauá Capital, empresa com mais de R$ 6 bilhões em ativos sob gestão.
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