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Da palmeira para o avião: macaúba é aposta bilionária de combustível verde

Acelen Renováveis investe em tecnologia brasileira para domesticação de planta nativa que pode ser matéria-prima para querosene de aviação e óleo verde: a macaúba
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São necessários quatro anos para que a macaúba dê seus primeiros frutos. Foto: Embrapa/Divulgação

O fruto da macaúba será a matéria-prima para a produção de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF, em inglês) e diesel verde (HVO) na biorrefinaria que a Acelen Renováveis pretende operar na Bahia, um investimento de R$ 16,5 bilhões. O projeto da empresa de energia renovável da Mubadala Capital – companhia global de gestão de ativos sediada nos Emirados Árabes e dona da Refinaria de Mataripe, adquirida da Petrobras em 2021 – deve ter suas ações iniciadas em dezembro. Além de iniciar a “domesticação” da planta nativa brasileira, a Acelen espera um sinal positivo do BNDES para um empréstimo de R$ 250 milhões.

O dinheiro servirá para a instalação do complexo de biorrefino que ficará ao lado da Refinaria de Mataripe, que contará com um centro de tecnologia batizado de Acelen Agripark. A previsão é de que a operação tenha início em 2027, tempo em que a principal matéria-prima fique disponível à medida que as primeiras colheitas dos plantios de macaúba aconteçam. São necessários quatro anos para que a palmeira dê seus primeiros frutos. Com uso de tecnologia, a Acelen quer garantir safras controladas para extração de óleos de alta qualidade e geração de bioprodutos. A produção anual estimada de cinco toneladas de óleo por hectare.

A Acelen Renováveis planeja investir R$ 125 milhões somente no desenvolvimento da macaúba. Pretende adquirir 200 mil hectares de terras degradadas entre Minas Gerais e Bahia para o plantio das mudas que garantirão, no futuro, uma capacidade de produção de um milhão de litros de combustíveis por ano. A área é equivalente a 280 mil campos de futebol e receberá também mudas de dendê.

Planta de alta densidade energética, a macaúba pode ajudar também no sequestro de carbono. Além da recuperação de áreas degradadas, estima-se que as palmeiras poderão remover, a cada ano, 60 milhões de toneladas de CO2 da atmosfera, reduzindo em 80% as emissões deste gás. Já o óleo da macaúba será misturado ao diesel para se transformar em querosene de aviação e diesel verde.

O primeiro plantio experimental foi feito em abril, em Piracicaba (SP). Mais de 1,3 mil mudas de macaúba foram espalhadas por uma área de aproximadamente 30 mil hectares. O terreno pertence à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), que é uma das parceiras científicas no estudo da palmeira como fonte de energia renovável.

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No plantio experimental das mudas de macaúba serão observados o comportamento do vegetal durante o crescimento, desenvolvimento dos frutos e folhas, tempo para maturidade produtiva, além da avaliação de ciclo de vida (ACV) da planta.

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Mudas de macaúba passam por testes de laboratório para clonagem das melhores espécimes. Foto; Divulgação

Macaúba de laboratório

A Embrapa Agroenergia, outra parceira do projeto, integra o programa de inovação aberta que visa a implantação de lavouras comerciais de macaúba e o melhor aproveitamento dos frutos (casca, polpa, endocarpo e amêndoa) via processos mais eficazes para extração de óleos de alta qualidade e geração de bioprodutos. Com duração de cinco anos, estima-se que o projeto gere oportunidades para comunidades carentes do semiárido, com criação de 90 mil empregos diretos e indiretos e geração de R$ 7,4 bilhões de renda por ano para as populações envolvidas.

“O óleo representa apenas de 10% a 20% do que a macaúba oferece. Os restantes 80% podem ser inúmeros coprodutos de alto valor agregado, como tortas de polpa e de amêndoa para produtos de alimentação e o endocarpo para geração de energia e biocarvões. Os óleos de polpa e de amêndoa, com propriedades distintas, além de combustíveis, podem ter inúmeras aplicações no segmento de alimentos, tanto como óleo de mesa, como na manufatura de chocolate, sorvetes, recheios e margarinas”, aponta a pesquisadora da Embrapa Agroenergia, Simone Favaro, coordenadora do projeto.

Das três espécies de macaúba existentes no Brasil, a Acelen vai se dedicar a duas: a Acrocomia aculeata, predominante nos cerrados do Brasil Central, e a Acrocomia intumescens, que ocorre em áreas do Nordeste. A MulticanaPlus, empresa especializada em pesquisa e desenvolvimento de protocolos de micropropagação vegetal, fará a clonagem de plantas elite de macaúba.

*Com informações da Embrapa

Leia mais: Regulação de biocombustível para aviação: perspectivas no NE

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