Depois de cinco anos de estruturação dos negócios no promissor segmento de cannabis medicinal, 2024 promete ser o ano da virada para o Ease Labs neste setor. O laboratório, que tem entre os acionistas e conselheiros o empreendedor pernambucano Leonardo Pereira, vai lançar, até dezembro, a primeira linha de medicamentos à base de tetrahidrocanabinol (THC) produzida de forma 100% verticalizada por uma empresa brasileira.
Atualmente, a companhia industrializa 10 produtos à base de canabidiol (CBD), outro insumo extraído da cannabis. A planta industrial fica localizada em Belo Horizonte (MG) e trabalha atualmente com grande ociosidade, utilizando 5% a 8% da capacidade.
Leonardo Pereira afirma que esse cenário vai mudar a partir deste ano, com a redução progressiva do nível de ociosidade. Além de ser pioneiro entre os laboratórios brasileiros na produção vertical de remédios tendo o THC como princípio ativo, o Ease Labs também está fechando um novo contratos de fornecimento de medicamentos à base de canabidiol para um dos maiores laboratórios públicos do país.
“Vencemos o leilão e estamos em fase final de assinatura”, desconversa o conselheiro, sem revelar o parceiro.
O que é o THC?
O THC é a principal substância psicoativa e a mais potente encontrada nas plantas do gênero Cannabis. Pode ser obtida por extração a partir dessa planta ou por síntese em laboratório. Esse fenol, no uso recreativo da planta, é o responsável pelos efeitos alucionógenos.
Na área de saúde, o insumo é manipulado e utilizado em dosagens determinadas sob critérios rigorosos da indústria farmacêutica, aprovadas pelas agências nacionais de saúde.
Esse remédios não provocam alucinações. Entre outras aplicações, são utilizados no tratamento de doenças psiquiátricas, devido às propriedades do tetrahidrocanabidiol como ansiolítico, anticonvulsionante e neuroprotetor. “Esse é exatamente o mercado que vamos mirar inicialmente”, afirma Leonardo Pereira.
O tetrahidrocanabidiol, que assim como o CBD tem diversas utilizações medicinais, também é utilizado em produtos voltados para náuseas, vômitos, aumento do apetite (em portadores de HIV, doentes de câncer e anoréxicos) e inflamações.
Por que a Ease Labs será pioneira em THC?
Outros laboratórios brasileiros já industrializam medicamentos de THC, porém não têm cultivo próprio, já que o plantio de cannabis sativa ainda é proibido no Brasil. O Ease Labs encontrou uma alternativa para superar este desafio e ter aquilo que almejava: controle total sobre o seu processo, da lavoura à comercialização.
A saída foi adquirir uma propriedade na Colômbia, nos arredores de Bogotá. A operação, que inicialmente era uma joint venture com um parceiro local, foi posteriormente adquirida pela companhia brasileira. Toda a estrutura de beneficiamento também é própria, assim como o quadro de empregados. A área atualmente tem 12 mil ², após duas expansões.
“Esse modelo nos traz uma grande vantagem competitiva, permitindo custos menores no produto final e a geração de receita em outros segmentos da cadeia“, assegura o acionista. “Plantamos, colhemos, transportamos e distribuímos para o Brasil, abastecendo a nossa planta industrial e outros laboratórios autorizados pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] para o uso medicinal da cannabis “, detalha.
Quais os canais de venda do laboratório?
O Ease Labs trabalha com um mix de canais de venda bem estruturado, que contempla o fornecimento de insumos e produtos para outros laboratórios da área governamental e privados, o abastecimento de hospitais públicos e o varejo.
“As farmácias são hoje os parceiros com maior participação no faturamento. Houve alguns avanços no país, como a possibilidade do paciente comprar diretamente o medicamento à base de CBD e THC com receita médica, o que impulsionou a comercialização do setor nas drogarias”, explica Leonardo Pereira.
Entre as redes parceiras do negócio estão líderes do mercado nacional, como a RaiaDrograsil, PagueMenos e Drogaria São Paulo.
Quem é o Ease Labs?
O Ease Labs é voltada para a área de fitoterápicos (medicamentos que utilizam matéria-prima vegetal e têm finalidade profilática, curativa ou paliativa).
A empresa foi criada, em 2017, pelos empresários Gustavo Palhares e Guilherme Franco. Agressivo e atento às novas oportunidades na indústria farmacêutica, o laboratório atraiu rapidamente grandes investidores e constituiu um conselho consultivo formado por pesos-pesado da área corporativa no país, entre eles Gonzalo Grillo (Alvarez & Marsal), Vitor Bertoncini (Raia Drogasil) e João Consorte (MacCann Health).