A decisão da governadora Raquel Lyra de trocar o comando da Companhia Pernambucana de Gás (Copergás), logo no quarto dia de 2025, pegou muita gente de surpresa. Mas quem estava no Governo ou que conhece os corredores da empresa já aguardava a mudança. Nos bastidores alguns disseram se tratar de acomodação política. Outros apontavam insatisfação com o gestor… Várias são as versões para a saída, não explicada na nota enviada à imprensa pelo Governo. Na verdade, a saída foi um compilado de fatores, que, unidos, tornaram insustentável a manutenção de Felipe Valença no comando da Copergás.
De acordo com pessoas próximas do Governo, o último reajuste no preço do gás do ano passado, em novembro, foi a gota que faltava para transbordar as insatisfações acumuladas ao longo de quase dois anos de gestão.
A cada ano, há quatro recomposições de preços. Em 1º de novembro passado, a Copergás anunciou um novo reajuste na tarifa do gás natural. O índice teria sido autorizado pela Agência Reguladora de Pernambuco (Arpe), numa articulação do então presidente Felipe Valença junto à entidade estatal, o que teria desagradado à governadora Raquel Lyra pela forma e conteúdo da nova tarifa.
Mas apenas isso não seria suficiente para que fosse promovida a mudança, dizem integrantes do Governo. Havia um profundo desconforto com a forma de agir de Valença, principalmente com os dois entes privados que fazem parte da Copergás, uma empresa de economia mista.
Copergás como ativo político
A companhia, além de muito bem estruturada, é um importante ativo político na composição com aliados. O próprio Felipe Valença foi uma indicação do ex-presidente nacional do PSDB e aliado da governadora Bruno Araújo.
Nos bastidores da política, a informação é que, com a decisão de trocar o comando da empresa, a vaga teria sido ofertada a Mendonça Filho, que teria declinado da oferta. Com duas novas secretarias para preencher, criadas no fim do ano passado – Esporte e a Secretaria Executiva da Causa Animal -, políticos ouvidos pelo Movimento Econômico dizem acreditar que a governadora poderá colocar a Copergás na recomposição da sua base.
Por isso, colocou na presidência da empresa o advogado Bruno Costa, que conhece Raquel desde o segundo grau. Por ser “da cozinha” da gestora, poderia ser substituído sem maiores transtornos. Pessoa de confiança da governadora, caso as negociações com outras legendas não avancem, ele permanece no cargo.
O Movimento Econômico procurou Felipe Valença, mas não recebeu retorno. Caso ele se pronuncie, atualizaremos a matéria.
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