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Em evento cheio de recados, vencedores nos maiores colégios eleitorais de PE são diplomados

Solenidade reuniu os vencedores de quatro dos seis maiores colégios eleitorais do estado, todos situados na Região Metropolitana do Recife.
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Prefeito reeleito do Recife, João Campos, foi diplomado ao lado do vice, Victor Marques, que assumirá primeiro mandato. Foto: Rodolfo Loepert

Em cerimônia no Pernambuco Centro de Convenções, em Olinda, nesta segunda-feira (16), a Justiça Eleitoral diplomou prefeitos, vice-prefeitos e vereadores eleitos em quatro dos seis maiores colégios eleitorais do estado, todos situados na Região Metropolitana do Recife. A solenidade, que congregou adversários políticos, reforçou os valores da democracia e teve de vaias a aplausos, foi marcada por recados que dialogam com as eleições de 2026 antes mesmo de o processo eleitoral de 2024 ser oficialmente encerrado, marco que será atingido na próxima quinta-feira (19), data limite para as diplomações em todo o país.

Na solenidade, foram diplomadas 104 pessoas, entre elas, o prefeito reeleito do Recife, João Campos (PSB), e o vice, Victor Marques (PCdoB), que assumirá o primeiro mandato; o prefeito reeleito de Jaboatão dos Guararapes, Mano Medeiros (PL), e a vice, também estreante no cargo, Irmã Babate (PL); a prefeita eleita de Olinda, Mirella Almeida (PSD), e o vice, Chiquinho (PSD); e o prefeito eleito de Paulista, Severino Ramos (PSDB), e o vice, Felipe Andrade (PSD). Segundo a Justiça Eleitoral, a entrega dos diplomas é a legitimação da escolha feita nas urnas e torna os eleitos aptos a assumirem seus mandatos em janeiro de 2025.

No Recife, prefeito terá ampla base aliada e oposição mais ideológica

No Recife, maior colégio eleitoral de Pernambuco, com 1,2 milhão de eleitores, foram diplomados 37 vereadores e vereadoras, além de suplentes. A legislatura a ser iniciada em 2025 será a primeira após a Câmara Municipal perder dois assentos pelo fato de o Censo de 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ter constatado redução no número de habitantes na cidade, o que levou à recontagem do total de vagas no Legislativo municipal com base na proporcionalidade populacional.

O prefeito João Campos deve contar com uma maioria confortável em seu segundo mandato. Somente o seu partido, o PSB, elegeu 15 vereadores. Outras 11 vagas serão ocupadas por parlamentares eleitos por siglas como MDB, Republicanos, PCdoB, PV e Avante, totalizando 26 vereadores aliados. Já a oposição deve contar com 11 integrantes, em um espectro que irá da direita representada pelo PL até uma parte do PT situada mais à esquerda em relação a membros que participam da gestão do prefeito.

Após embates eleitorais, diplomação teve discurso sobre “fechar feridas”

Nos bastidores, a expectativa é de que a disputa entre lulismo e bolsonarismo, que inexistiu na atual legislatura, passe a estar presente na rotina da Câmara do Recife, gerando questionamentos ideológicos em relação ao trabalho do prefeito. João Campos se posiciona no campo de apoio ao presidente Lula (PT), o que rechaça a bancada do PL, mas também não dispõe da simpatia de uma ala do PT que vem se aproximando da governadora Raquel Lyra (PSDB), que pode disputar a reeleição em 2026 tendo Campos como oponente. Apesar disso, o PT é oficialmente aliado do PSB e comanda duas secretarias na Prefeitura do Recife.

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Um aperitivo dessas disputas ideológicas ocorreu na cerimônia de diplomação, que teve vaias no momento em que as vereadoras eleitas pelo PT Kari Santos e Liana Cirne foram chamadas ao palco e expuseram uma bandeira vermelha. O mesmo ocorreu no momento da convocação da vereadora eleita Jô Cavalcanti (PSOL), que fez alusão ao Movimento Sem Terra (MST). Na mesma cerimônia, estavam militantes dos vereadores eleitos Gilson Machado Filho (PL), filho do ex-ministro do Turismo Gilson Machado (PL), e Thiago Medina (PL), ligado ao deputado federal por Minas Gerais Nikolas Ferreira (PL), todos considerados da ala ideológica do partido.

Disputas à parte, coube exatamente ao prefeito João Campos falar em nome dos diplomados, inclusive dos prefeitos de Jaboatão, Olinda e Paulista, que venceram candidatos apoiados por seu conjunto político em outubro. O gestor pregou união, destacou aquele momento como um exemplo da convivência democrática, defendeu que os “palanques sejam desarmados” e disse que vai governar para todos, inclusive para quem não votou nele. “Não podemos manter abertas as feridas que nos dividem. A hora é de unir as pessoas, deixar as disputas de lado e entender que um futuro melhor é o lugar onde todos queremos estar”, declarou.

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Prefeito Mano Medeiros, reeleito em Jaboatão dos Guararapes, segunda maior cidade de Pernambuco, deve ter maioria na Câmara. Foto: Divulgação

Jaboatão terá maioria pró-governo na Câmara; Olinda e Paulista vivem incertezas

Em Jaboatão dos Guararapes, segundo maior colégio eleitoral de Pernambuco, com 487,9 mil eleitores, foram diplomados 27 vereadores. O partido do prefeito Mano Medeiros conquistou sete cadeiras. Outras 12 pertencerão a vereadores de siglas aliadas, como PSD, PRD, PDT, DC e Mobiliza, o que garante maioria na Câmara. A situação, porém, será menos favorável do que a da atual legislatura, quando o gestor chegou a ter a oposição de apenas um vereador. As oito cadeiras restantes serão ocupadas por partidos que estavam em coligações derrotadas nas eleições majoritárias de outubro, como PP, Avante, PT, PV e Solidariedade.

Já em Olinda, que tem 300,2 mil eleitores e é o terceiro maior colégio eleitoral do estado, a Câmara refletirá a polarização que tomou conta do processo eleitoral na cidade, que teve segundo turno. A prefeita eleita, Mirella Almeida, ajudou a eleger apenas cinco membros de seu partido, o PSD, entre 17 vereadores. A Federação PT/PCdoB/PV, que encabeçou a chapa de oposição derrotada em outubro, conquistou três cadeiras. Há dúvidas sobre a postura de outros seis parlamentares que, embora eleitos por partidos como MDB, Agir e Avante, que estavam na coligação da prefeita diplomada, abriram dissidência após o primeiro turno.

Em Paulista, a vantagem do prefeito eleito Ramos também está apertada se o parâmetro forem as posições adotadas pelos partidos nas coligações das eleições de outubro. O PSB do deputado Junior Matuto, derrotado no segundo turno, conquistou quatro cadeiras, o que, juntamente com os três assentos obtidos pelo Republicanos e com o do União Brasil, chega ao total de oito das 15 vagas da Câmara Municipal.

Por outro lado, o PSDB do futuro prefeito elegeu apenas um vereador, mas outros partidos da coligação, como o MDB, obtiveram mais cadeiras. Além disso, a vantagem numérica de Ramos, eleito com 73% dos votos, pode favorecer a balança do poder em sua direção. Paulista é o sexto maior colégio eleitoral do estado, com 235,2 mil eleitores.

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