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Em Caruaru, a eleição vai além da prefeitura e mira em 2026

A equilibrada eleição municipal em Caruaru tem como pano de fundo a disputa pelo Governo do Estado em 2026
A disputa em Caruaru entre Rodrigo Pinheiro e Zé Queiroz tem outro embate entre Raquel Lyra e João Campos
A disputa em Caruaru entre Rodrigo Pinheiro e Zé Queiroz tem outro embate entre Raquel Lyra e João Campos

Principal cidade do Agreste Pernambucano, Caruaru tem uma série de particularidades. É polo de artesanato, diz ter o “maior São João do mundo”, as maiores comidas juninas do universo e seus moradores dizem viver no “país de Caruaru”. Em meio a tantos superlativos, a política ganha espaço nos períodos eleitorais com disputas acirradas e debates passionais. Este ano, no entanto, o certame municipal ganhou um tempero a mais. Será uma espécie de prévia da eleição pelo Governo do Estado, em 2026.

Mas para chegar nesta disputa de 2024 é preciso voltar no tempo, para 2020. Naquele ano, a então prefeita e candidata à reeleição, Raquel Lyra (PSDB), saiu das urnas consagrada, com 66,86% dos votos. O segundo colocado, Delegado Lessa, não conseguiu nem chegar a 20% dos votos, ficando com19,22%. A vitória pavimentou o caminho para que Raquel deixasse o cargo um ano e quatro meses para disputar o Governo do Estado, que acabou vencendo. Ao renunciar ao mandato de prefeita, deixou o cargo para o seu vice, Rodrigo Pinheiro (PSDB), que agora tenta a reeleição.

Era de se esperar que, ao assumir a prefeitura bem avaliada, tendo a aliada agora como governadora do Estado, Pinheiro teria um caminho pacato, até sonolento, para a sua reeleição. Ledo engano. Erros políticos, declarações infelizes e atores da política pernambucana de olho no principal reduto da governadora começaram a danificar o caminho que parecia bem pavimentado.

Raquel Lyra já esteve várias vezes em Caruaru no período eleitoral para atos com Rodrigo Foto: Hesíodo Góes/PSDB

Desde que Raquel Lyra deixou a cadeira de prefeita, a sua relação com Rodrigo Pinheiro sofreu vários abalos. Ainda na pré-campanha de 2022, o novo prefeito fez questão de receber e posar para fotos com todos os pré-candidatos ao Governo, irritando a antecessora. Neste ano, Pinheiro flertou com várias legendas, inclusive com partidos de oposição ao Governo do Estado, em busca de um novo ninho para disputar a reeleição. Já perto do prazo final de filiação, após uma reunião no Palácio do Campo das Princesas, optou por permanecer no aconchego tucano para buscar mais quatro anos de mandato.

E seguia tranquilo, no caminho da reeleição em Caruaru. O seu principal adversário, o ex-prefeito Zé Queiroz, não demonstrava musculatura suficiente para fazer frente à força da gestão municipal, que fez um São João enorme este ano, com mais de 1.200 atrações.  Além do que, enfrentava um forte embate sobre o etarismo. Queiroz tem 82 anos.

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No entanto, o prefeito cometeu um deslize que acabou colocando o adversário no páreo e com muita força. Numa entrevista, afirmou que o pré-candidato Tonynho Rodrigues (MDB), filho do ex-prefeito Tony Gel e aliado da governadora Raquel Lyra, pediu para ser seu vice. E que não daria a vaga.

O emedebista negou ter feito tal pedido. E o que era um adversário cordial, dentro do mesmo campo político, se transformou em um adversário na oposição. Tonynho retirou a candidatura à Prefeitura e aceitou o convite de Zé Queiroz para ser seu vice. A chegada do MDB deu um novo status à candidatura de oposição, que a essa altura já contava com o apoio do prefeito do Recife e candidato à reeleição, João Campos, e do PSB. O socialista viu ali uma oportunidade de travar um embate indireto com a possível adversária na disputa pelo Governo do Estado, a governadora Raquel Lyra, na terra dela.  

O PSB e João Campos oficializaram o apoio à candidatura de Zé Queiroz em março Foto: Wesley D’Almeida/PSB

Disputa equilibrada em Caruaru

Com esses movimentos, a disputa se equilibrou e se mantém equilibrada. De acordo com a pesquisa Ipespe, divulgada na última quinta-feira (26) pela Folha de Pernambuco. O prefeito lidera com 41% das intenções de voto. Mas está empatado dentro da margem de erro, de 4,5 pontos percentuais para mais ou para menos, com Zé Queiroz, que apareceu com 39%.

Na última semana de campanha, poucos apostam numa definição no primeiro turno da disputa, apesar de os candidatos se enfrentarem em um debate na próxima quinta-feira.

A tendência é que a disputa em Caruaru só seja definida no segundo turno, em uma disputa completamente contaminada pela disputa de 2026. Afinal o prefeito João Campos possivelmente já estará livre da sua reeleição para correr os quatro municípios que possivelmente terão segundo turno (Caruaru, Jaboatão, Olinda e Paulista). Com apetite  maior por Caruaru, lógico, porque estaria derrotando a governadora na terra dela. No entanto, desde o início da campanha Raquel Lyra tem reforçado o lado de Rodrigo Pinheiro, a ponto de, na cidade, as pessoas comentarem que a vitória não será do gestor, mas sim da governadora.

Muito se fala que as disputas nos municípios estão nacionalizadas, entre os lulistas e bolsonaristas. Mas Caruaru não quer saber de temas nacionais. O que voga, na Capital do Forró, é o debate estadual, com a eleição municipal servindo de prévia para 2026.

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