Sua fonte de informação sobre os negócios do Nordeste

Sua fonte de informação sobre os negócios do Nordeste

O anúncio de Mark Zuckerberg é um risco BANI para a comunicação

O ano virá com uma grande onda disruptiva em vários ecossistemas, agravado pela emergência das mudanças climáticas
Patricia Marins
Patrícia Marins/Foto: divulgação

Patrícia Marins e Miriam Moura*

O fim do sistema de checagem de fatos na Meta, empresa dona do Facebook, Instagram e Threads, é um típico risco do Mundo BANI atual, sigla em inglês para um contexto frágil, ansioso, não linear e incompreensível. A notícia, divulgada em vídeo com linguagem falaciosa pelo CEO Mark Zuckerberg, tem efeito de um “6 de janeiro” para a imprensa e todo o ecossistema comunicacional.

A data em 2021 marca a violenta invasão do prédio do Capitólio, o Congresso dos Estados Unidos, no dia da sessão conjunta que confirmou a vitória nas urnas de Joe Biden. Dois anos depois, em 2023, o Brasil viveu seu “8 de janeiro”, com a depredação dos prédios das sedes dos três Poderes – Palácio do Planalto, Congresso, e Supremo Tribunal Federal e a mais grave ameaça à democracia brasileira.

A mudança anunciada por Zuckerberg, de substituição dos checadores de fatos por “notas da comunidade” e similar ao sistema adotado no X de Elon Musk, atingirá a sociedade em geral, com um grande impacto não somente na mídia profissional como em todo o mercado da informação. Começa uma nova era nas redes sociais, com maior espaço para disseminação de fake news e desinformação, e agravamento da polarização online.

Como previsto no e-book “Tendências para Gestão da Reputação 2025”, da Oficina Consultoria, este será um ano “mais BANI, incerto e radical”. Este é o principal título nos Keynotes da publicação, para chamar a atençãoe resumir os desafios complexos e maior risco de crises reputacionais para marcas, empresas, executivos C-Level e lideranças políticas.

- Publicidade -

Com curadoria analítica e inteligência de comunicação, aprofundamos o exame da taxonomia dos riscos reputacionais no cenário volátil atual de crises múltiplas permanentes (“permacrise”). As medidas anunciadas pela Meta confirmam nossas previsões de mudanças no cenário em 2025, um contexto complexo, hiperconectado, disruptivo e com alto nível de incerteza. Como antecipamos, é o ápice do Mundo BANI.

No e-book de tendências 2025 mostramos como a interligação dos sistemas globais é um fator que torna o mundo hoje (bem) mais complexo. Neste quadro, os riscos são não lineares e contagiosos de maneira imprevisível. O ano virá com uma grande onda disruptiva em vários ecossistemas, agravado pela emergência das mudanças climáticas. Há, ainda, um agravante, que é a maior intensidade do impacto emocional das mudanças. Neste “novo normal” de ansiedade e alta polarização generalizadas, as respostas precisam ser rápidas,

Insegurança digital cria oportunidade para marcas

As plataformas de mídias sociais têm um forte impacto em empresas e organizações que precisam se posicionar no ambiente digital. Elas serão diretamente atingidas pelas recentes alterações na Meta, agora inteiramente alinhada ao governo de Donald Trump. Especialistas e profissionais de comunicação digital já expressam receios de contágio e dos perigos para o brand safety das marcas. A preocupação é de as empresas terem suas mensagens contaminadas por conteúdos nocivos que circularão mais livremente.

No e-book, apontamos a necessidade de as empresas seguirem novas receitas de relacionamento e de gestão de reputação para manter a confiança de seus públicos. Com o fim da checagem de fatos nas mídias sociais, a previsão ganha relevância e urgência para criação de valor de marca e conexão permanente com seus públicos.

2025 será o ano dos “fandoms”, das comunidades de nicho, de “fãs” torcedores, que estabelecem uma relação de fidelidade e identidade com as marcas. No e-book de tendências, mostramos que “comunidades nichadas ganham fôlego e dominam o cenário: o poder está no público nichado e fiel”.

Isso significa a necessidade fundamental para empresas e organizações criarem suas próprias comunidades e a manter com elas um diálogo constante e permanente. Estamos falando aqui de influência e evidência, dois conceitos distintos quando se fala em conquistar públicos no âmbito da gestão da reputação.

Dados divulgados no Lisboa Web Summit, em 2018, indicaram que 82% das pessoas querem escolher o que ver nas redes sociais ao invés de serem guiados por algoritmos. No estudo “O futuro da influência”, da Box1824, influência tem a ver com mudança (de comportamento, hábito, estilo, atitude). Evidência refere-se a um desejo da marca de ser notada (no mercado, na internet), sendo importante aqui o tamanho da audiência. Ter influência é ir além, para inspirar e provocar mudança concreta na forma de pensar e de agir.

Aí reside a chave mágica de uma marca ter perto uma comunidade ativa, fiel, presente. É como conquistar uma “advocacy espontânea”, um ativo de grande valor no mercado reputacional. E este é o caminho inescapável de marcas: criar, gerir e se relacionar de forma genuína e permanente com suas comunidades. Aqui, o valor é a fidelidade, não a quantidade de membros.

A maior pesquisa já realizada no Brasil sobre fandoms, uma parceria entre o instituto de pesquisa em cultura e comportamento floatvibes e a agência Monks, revela como as comunidades de fãs estão transformando o mercado, a publicidade e a forma como consumimos. O trabalho mostra que a cultura dos fãs criou e mantém a internet, gerando ativos como conexão, interação e engajamento.

Em 2025, é essencial ter em conta que as mudanças em estratégias de comunicação em Relações Públicas (PR) moldam novas oportunidades para influência e conexão e enfatizam a importância de ser adaptável nessa mudança de cenário. Para enfrentar o atual momento + BANI, incerto e radical de 2025, é preciso ter adaptabilidade radical.

*Patrícia Marins, Sócia-Fundadora da Oficina Consultoria e Miriam Moura, Consultora Associada, são jornalistas e especialistas em Gestão da Reputação.

Leia também:

Criptoativos: impactos no mercado e nas estratégias empresariais

- Publicidade -
- Publicidade -

Mais Notícias

- Publicidade -