Por Leonardo Silva*
A solidão pode chegar a todo e qualquer indivíduo. Especialmente no Brasil, essa característica é mais abrangente e representa, pelo menos, 50% da população de acordo com a pesquisa Perceptions of the Impact of Covid-19. Considerando o nível de competitividade e impessoalidade do mercado, o sentimento pode ter uma intensidade ainda maior entre empresários.
A pressão por tomar decisões difíceis, a falta de interlocutores à altura para discutir estratégias e a sensação de isolamento podem minar a saúde mental e o desempenho dos empreendedores, CEOs e gestores de todos os níveis. A relação entre sócios, com o passar do tempo, também pode ser mitigada depois de possíveis desavenças ou desencontros entre perspectivas.
Estudos sobre solidão
Um estudo do Harvard Business Review revelou que mais de 70% dos novos CEOs relatam sentimentos de solidão, e essa situação não se restringe apenas aos níveis mais altos. Líderes de todos os portes frequentemente experimentam um senso de isolamento devido às responsabilidades e à natureza de suas posições.
Outro estudo conduzido pelo Wharton School mostra que a solidão no local de trabalho pode reduzir o comprometimento emocional dos gestores com a organização, afetando negativamente o desempenho. A pesquisa também destaca que colegas de trabalho tendem a perceber líderes solitários como distantes e menos acessíveis, o que pode levar a menos interações informais e úteis, afetando o bem-estar dos mesmos e os resultados da companhia.
A solidão empresarial é, de fato, um problema complexo, mas a boa notícia é que existem práticas de governança corporativa que podem oferecer um antídoto eficaz. A implementação de um conselho consultivo pode fornecer um ambiente seguro e confidencial para que os líderes discutam desafios, explorem oportunidades e recebam orientação de profissionais experientes e imparciais. Composto por indivíduos com experiência em diferentes áreas de negócios, a diversidade de ideias elimina o absolutismo sobre uma decisão e expande as possibilidades de sucesso.
Além disso, um conselho consultivo pode estabelecer rituais e métodos para a discussão de assuntos importantes, garantindo que o planejamento da empresa seja cuidadosamente considerado e debatido. Isso é crucial para os fundadores, que muitas vezes estão submersos em questões operacionais e carecem de um espaço estruturado para refletir sobre o futuro dos negócios.
O conselho consultivo vai além de oferecer suporte aos líderes; ele também contribui para a transparência, a estabilidade e a credibilidade da empresa. Uma governança corporativa sólida e bem estruturada pode atrair talentos qualificados, inspirar confiança em investidores e estabelecer as bases para um crescimento sustentável.
O melhor é que a implementação dessa prática não é exclusiva a grandes corporações ou empresas de capital aberto. Mesmo pequenas e médias organizações podem se beneficiar desse modelo, adaptando-o às suas necessidades e estágios de desenvolvimento. A governança não deve ser vista como uma imposição regulatória, mas sim como uma ferramenta estratégica que promove a longevidade e a resiliência do negócio.
A solidão empresarial representa um desafio significativo que tende a ser potencializado com as nuances e transformações do mercado, mas, é viável direcionar essas revoluções para o caminho correto. Os gestores também estão propensos a ter dificuldades no sentido profissional e dar atenção a isso é sinônimo de proteger o desempenho de uma equipe inteira.
*Leonardo Silva é sócio fundador da Mesamind
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