Por Silvinei Toffanin*
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 90% das empresas no Brasil têm perfil familiar. Sendo a maioria das companhias em atividade em território brasileiro, é importante que haja uma discussão a respeito da importância do Conselho de Família para que essas empresas possam garantir sua longevidade e se perpetuar em seus mercados de atuação.
Um outro levantamento, ainda mais surpreendente, foi feito pelo Banco Mundial e aponta que apenas 30% das empresas familiares chegam à terceira geração, enquanto apenas metade delas sobrevive. Esse número reforça, ainda mais, a necessidade da adoção de boas e eficazes práticas de governança corporativa nessas companhias.
O Conselho de Família é, a meu ver, fundamental para garantir vida longa aos mais diversos tipos de negócios familiares. Ele nada mais é do que um grupo formado por membros da família empresária, cuja função é promover a comunicação, harmonia e transparência dentro da família e contribuir para a perpetuação do negócio.
Um bom Conselho de Família discute e define as diretrizes, planos e políticas que regem a relação entre família e empresa. É este grupo que vai abordar temas como sucessão, participação dos membros da família na gestão e distribuição de dividendos. Também é quem vai constituir o Protocolo Familiar, que é um acordo firmado por todos os membros da família definindo princípios, valores, deveres e direitos dos membros, de forma a regular as relações entre eles e com a empresa.
Legado da família
O Conselho de Família também assegura o legado da família, promove a união do grupo em torno de objetivos comuns, atua na intermediação de conflitos familiares relacionados aos negócios, caso das disputas por sucessão, divergência de opinião e interesses conflitantes. Além disso, define critérios para o ingresso ou saída de acionistas e representa a família na relação com outros conselhos da empresa.
É interessante notar, que um estudo da KPMG mostrou que 44% das empresas familiares acreditam que a próxima geração não está preparada para a sucessão. Essa constatação traz outro excelente motivo para que exista um Conselho de Família e para que ele atue em parceria com o Conselho de Herdeiros.Assim, questões como a formação das próximas gerações eo planejamento de carreira dos membros da família, seja dentro ou fora da empresa, com orientações sobre educação, treinamento e desenvolvimento profissional podem ser conduzidas. Dessa forma, torna-se possível interferir, diretamente, na continuidade do legado.
Costumo dizer quecriação de um Conselho de Família deve ser prioridade para as empresas familiares. Inclusive, oriento que quanto antes for constituído, melhor será. No caso de empresas mais jovens, esse grupo terá, naturalmente, uma estrutura mais simples e enxuta. Porém, à medida em que a família e a empresa forem crescendo, o Conselho também deve se desenvolver e assumir um papel relevante na comunicação entre seus membros.
É claro que, cada família tem sua estrutura, sua história, objetivos e particularidades, que vão refletir diretamente no futuro dos negócios. Isso significa que a formação de um Conselho de Família é uma medida inteligente e estratégica para uma jornada mais transparente, produtiva e bem-sucedida.
*Silvinei Toffanin é fundador e sócio da DIRETO Group – empresa de wealth management reconhecida por sua integridade e solidez corporativa, acumuladas em quase 30 anos de mercado, oferecendo serviços que incluem consultoria, contabilidade, controladoria, assessoria fiscal, tributária, trabalhista, legal, societária, BPO Financeiro, planejamento financeiro estratégico, gestão e administração de Family Offices, criação de Offshores, além de soluções de tecnologia, ciência