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O empresário precisa agir além da intuição para permanência no mercado

É preciso estratégia e esta só é aderente em organizações que possuam mecanismos e procedimentos pré-estabelecidos que visem prevenir, detectar e remediar riscos e situações de crise
Aurora Barros
Aurora Barros/Foto: cortesia

Por Aurora de Barros Souza*

Agir a partir de decisões baseadas na intuição sempre foi uma estratégia utilizada pelo empresariado, aliada à sorte, a intuição é um instrumento versátil e ao longo dos anos, diversas organizações comprovaram o êxito de sua utilização.

Apesar de seu uso, que não deve ser ignorado, a intuição não pode ser considerada uma ferramenta de gestão. Não se trata de uma metodologia que pode ser examinada para identificar o trajeto da tomada de decisão, em quais procedimentos e indicadores foi fundamentada.

A intuição é instintiva e, dificilmente, poderá ser ensinada com facilidade para as futuras gerações das organizações e, diante destes contextos, as experiências de tomadas de decisões mediante intuição não dão repertório para decisões futuras, o que torna o ambiente organizacional afeto às surpresas.

Aqui não estamos desencorajando a utilização da intuição na tomada de decisões das organizações frente aos desafios de mercado. Mas estamos advertindo que tomar decisões somente com base na intuição ou sem base em um modelo de gestão apropriado pode gerar diversos riscos que, se não existiam antes, agora existem e são condicionantes para a permanência das organizações no mercado.

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Soa estranho a ideia de tomar decisões somente com base na intuição? Talvez você não tenha pensado nisso ou isso pouco seja revelado, mas observamos nas organizações pouca ou quase nenhuma estrutura de governança corporativa e compliance que possa sustentar tomadas de decisões que podem mudar o rumo da empresa. Simplesmente não existe!

No entanto, este cenário não se coaduna mais com as exigências legais e de mercado. Não há espaço para que as organizações, sejam elas públicas ou privadas, encaminhem suas atividades “ao sabor dos ventos”. É preciso estratégia e esta só é aderente em organizações que possuam mecanismos e procedimentos pré-estabelecidos que visem prevenir, detectar e remediar riscos e situações de crise.

A boa notícia é que para agir de forma estratégica, mitigando riscos, produzindo repertório para decisões com qualidade e testificáveis, contamos hoje com o Compliance ou Programa de Integridade, termo cunhado pela Lei da Empresa Limpa (Lei 12.846/2013).

Este Programa visa implementar, nas organizações, mecanismos para o atingimento de seus objetivos, a partir do mapeamento de desconformidades legais e comportamentais, promovendo uma excelência na cultura de integridade e, com isso, mitigando riscos reputacionais, de imagem, fraudes financeiras, passivos trabalhistas, conduta antiéticas, ilegais, assédios, entre outros.

Para além da estratégia, o Programa de Integridade, possibilita a permanência das organizações no mercado e/ou ganhos de novos mercados.

A exemplo disto, temos o que determina a nova Lei de Licitações, onde prevê que os órgãos públicos possam exigir dos contratados, vencedores dos certames licitatórios, a apresentação do Programa de Integridade efetivo. Além dos mais, os Programa de Integridade podem ser usados como critério de desempate nas licitações.

Outro exemplo, é que em Pernambuco, as empresas de todos os setores que prestam serviços ou vendem bens em contratos acima de cinco milhões para o Governo do Estado de Pernambuco devem apresentar o seu Programa de Integridade, conforme a Lei nº. 19.722/2019, sob pena de descontinuidade contratual, inclusive.

Trata-se de uma oportunidade para as empresas agirem de forma estratégia baseada em padrões pré-estabelecidos por leis e que configuram um melhor cenário para tomadas de decisões com qualidade, criando acervos decisórios que cada vez mais só tendem a solidificar e profissionalizar as empresas.

É um avanço que vai ao encontro das boas práticas de governança corporativa e se amolda ao movimento internacional de padronização das regras de transparência e prestação de contas que tanto atrai investidores e movimentam as agendas corporativas.

Nesse contexto, nos parece crível reafirmar que a intuição não deve ser mais o único recurso do empresariado ou o mais presente na organização. O mercado mudou, com isso, suas exigências legais e comportamentais e as organizações precisam de maior material procedimental, técnico e humano para discernir suas decisões e estratégias e o Programa de Integridade vem como ferramenta chancelada e profícua para o sucesso e a perenidade das organizações.

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  • Aurora de Barros Souza é advogada, auditora-líder em Compliance, Membro de OCCA Olinda Creative Community Action, Coordenadora e Professora MBA em Compliance e ESG e Mestra em indústrias Criativas
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