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Flexibilizar modelo de trabalho gera mais qualidade de vida e retenção de talentos

Muitos profissionais veem a possibilidade de trabalhar remotamente como um benefício e fator essencial no momento de aceitar ou não uma proposta de trabalho.
Fernando Avelino
Fernando Avelino

Por Fernando Avelino*

Acordar com calma, preparar o café e ao invés de sair às pressas, trabalhar em casa. Essas eram situações impensáveis há três anos, mas a pandemia criou um novo cenário que mudou o trabalho no mundo.

Segundo o IBGE, antes da pandemia, apenas 5% dos brasileiros empregados faziam home office de alguma forma, e, com o isolamento social, as organizações tiveram que se adaptar às novas formas de trabalho, de maneira forçada, para garantir a continuidade das operações, mas também encontraram oportunidades para repensar e transformar o tradicional modelo presencial.

Quando estávamos nos acostumando com o trabalho à distância, os casos de covid-19 foram diminuindo e tivemos que voltar a acordar mais cedo, sair correndo e enfrentar o trânsito rumo aos escritórios. E, assim como não somos mais obrigados a usar máscara e álcool em gel, muitas empresas retornaram totalmente ao modelo presencial sem analisar o que o trabalho remoto nos ensinou.

Uma das consequências deste retorno inflexível tem sido a perda de grandes talentos. Muitos profissionais veem a possibilidade de trabalhar remotamente como um benefício e fator essencial no momento de aceitar ou não uma proposta de trabalho, abdicando de melhores salários a ter que sair de casa todo dia para fazer um serviço que pode ser executado de qualquer lugar do mundo.

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O formato híbrido/remoto trouxe muitas vantagens e precisamos aprender com eles. Realizamos na LOTS Group, por exemplo, estudos de mercado, avaliações jurídicas, revisão do pacote de benefícios, e pesquisas para criar uma política de trabalho remoto que atendesse às necessidades da empresa e dos colaboradores.

No quesito financeiro, que é o motivo para que muitas empresas ainda permaneçam no modelo tradicional com medo de ter seus ganhos reduzidos, uma pesquisa da Scoop Technologies e pelo Boston Consulting Group confirmou que empresas americanas que são completamente remotas ou permitem que os funcionários escolham quando vão ao escritório – aumentaram as vendas em 21% entre 2020 e 2022.

Na LOTS, a maioria dos colaboradores administrativos trabalham no modelo remoto, e, nos últimos três anos, a empresa registrou um crescimento de 127,3%. Mas além disso, é também importante ressaltar o impacto ambiental positivo decorrente da redução de transporte, energia, água e impressão, além de proporcionar a oportunidade para aumentar a diversidade, permitindo que pessoas de diferentes origens geográficas e culturais trabalhem juntas.

Agora, para os colaboradores, um ponto interessante é que as horas perdidas no trânsito podem ser melhor aproveitadas. Percebemos um aumento na prática de atividades físicas e também nos cuidados com a alimentação.

No entanto, mesmo com os benefícios para empresas e colaboradores, é crucial olharmos com atenção a alguns pontos do formato remoto, que por exemplo, exige mais autogerenciamento e foco, pois algumas pessoas não conseguem se concentrar no ambiente familiar, enquanto por outro lado, há quem trabalhe mais horas por dia e pode acabar se sobrecarregando.

Pela ótica das organizações, é fundamental a concessão de ferramentas que permitam a transição para ambientes virtuais com programas de capacitação específicos para o trabalho remoto e uma gestão alinhada ao modelo de por meio através da comunicação clara e constante, adoção de uma abordagem orientada por resultados ao invés de horas de trabalho, além do fomento permanente da cultura organizacional como orientador em termos do que se espera que cada colaborador seja no ambiente remoto ou presencial.

Modelo de trabalho ideal

Também é importante ressaltar que não existe um modelo que se encaixe para todos, por isso, é preciso atuar de maneira customizada para garantir o sucesso de cada formato considerando variáveis como perfil profissional, estrutura familiar e social e até o acesso à tecnologia. Para algumas pessoas, ficar em casa pode ser ainda mais exaustivo diante de tantas tarefas domésticas e familiares, enquanto para outras, isso pode ser uma grande vantagem.

Para negócios e posições passíveis de flexibilização, acredito que o modelo híbrido seja a realidade e não vejo como fugir disso a curto/médio prazo, o importante é que independente do formato escolhido, ele não se torne um peso para o trabalho, mas uma solução, um facilitador, um caminho para termos uma vida profissional mais justa, produtiva, saudável e agradável para todos.

*Fernando Avelino, Gerente Pessoas e Cultura da LOTS Group

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