Desafios regulatórios do mercado de créditos de carbono, por André Bodowski

No Brasil a legislação ainda engatinha: Senado ainda discute as possibilidades regulatórias e o Congresso analisa um projeto de lei amplo para regulamentar esse mercado.
André Bodowski
André Bodowski

Por André Bodowski*

Estimativas globais apontam para um aumento superior a 15 vezes na demanda por créditos de carbono até 2030, podendo chegar a um crescimento de até 100 vezes até 2050, segundo dados da McKinsey. Isso implica em uma projeção de mercado que saltaria de aproximadamente US$ 1 bilhão em 2021 para um montante de, no mínimo, US$ 50 bilhões em 2030. 

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Trata-se, portanto, de uma oportunidade única para empresas se destacarem apoiando práticas sustentáveis e, ao mesmo tempo, colhendo os benefícios dessa abordagem consciente. Um dos modelos mais promissores é o de créditos de carbono; essas unidades que representam a redução de uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) ou de outro gás de efeito estufa (GEE), podem ser usadas para compensar as emissões de GEE. 

O valor de mercado está na capacidade de demonstrar o compromisso com a redução do impacto ambiental; tanto clientes quanto investidores estão pressionando por produtos e serviços de baixo carbono. Esta é uma demanda que abrange o mercado como um todo e a sustentabilidade não é mais uma tendência, mas sim um imperativo global. A prioridade é ainda maior entre os mais jovens, que estão assumindo um protagonismo cada vez maior: de acordo com pesquisa recente da Cone Communications, 73% dos millennials e 67% da geração Z estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços sustentáveis. Além disso, 63% do primeiro grupo e 57% do segundo afirmam que estão mais propensos a apoiar marcas que se comprometem com iniciativas sustentáveis.

Vale ressaltar, contudo, que a demanda por produtos e serviços de baixo carbono não se limita apenas a consumidores individuais, mas também se estende ao mercado B2B, onde as companhias estão buscando fornecedores que ofereçam soluções de baixo carbono para melhorar suas operações. Aqui a crescente importância dos projetos de Blue Carbon também é digna de nota. Esses projetos concentram-se em ecossistemas marinhos e costeiros, que podem armazenar até dez vezes mais carbono do que as florestas terrestres. São, além de tudo, ecossistemas que têm um grande potencial para mitigar as mudanças climáticas. 

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Existem, claro, inúmeros desafios. No Brasil, por exemplo, a legislação ainda engatinha: o governo federal inaugurou a regulamentação do mercado de carbono com o Decreto Presidencial nº 11.075, de 19 de maio de 2022. Mais de um ano depois, o Senado ainda discute as possibilidades regulatórias e o Congresso analisa um projeto de lei amplo para regulamentar esse mercado.

Ainda assim, a perspectiva de crescimento para empresas que atenderem às demandas da região é promissora: o mercado de créditos de carbono oferece oportunidades significativas para empresas e organizações que desejam liderar em sustentabilidade. E neste cenário em constante evolução, auxiliar empresas a trilhar o caminho da sustentabilidade, não apenas como um dever moral pelo planeta, mas também como uma oportunidade de crescimento e liderança nos mercados do futuro, é um caminho sem volta. 

*André Bodowski é vice – presidente da Diligent na América Latina

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