Lenildo Morais: Por que os bancos devem investir em computação quântica?

A computação quântica tem um enorme potencial para o setor financeiro. Uma vez que a tecnologia esteja totalmente implementada, cálculos sofisticados podem ser executados em uma fração do tempo atualmente necessário.
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Lenildo Morais

Por Lenildo Morais*

Alguns podem denominar a computação quântica como ficção científica. Mas a tecnologia está rapidamente se tornando realidade, tanto que muitos dos maiores bancos do mundo, estão investindo na tecnologia e explorando seu potencial. Então, por que os gigantes financeiros estão se envolvendo com essa nova tecnologia científica e como eles estão se beneficiando dela?

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A computação quântica tem um enorme potencial para o setor financeiro. Uma vez que a tecnologia esteja totalmente implementada, cálculos sofisticados podem ser executados em uma fração do tempo atualmente necessário, ou modelos financeiros muito complexos para a tecnologia atual podem ser processados. O setor financeiro já está explorando o potencial do quantum para otimizar os portfólios de investimentos, encontrando oportunidades de arbitragem mais rapidamente e calculando múltiplas variáveis simultaneamente. Da mesma forma, a tecnologia pode alimentar modelos de aprendizado de máquina para pontuação de crédito e análise de risco utilizando conjuntos de dados cada vez maiores. Mas essas não são as únicas possibilidades.

Executando previsões mais precisas

Isso porque muitos dos algoritmos quânticos que beneficiariam as instituições financeiras já foram escritos e demonstraram funcionar mais rápido e melhor do que os algoritmos clássicos. É apenas uma questão de tempo até que o hardware quântico seja feito com qubits suficientes para executar esses algoritmos.

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Por exemplo, as simulações de Monte Carlo são utilizadas em quase todas as análises financeiras, principalmente para prever preços de derivativos complexos e preços de ações. O método de Monte Carlo utiliza números aleatórios para simular muitos cenários e, em seguida, utiliza esses resultados para estimar a probabilidade de um resultado. Quanto mais cenários você puder jogar, mais preciso será o resultado.

As instituições financeiras estão ansiosas para explorar casos de uso como esse, pois os benefícios potenciais são claros. Mesmo que o resultado de uma simulação quântica de Monte Carlo seja apenas uma fração de 1% mais preciso do que uma simulação convencional utilizando processamento de dados clássico, essa maior precisão pode chegar a milhões e até bilhões, dadas as grandes somas envolvidas através de melhores retornos e lucros. A capacidade de tomar melhores decisões de investimento ou gerenciamento de risco também proporcionará a essas instituições financeiras uma vantagem competitiva importante.

Segurança na Era Quântica

Outra razão pela qual o setor financeiro está investigando a tecnologia quântica são os riscos que ela representa. Há muito se sabe que os computadores quânticos serão capazes de quebrar os protocolos de criptografia utilizados para proteger ativos digitais, incluindo as cifras utilizadas para proteger dados financeiros e contas bancárias. No entanto, a computação quântica também desempenhará um papel fundamental na proteção desses sistemas no futuro. A tecnologia pode ser utilizada para determinar se as contas foram violadas e para identificar atividades fraudulentas com mais rapidez e facilidade.

Os protocolos criptográficos atuais também contam com geradores de números aleatórios para gerar chaves de segurança. No entanto, estes geradores de números aleatórios de hoje não são verdadeiramente aleatórios e geralmente dependem de algum tipo de algoritmo e são precisamente esses algoritmos que apresentam uma vulnerabilidade, pois os computadores quânticos serão capazes de resolvê-los. No entanto, devido às suas propriedades, os computadores quânticos serão capazes de gerar números aleatórios verdadeiros e, portanto, podem ser utilizados ​​para melhorar a criptografia. Organizações e agências governamentais já estão explorando novos padrões de segurança que serão resistentes à descriptografia quântica.

Para se preparar para a descriptografia por computadores quânticos, bancos e empresas financeiras devem investigar esses novos métodos e se preparar para migrar sua criptografia para esses padrões resistentes a quantum assim que forem finalizados para garantir que seus dados sejam protegidos. As empresas de serviços financeiros que fazem essa mudança antecipadamente tem uma vantagem competitiva porque podem garantir a seus clientes e investidores que sua criptografia é inquebrável por computadores quânticos. Além de investigar a segurança quântica, de que outra forma as empresas financeiras devem se preparar para a era quântica?

Os bancos devem estar preparados para a computação quântica

É importante que as empresas financeiras examinem como o início da computação quântica afetará suas principais competências e áreas de finanças em que se destacam. Os bancos podem então patentear esses processos e construir uma barreira de patentes em torno dessas competências para garantir que seus principais processos de negócios sejam protegidos.

Para desenvolver patentes com capacidade quântica, os bancos devem investir em sua competência quântica. Por exemplo, contratando especialistas e cientistas quânticos ou treinando seus analistas financeiros em tecnologia quântica. Escrever código de computador quântico pode ser desafiador, pois é muito diferente da programação clássica, mas os fornecedores modernos de software quântico estão desenvolvendo soluções que abstraem alguns dos desafios e facilitam o acesso para aqueles sem conhecimento quântico. Como essas equipes quânticas projetam código quântico para suas empresas, elas também devem investigar quais computadores quânticos atualmente em desenvolvimento funcionam melhor com seu código e fornecem os resultados mais precisos com a menor taxa de erro. Embora a preparação para a tecnologia quântica exija algum tempo e mais investimentos, as empresas financeiras devem começar a analisá-la agora.

Mudar a forma como essas instituições realizam seus cálculos e tomam decisões financeiras, por exemplo, mudar para uma simulação quântica de Monte Carlo, não será uma tarefa trivial. Mas as empresas que adotarem essa transição com antecedência terão uma vantagem significativa de pioneirismo sobre seus pares mais lentos.

* Lenildo Morais é Mestre em Ciência da Computação, Professor Universitário, Pesquisador e Gerente de Projetos

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