Mauricio Frizzarin*
Que a Inteligência Artificial (IA) pode proporcionar inúmeros benefícios é inegável! Já temos desfrutado de diversas facilidades relacionadas ao emprego dessa tecnologia e ainda veremos muito desenvolvimento e aprimoramento em um futuro muito próximo.
No entanto, considero ser essencial a demarcação de limites e o estabelecimento de diretrizes claras para o desenvolvimento da IA, visto que sua implementação responsável requer considerações éticas, legais e regulatórias. Apenas dessa forma será possível garantir que seus benefícios sejam maximizados e seus riscos sejam mitigados.
Entendo que limites e diretrizes são extremamente importantes em algumas áreas. A primeira delas, sem dúvida, é a Ética. É fundamental definir princípios éticos que orientem o desenvolvimento e uso da IA. Isso envolve considerar questões como transparência, responsabilidade, justiça, privacidade, segurança e mitigação de viés e discriminação. As decisões tomadas pela IA devem estar em conformidade com esses princípios éticos e respeitar os direitos e valores humanos.
Outro aspecto que precisa ser observado é o da Privacidade e Proteção de Dados. Precisamos de regulamentações robustas para proteger a privacidade e os dados pessoais dos indivíduos. As empresas e organizações que utilizam IA devem adotar práticas de coleta, armazenamento e uso de dados desde que isso seja feito de maneira transparente, consentida e segura, garantindo o anonimato e a confidencialidade sempre que necessário.
Ao mesmo tempo, políticas de Segurança e Prevenção de Riscos se fazem necessárias para evitar falhas ou mau uso da tecnologia. Neste ponto, mecanismos de segurança cibernética precisam ser implementados para proteger os sistemas de IA contra possíveis ataques maliciosos. Também é importante considerar os riscos potenciais de superinteligência e garantir a segurança no longo prazo.
Preconceito da IA
Ainda pensando em limites e diretrizes, avalio que é fundamental a atenção às questões relacionadas à Discriminação. Isso, porque a IA pode reproduzir e ampliar preconceitos existentes se não forem implementadas salvaguardas adequadas. Realizar auditorias e análises regulares dos algoritmos de IA, a fim de identificar e mitigar qualquer viés indesejado, deve ser regra entre as empresas que fizerem uso da tecnologia. Além disso, a diversidade e inclusão devem ser promovidas no desenvolvimento de IA para evitar a exclusão de grupos marginalizados.
Outro ponto que merece atenção tem relação com a Transparência e a Explicabilidade dos sistemas de IA. Eles são dois aspectos cruciais para garantir a confiança e a prestação de contas a respeito das decisões tomadas pela IA, de maneira que sejam totalmente explicáveis e compreensíveis aos seres humanos. Os desenvolvedores devem buscar modelos e algoritmos que possam ser interpretados e justificados, especialmente em casos críticos, como em diagnósticos médicos ou decisões judiciais.
Por fim, destaco a necessidade de estabelecimento de uma Cooperação Internacional, dado o caráter global da Inteligência Artificial. É urgente e necessário que exista diálogo entre os países com o objetivo de estabelecer padrões comuns e compartilhamento de boas práticas. Acordos e tratados internacionais podem ajudar a garantir que o desenvolvimento da IA, nas mais diferentes áreas, seja realmente benéfico para a humanidade. Dessa maneira, evitaremos corridas desreguladas e confrontos indesejáveis.
É claro que esses são apenas alguns exemplos de áreas em que limites e diretrizes são necessários. Governos, empresas, pesquisadores, especialistas em ética e a sociedade em geral precisam ser envolvidos nessa discussão para garantir que o desenvolvimento da Inteligência Artificial seja orientado pelos princípios de benefício humano e responsabilidade.
*Mauricio Frizzarin é fundador e CEO da Qyon Tecnologia – empresa especializada no desenvolvimento de softwares para gestão empresarial com inteligência artificial – cursou Tecnologia de Software e Marketing, OPM (Owner/President Management) na Harvard Business School, Executive Education em Inteligência Artificial na University of California, Berkeley e em Fintech em Harvard.
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