Fábio Kielberman(*)
A realização do leilão da marca Daslu, vendida por R$ 10 milhões no último dia 07 de junho, se constituiu em mais uma operação que reafirma o leilão online como um modelo de negócio que atrai cada vez mais compradores e vendedores e que tem se mostrado adequado aos mais diversos produtos e bens. A despeito da polêmica instaurada após o pregão, quanto ao valor do lance inicial ser insuficiente para quitar as indenizações trabalhistas, o resultado superou as previsões e demonstrou que esta modalidade é capaz de atrair grandes compradores, ser realizada com segurança e agilidade e, sobretudo, possibilitar a venda por valores expressivos.
No caso da Daslu, o valor da venda – que ainda deverá ser confirmada pela Justiça – equivaleu a sete vezes o valor do lance inicial, em um pregão que contou com 32 lances muito disputados. Pela relevância que a marca teve no mercado brasileiro, a operação atraiu a atenção do mercado, mas, diariamente, em diversos locais do País são realizados leilões de diferentes tipos de bens, sejam imóveis, carros, máquinas e equipamentos, além de obras de arte e outros itens mais incomuns. E os resultados também comprovam que bons negócios são fechados na disputa de lances pela internet, com vantagens para as duas partes, seja em leilões de bens oferecidos por empresas e autarquias públicas ou provenientes de processos de recuperação judicial ou mesmo falência, como foi o caso da Daslu.
Um exemplo disso foi o leilão que a Prefeitura de Araraquara, no interior paulista, realizou no início de junho, e que foi o primeiro pregão online de um município brasileiro realizado por meio de uma rede colaborativa de leiloeiros. No certame, foram oferecidos 34 bens diversos, como automóveis, utilitários, ambulâncias, caminhão e sucatas diversas, entre outros. Os lances iniciais variaram entre R$ 300 e R$ 18 mil, somando no total R$ 99.250,00. Após o leilão, que contou com 823 lances – número expressivo e que, na média, representaria 24 lances para cada item ofertado -, o valor total dos bens arrematados atingiu R$ 312.842,00. Ou seja, três vezes mais do que o valor dos lances iniciais. Ou seja, para a prefeitura de Araraquara, sem dúvida o resultado foi muito positivo, diante da possibilidade de negociar, de uma única vez, uma série de bens que, de outro modo, teria dificuldade de comercializar ou isso demandaria muito trabalho.
Destaca-se ainda que o fato de o certame ter sido realizado por meio de uma rede colaborativa, o que permitiu amplificar a capacidade de divulgação e disseminação da informação junto a um número maior de casas leiloeiras, que atuaram simultaneamente para oferecer os bens, e alcançar um número muito maior de potenciais interessados. Para esse público, também não resta dúvida de que as oportunidades eram muito boas, haja visto o retorno do leilão. Basta lembrar que o leilão ofereceu, por exemplo, veículos a preços a partir de R$ 1 mil e R$ 3 mil, fabricados, em boa parte, entre os anos 2000 e 2012. Enfim, valores realmente atrativos.
Se os leilões online são uma forma lucrativa para quem vende e representam oportunidade de bons negócios na perspectiva do comprador, por que eles ainda atraem tão poucos interessados de ambos os lados? Trata-se de uma questão cultural, que envolve falta de conhecimento e da prática de participar, embora, gradualmente, este cenário comece a mudar, com um número crescente de empresas e instituições buscando essa modalidade para comercializar ativos diversos, ao mesmo tempo em que mais pessoas pesquisam e participam dos leilões pela internet.
Sem dúvida, a exposição na mídia de um evento como o da Daslu acende ainda mais o interesse, e indica que leilões podem ser adequados para todos os gostos, demandas e bolsos, da Kombi de R$ 1,5 mil reais do ano 2000 a uma marca falida de luxo, por R$ 10 milhões — ou mais, a depender do que a Justiça decidir nesse caso. E se a transação for feita por meio de uma plataforma segura, utilizando a plataforma blockchain, por exemplo, sem dúvida o negócio será ainda mais atrativo, transparente e, principalmente, seguro.
(*)Fábio Keilberman é CEO da Bomvalor
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