A segunda mesa do Análise Ceplan 2024/2025 — Desafios da Infraestrutura Física e Digital evidenciou, a partir da experiência dos especialistas convidados, o benefício que as concessões das estradas e dos serviços de saneamento básico podem disseminar em toda a sociedade. É o que concordaram o presidente da Agemar, Manoel Ferreira, e o CEO da EFFICO, Roberto Tavares e o presidente do Porto de Suape, Márcio Guiot.
Os convidados debateram sobre Desafios da Infraestrutura Física, que envolve Mobilidade, Cargas e Transporte, a partir da mediação da economista Tania Bacelar, sócia-fundadora da Ceplan. Além da falta de manutenção das rodovias, o empresário Manoel Ferreira destacou os riscos que a falta de mão de obra qualificada vem provocando em vários setores. “Falta mão de obra para motorista, trabalhador portuário, trabalhador marítimo. Evitar esse apagão pede um investimento que leva de quatro a cinco anos para formar as pessoas”, alertou.
Alguns aspectos positivos no setor de logística foram apontados, como os planos de construção do Cais 6 do Porto de Suape, voltado para o escoamento de grãos. O produto do agronegócio pode ser escoado pelo porto pernambucano. “Ano que vem, vamos começar a construir o berço de atracação do Cais 6 para incluir o porto no roteiro do agro”, previu Márcio Guiot. A iniciativa conta com a parceria de Manoel Ferreira, da Agemar. Ele já iniciou o trabalho de prospecção de produtores interessados e preparação dos estudos necessários para estruturar o projeto.
O Análise Ceplan tem o patrocínio do Complexo Industrial Portuário de Suape, Caixa Econômica Federal (CEF), Banco do Nordeste, Agemar/Dix Aeroportos, Grupo Moura, Superintendência do Desenvolvimento do Nordesste (Sudene) e Sindicato dos Operadores Portuários. O evento também contou com o apoio da Folha de Pernambuco.
Expansão da logística e aeroportos
Como aproximadamente 65% da logística do país depende das estradas, que encontram-se mal cuidadas, o transporte rodoviário vive momento crítico. O presidente da Agemar revelou estar preocupado com a expansão dos condomínios de logística, ao longo da BR-101 no Grande Recife.
“Na minha visão, daqui a dez anos, diante de tantos alvarás que se dá para construir condomínios logísticos a BR-101 vai parar, porque não há espaço para tantos caminhões. O setor de condomínios logísticos cresce a dois dígitos. Quem sai de Suape, no fim da tarde, leva duas horas dentro de um carro num percurso em que se gastaria 40 minutos. É um desafio a ser superando é preciso te ruma visão para frente”, comentou Manoel Ferreira, acrescentando que este é um desafio a ser superado, porque os engarrafamentos, além de contribuírem para onerar o custo de quase todos os produtos, são vetores para a liberação de monóxido de carbono.
Manoel Ferreira, que atua no setor de aeroportos através de sua empresa Dix Aeroportos, chamou atenção para a questão das pistas de pouso regionais. “São importantíssimas, o Brasil é muito grande e tem que ter ligação aérea. O empresário não pode perder seis horas para ir a Serra Talhada com a qualidade de estradas que nós temos. é preciso ter interligação aérea e ninguém fala nisso”, alertou.
Infraestrutura e saneamento
O CEO da EFFICO, Roberto Tavares, defendeu a maior indignação da população urbana frente à poluição orgânica dos corpos d’água. “Toda a sociedade tem que se revoltar com a situação do Canal do Derby, do Canal de Setúbal e de tantos outros”, provocou o executivo da empresa especializada em serviços para a eficiência de companhias de saneamento.
O mercado da EFFICO é oportuno diante de dados, apresentados por Roberto Tavares, como a perda de 40% da água potável produzida, em média, pelas empresas de abastecimento. A concessão dos serviços de saneamento pode representar a oportunidade de eliminação do déficit de esgoto coletado e tratado, além da universalização do abastecimento de água potável, com 25% de perdas, contou Roberto Tavares.
O alcance dessas metas pedem etapas anteriores importantes e a análise das experiências já disponíveis de outros estados que já fizeram suas parcerias público-privadas. Roberto Tavares gostaria de ver políticas para desburocratizar as relações com o Estado e uma regulação do setor de saneamento com regras claras, para oferecer previsibilidade aos investidores. “Esse investimento no Nordeste trará saúde, reduzirá o absenteísmo no trabalho e na escola, favorecerá a educação, a construção civil e mesmo o turismo”, defendeu Roberto Tavares. Além disso, esgoto tratado representa maior oferta de água.
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