Valéria Saturnino: Uma análise sobre a (des)informação em tempos de eleição

"É libertador: aprender a buscar a informação nos mecanismos oficiais de divulgação".
Valéria Saturnino

Por Valéria Saturnino*

Estamos às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais no Brasil, e não vejo esta coluna como um espaço para opinarmos acerca do melhor ou pior candidato, e sim como um importante veículo de informação, em especial sobre a economia do país.

- Publicidade -

Sendo o Movimento Econômico um importante veículo informativo, principalmente acerca da região Nordeste, é essencial fazermos a seguinte pergunta: qual a qualidade da informação que estamos consumindo?

Quando a questão é se informar para então emitirmos uma opinião, é necessário buscar os meios oficiais de tratamento de dados, para que nossas interpretações e opiniões sejam as mais fidedignas possíveis, e podem ter certeza de que aqui não falo nem mesmo de jornais, quanto mais de redes sociais.

Pela facilidade de engajamento e de alcance das redes sociais, muitas vezes acabamos nos informando por estas, seja whatsapp, telegram ou instagram e facebook, dentre outras. Já estamos nas redes mesmo, então se a informação já chega, por qual motivo não confiar? A grande questão é que a informação já chega interpretada, tratada e muitas vezes demonstrando resultados falsos, as famosas fake News.

- Publicidade -

Como nos livrarmos da possibilidade de acreditar em uma informação falsa que já vem de forma cômoda pelas redes sociais? Esse passo traz mais trabalho em si, mas é libertador: aprender a buscar a informação nos mecanismos oficiais de divulgação.

Vários são os portais ditos oficiais, mas aqui gostaria de destacar três grandes meios de informações econômicas e sociais oficiais do Brasil, sendo o primeiro o site do Banco Central (https://www.bcb.gov.br/), no qual é possível encontrar logo na página inicial as cotações das moedas e os panoramas para a inflação e a taxa Selic. Na aba estatísticas, encontra-se as cotações das taxas de juros praticadas por bancos, o rendimento da poupança, o Relatório Focus de Mercado com as expectativas para diversos indicadores econômicos e financeiros, dentre outros dados.

O segundo portal que destaco é o site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE (https://www.ibge.gov.br/), o instituto público que é o principal provedor de dados e informações do país, e que inclusive está atualmente realizando o Censo Demográfico 2022. Nele você pode encontrar indicadores econômicos (como a inflação e o Produto Interno Bruto), sociais (como níveis de habitação e renda), dentre outros, e mesmo que não saiba analisar tabelas e bases de dados, sempre há uma síntese de cada pesquisa na página inicial da mesma explicitando seus principais resultados.

Por fim, e não menos importante, destaco o Portal da Transparência (https://www.portaltransparencia.gov.br/), o qual é um site que tem por finalidade veicular dados e informações detalhados sobre a execução orçamentária e financeira da União, tanto relativo a salários ganhos por servidores públicos federais como empenhos, compras e distribuição de recursos realizados pelo Governo Federal. No Portal da Transparência é possível descobrir quanto ganha o Presidente da República, os Deputados Federais, os Servidores de órgãos públicos federais, bem como quanto foi distribuído por ano de Auxílio Brasil, quando foram compradas as primeiras vacinas contra a COVID-19, dentre outros dados.

Uma dificuldade para quem não fala um segundo idioma, como o inglês, é comparar dados de desempenho do Brasil com o de outros países. Neste sentido, o portal “Our Wolrd In Data”, que significa “Nosso Mundo em Dados”, é mantido por diversas Universidades e organismos internacionais (o que traz certa credibilidade), sendo possível comparar informações entre países, como os dados da pandemia da COVID-19, Índice de Desenvolvimento Humano, dentre outros (https://ourworldindata.org/).

Além desse, também é possível encontrar relatórios de pesquisa e publicações oficiais em portais como os da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Banco Mundial (BM), Organização das Nações Unidas (ONU) Fundo Monetário Internacional (FMI).

Saber se informar com qualidade é fundamental nos tempos que estamos vivendo. Infelizmente, sabemos que para a maioria da população esses tipos de portais informativos são inacessíveis, pois cerca de 33 milhões de brasileiros passam fome, de acordo com o relatório The State of Security And Nutrition in The World 2021, da ONU. Se esses brasileiros têm fome, como terão instrumentos, conhecimento e acesso a esse tipo de dados aqui discutidos? Há que se reconhecer que apenas um grupo privilegiado é capaz de ler esta coluna e de utilizar destes portais, então façamos valer nosso privilégio na divulgação de informações verídicas e essenciais à discussão sobre o bem-estar da população.

*Valéria Saturnino é doutora em Finanças, Professora da UFPB e Consultora Associada da CEPLAN Consultoria Econômica e Planejamento.
- Publicidade -
- Publicidade -

Mais Notícias

- Publicidade -