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Valéria Saturnino: Como os investimentos estão sendo afetados pela alta da Taxa Selic?

O Comitê de Política Monetária (Copom) (bcb.gov.br) decidiu na primeira quarta-feira desse mês (02/02/2022) elevar a Taxa Selic em 1,5%, a qual alcançou a marca de 10,75% a.a. Esse é o oitavo avanço consecutivo e, segundo dados do Banco Central, desde julho de 2017 a Selic não ficava acima de dois dígitos. Sendo a Taxa […]
Etiene Ramos
Etiene Ramos
Jornalista

O Comitê de Política Monetária (Copom) (bcb.gov.br) decidiu na primeira quarta-feira desse mês (02/02/2022) elevar a Taxa Selic em 1,5%, a qual alcançou a marca de 10,75% a.a. Esse é o oitavo avanço consecutivo e, segundo dados do Banco Central, desde julho de 2017 a Selic não ficava acima de dois dígitos.

Valéria Saturnino, Doutora em Finanças*

Sendo a Taxa Selic a taxa básica de juros da economia brasileira, ela afeta basicamente todos os investimentos, tanto de renda fixa como de renda variável. Em especial os investimentos de renda fixa são afetados, pois tomam como base essa taxa ou outras que são baseadas nela, como o Certificado de Depósito Interbancário (CDI).

Em uma projeção de investimentos que mantenha os rendimentos durante um ano com base na Taxa Selic a este valor, os rendimentos do Tesouro Selic (título do Tesouro Nacional que toma por base a Selic), do Certificado de Depósito Bancário (CDB) que pague no mínimo 100% da Taxa CDI e das Letras do Crédito Agrário e Imobiliário são estimados entre 9,50% e 10,50% ao ano, já líquidos de Imposto de Renda.

Entretanto, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro de 2022, divulgado no último dia 09 de fevereiro, foi de 0,54% no mês, elevando a inflação nos últimos doze meses para 10,38% ao ano. Ou seja, uma carteira de investimentos baseada apenas nos títulos mencionados acima apenas manteria o poder de compra do dinheiro ao longo do tempo, sem ganhos reais (acima da inflação).

De certa forma, ainda continua sendo mais vantajoso investir em títulos do tesouro atrelados à inflação, como o Tesouro IPCA, o qual está pagando o IPCA acrescido de um pouco mais de 5% ao ano. Dessa forma, protege-se os investimentos da inflação e ainda obtém-se um ganho real.

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A Taxa Selic também afeta, ainda que de forma indireta, os investimentos em renda variável, pois o aumento dela gera maior atração dos investidores em direcionarem seus recursos para investimentos em renda fixa, diminuindo ou até realocando os investimentos antes feitos em ações e outros produtos da bolsa de valores.

FOTO: Pixabay

O Ibovespa, índice que mede a média do desempenho de mercado da B3 Brasil, Bolsa e Balcão, a Bolsa de Valores brasileira, diminuiu 5,05% nos últimos doze meses, estando em aproximadamente 112 mil pontos neste início de mês. A última sequência de queda da bolsa, que alcançou sua máxima histórica em junho de 2021 (130 mil pontos no Ibovespa) coincide com os sucessivos aumentos da Taxa Selic.

A retirada de capitais da Bolsa de Valores para a renda fixa pelos investidores brasileiros se deve a alta da Taxa Selic, e pelo fato de que o brasileiro em geral ainda tem uma cultura muito forte de investidores conservadores. Com isso, os preços das ações brasileiras caíram e, em conjunto com o real desvalorizado perante o dólar, a bolsa de valores brasileira acabou atraindo capitais de investidores estrangeiros. De acordo com a B3, as compras dos estrangeiros superaram as vendas em R$ 95,5 bilhões em 2021, um valor dezenove vezes maior do que no ano de 2020.

Para o investidor brasileiro, não está fácil montar uma carteira que traga retornos reais. É importante se guiar pelo seu perfil de investidor (conservador, moderado ou agressivo) e escolher ativos de investimento financeiro que no mínimo protejam da inflação e gerem rendimentos a curto, médio e longo prazos, de preferência com uma composição de ativos que tenha correlações negativas entre eles para para diversificação do risco. Assim superaremos mais esta fase da situação econômica brasileira.

Valéria Saturnino Doutora em Finanças, Professora da UFPB e Consultora Associada da CEPLAN Consultoria Econômica e Planejamento

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