Os municípios da região Nordeste agora dispõe de um banco de dados com mais de 1,5 bilhão de dados e um trilhão de variáveis à disposição para auxiliar no processo de tomada de decisão das gestões das cidades. Nesta segunda-feira (25), foi inaugurada a primeira unidade descentralizada do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Casa Brasil IBGE Sudene, que vai possibilitar acesso a plataformas, softwares, sistemas e dados, integrando informações regionais e contribuindo para uma gestão mais transparente e eficaz.
Fruto de uma parceria entre a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e o IBGE, a expectativa é que o espaço torne mais fácil e ágil as análises de situação e cenários social e econômico para a região. O ambiente funciona na sede da Sudene e conta com um acervo de dados em versões física e digital, totem interativo, computador para pesquisas e diversos produtos do acervo do IBGE.
“O nosso desafio é, a partir de uma decisão do presidente Lula, colocar novamente a capacidade de pensar, de formular e de planejar o Estado brasileiro na pauta da gestão pública e, sobretudo, na pauta da sociedade”, destacou o superintendente da Sudene, Danilo Cabral.
A Casa Brasil IBGE Sudene vai proporcionar aos pesquisadores, gestores públicos regionais, empreendedores que buscam avaliações sobre o mercado e população em geral o acesso às pesquisas, base de dados, programas e projetos do IBGE, podendo se transformar em um hub de informações para o desenvolvimento regional.
Estão previstas, ainda, atividades presenciais e remotas, que incluem cursos, oficinas e programas de pós-graduação, além da promoção de eventos nacionais e internacionais. Danilo Cabral enfatizou que é necessária “a clareza que nós precisamos pensar não só o dia da amanhã, não só os quatro anos seguintes, mas pensar um futuro de longo prazo para o Brasil”.
Casa Brasil IBGE Sudene
A missão principal do espaço é disponibilizar informações cruciais através de recortes territoriais significativos para a região de atuação da Sudene, abrangendo o semiárido e o bioma da Caatinga. Essa iniciativa visa não apenas a disseminação de dados relevantes, mas também a promoção de capacitação para os servidores, em sintonia com os cursos oferecidos pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE).
Além disso, há um esforço contínuo para elaborar e adaptar indicadores sintéticos que reflitam as particularidades da área sob a jurisdição da Sudene e do semiárido, utilizando, por exemplo, o Produto Interno Bruto (PIB) e o Valor da Produção Agrícola Municipal (PAM) como ferramentas de análise.
Em paralelo, a Casa Brasil IBGE Sudene se dedica à construção de rankings que categorizam municípios, estados e sub-regiões, contribuindo assim para uma compreensão mais aprofundada das dinâmicas regionais. A colaboração entre as entidades é fundamental na criação do Observatório Nordeste e na atualização do SIGMapas, um sistema georreferenciado que apoia o desenvolvimento regional do Nordeste.
Essas ações são essenciais para o acompanhamento efetivo do Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste (PRDNE) e do Plano Plurianual (PPA) Regional, permitindo uma avaliação precisa do progresso através de indicadores de monitoramento alinhados aos seus principais eixos estratégicos.
Importância do IBGE
O presidente do IBGE, Márcio Pochmann, fez uma explanação sobre as contribuições do trabalho realizado pelo Instituto para identificar os problemas do país e apontar soluções, levando, por exemplo, o Brasil a sair “de uma sociedade agrária muito primitiva e predominante até os anos 1970 e, em menos de 50 anos, deu um salto fundamental, se transformou em uma sociedade urbana e industrial”.
Pochmann elencou algumas das pesquisas em andamento, como o Censo Agropecuário, pesquisa que analisa a inovação brasileira, o orçamento familiar e o uso do tempo por parte dos brasileiros.
O início das capacitações destinadas ao planejamento municipal, com módulos que focam nos desafios enfrentados pelos gestores municipais, principalmente para aqueles recém-eleitos, está programado para março de 2025. Serão quatro meses de treinamento remoto, com 10 módulos, além de uma semana presencial, em Recife.
A inauguração
O prefeito do Recife, João Campos, prestigiou o evento e falou sobre a importância dessa parceria entre a Sudene e o IBGE, com destaque para a “capacidade de cooperação, de poder juntar instituições diferentes que têm uma vocação comum e fazer um trabalho integrado que busque uma solução prática para a rotina da vida das pessoas”. O gestor reforçou, ainda, que “a gente precisa ter dado, ter informação, ter número, ter métrica para poder tomar decisões acertadas”.
A prefeita de Camaragibe, Nadegi Queiroz, representou a Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) e também enfatizou a importância de um “banco de dados riquíssimo” para subsidiar as decisões tomadas pelos municípios. Márcia Aguiar, presidente da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), disse que essa é “uma iniciativa exemplar” e que a disponibilidade de dados fortalece as instituições e o país.
O evento de inauguração contou com uma programação especial, que incluiu palestras sobre análise de dados, desenvolvimento regional e práticas exitosas de naturezas semelhantes na gestão pública.
Marcaram presença, também, Dorotea Blos, coordenadora-geral de Articulação e Integração do Planejamento Territorial do Ministério do Planejamento e Orçamento; Marcelo Carneiro, diretor do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene); Pedro Campos, deputado federal; Sileno Guedes, deputado estadual, representando a Assembleia Legislativa de Pernambuco.
*Com informações da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene)
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