
Com uma aposta bilionária no mercado brasileiro, a montadora chinesa BYD (Build Your Dreams) inaugura oficialmente nesta terça-feira (1º) sua primeira fábrica no Brasil. Fruto de um investimento de R$ 5,5 bilhões, a unidade está localizada em Camaçari, na Bahia, e marca um novo capítulo na indústria automotiva nacional, com foco na produção de veículos elétricos e híbridos.
A planta ocupa uma área de aproximadamente 4,5 milhões de metros quadrados, tornando-se a segunda maior unidade da empresa no mundo. O complexo industrial reúne 26 galpões, pista de testes e outras estruturas dedicadas à produção de até 12 modelos de veículos sustentáveis, consolidando o Brasil como um dos principais pilares da estratégia de expansão da BYD nas Américas.
Com capacidade inicial para fabricar até 150 mil veículos por ano, a operação estreia com dois modelos de destaque. O primeiro é o Dolphin Mini, compacto elétrico que rapidamente se tornou um dos mais vendidos da categoria no país. O segundo é o SUV Song Pro, que chegará ao mercado com motorização híbrida plug-in flex, combinando eletricidade e etanol — solução que dialoga diretamente com a matriz energética brasileira e com as demandas por mobilidade de baixa emissão.
Fase de montagem

A produção na fábrica de Camaçari será iniciada por meio dos regimes SKD (semi-knocked down) e CKD (completely knocked down). No primeiro modelo, os veículos chegam parcialmente montados — com carrocerias já soldadas e pintadas na China — e são finalizados localmente. No segundo, a montagem é realizada a partir de peças completamente desmontadas.
Segundo a BYD, a expectativa é que, até 2026, a unidade avance gradualmente na nacionalização de componentes, o que deve reduzir custos, ampliar a competitividade dos modelos e impulsionar o desenvolvimento da cadeia produtiva local.
Além dos modelos de passeio, a montadora também pretende diversificar a produção nacional com a inclusão de caminhões e chassis para ônibus elétricos, atendendo à crescente demanda por veículos comerciais de baixa emissão.
Pressão por incentivos fiscais marca início da operação no Brasil
A inauguração da unidade baiana ocorre em um momento estratégico para a BYD, que tenta sensibilizar o governo federal a reduzir as alíquotas de importação para veículos semidesmontados nos regimes SKD e CKD. Isso porque as novas tarifas entram em vigor justamente a partir desta terça-feira (1º), coincidindo com a cerimônia de inauguração.
Atualmente, as alíquotas para importação desses veículos são mais altas: para híbridos plug-in, o imposto é de 20% no regime SKD e 7% no CKD; para veículos 100% elétricos, são 18% e 5%, respectivamente. A BYD propõe uma uniformização e redução para 10% no SKD e CKD, tanto para híbridos quanto para elétricos.
Esse pleito gerou resistência das associações do setor automotivo, como a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e a Abeifa (Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores), que veem a redução como prejudicial à indústria nacional e ao equilíbrio do mercado.
A elevação gradual das tarifas tem como objetivo estimular a produção nacional, mas representa um desafio para a BYD neste momento de transição, já que a empresa ainda depende da importação de kits para montagem local.
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