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Do luxo ao lixo: o futuro incerto do Hotel Palace e do prédio do INSS em Aracaju

Os prédios onde funcionaram a sede do INSS e o Hotel Palace, em Aracaju, estão abandonados há décadas
Prédio da antiga sede do INSS, na avenida Carlos Firpo, em Aracaju Foto: Antônio Carlos Garcia

Dois prédios imponentes – o do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), com 14 andares, e o do Hotel Palace, com 12 – estão há décadas abandonados e poluindo visualmente o centro comercial de Aracaju. E até hoje, nem a União, que cuida do INSS, nem o Governo de Sergipe, proprietária do prédio onde funcionou o hotel, sabem o que fazer com esses dois elefantes brancos. O prédio do INSS, avaliado em R$ 11 milhões, foi levado a leilão quatro vezes, mas ninguém se interessou.

Em 2012, o INSS decidiu mudar sua sede, que era na avenida Carlos Firpo, no centro, para outro imóvel no bairro Jardins, um dos mais caros de Aracaju, onde permanece até hoje. A alegação na época, do então diretor-executivo Raimundo Brito, era que a entidade entendeu que o imóvel era “compacto”. O INSS também não fez reformas, pois era economicamente inviável.

Essa semana, por meio de nota, o INSS informou que “a ideia é publicar um edital de permuta, por terreno ou imóvel, e que está em andamento um processo de licitação para realização de reestruturação estrutural das vigas e pilares, atendendo a uma solicitação do Ministério Público”. Esse processo está em Brasília e não há data para conclusão.

As pessoas que, diariamente, passam pela avenida Carlos Firpo, olham para o enorme prédio, já se acostumaram com o visual de abandono e reclamam do descaso. “Isso é dinheiro público jogado fora. Com um prédio desse fica abandonado”, disse o vendedor ambulante Josias de Oliveira Souza, que há mais de 20 anos trabalha na região. “Antigamente, o movimento era intenso neste prédio”, lembrou.

O Hotel Palace

Antigo Hotel Palace, na praça General Valadão, no centro de Aracaju: entregue à própria sorte desde 1995

O Hotel Palace, na praça General Valadão, foi do luxo ao lixo. Ele funcionou entre 1962 e 1995 e foi um dos mais modernos da época, considerado um marco no desenvolvimento econômico de Sergipe. Já hospedou celebridades, como o escritor Jorge Amado, os cantores Ângela Maria, Roberto Carlos e Luiz Gonzaga, o rei do baião. O hotel tinha 71 apartamentos (que eram de alto padrão na época), piscina, barbearia, restaurante, boate e bar.

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Hoje, os andares estão interditados e no térreo há 30 lojas, onde trabalham cerca de 100 pessoas. Há, por exemplo, casa lotérica, pequenas óticas, empresas que consertam celulares, além de empreendimentos maiores, como lojas, etc. O subsíndico do prédio, Luiz Carlos Bezerra, trabalha há 30 anos num quiosque, com a filha, a universitária Laura Maria Bezerra, de 20 anos. O valor do condomínio, segundo ele, varia de R$ 170,00 (lojas pequenas) a R$ 4 mil.

Luiz Carlos Bezerra, subsíndico do prédio, e a filha Laura Maria, trabalham no térreo do prédio Foto: Antônio Carlos Garcia

O prédio é de responsabilidade da Empresa Sergipana de Turismo (Emsetur), órgão do Governo de Sergipe e, segundo Luiz Carlos, foi feito um leilão de ferros e vergalhões retirados dali. O subsíndico não tem ideia do que pode acontecer com o prédio.

“Decisão estratégica”

O futuro do antigo Hotel Palace é uma incógnita. O presidente da Emsetur, Júlio César Gomes Barbosa, disse que “a definição sobre o uso do imóvel é uma decisão estratégica que envolve planejamento governamental e diálogo entre diversos órgãos e setores. A Emsetur, enquanto gestora do patrimônio, está alinhada às diretrizes do Governo do Estado e aguarda orientações oficiais sobre o futuro do prédio”.

Júlio César,presidente da Emsetur
Júlio César, presidente da Emsetur, aguarda decisão do governo Foto: Ascom/ASN

Júlio César afirma que há um projeto em andamento para a realização de obras de reforma da cobertura e recuperação estrutural emergencial parcial do edifício. “Esse projeto visa garantir a segurança e a preservação do imóvel. Quanto ao uso final do prédio, decisões sobre sua destinação dependem de estudos técnicos, viabilidade econômica e alinhamento com as políticas públicas do Governo do Estado”, explicou.

Sobre o leilão que se referiu o subsíndico Luiz Carlos, o presidente da Emsetur confirma que ocorreu e que foi de sucatas de ferro dos antigos elevadores do prédio e ocorreu no dia 20 de fevereiro, mas ele não recebeu informações oficiais sobre o valor arrecadado.

Os governos estaduais que se sucederam  ao longo período de abandono do prédio, apresentaram projetos para o prédio do antigo Hotel Palace, mas que nunca saíram do papel. Em 2004, a então Secretaria de Estado de Combate à Pobreza fez um projeto para transformar o prédio em moradia para a população carente, mas não deu em nada. No mesmo ano, a ideia era abrigar uma academia de ginástica pública e a torre principal teria apartamentos de três, dois e um quarto, que seriam vendidos a funcionários públicos. Também não deu em nada.

Em 2010, não saiu do papel um acordo do governo do Estado para transformar o Hotel Palace em um hotel-escola. O trade turístico, representantes do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e outros órgãos se reuniram com o governo para tratar do assunto. As conversas não avançaram e o antigo prédio segue sem nenhuma serventia.

Leia mais: Política do galpão atrai 30 empresas e gera mais de mil empregos em Sergipe

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