A prioridade número um do PT para as eleições de 2026 é a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, lógico. Mas o partido também estará com a atenção voltada para outro cargo, que, a depender do resultado, representará um revés perigoso, que pode comprometer completamente um eventual quarto mandato de Lula. O Partido dos Trabalhadores vai trabalhar para ocupar o maior número possível das 54 cadeiras que estarão em disputa pelo Senado. A avaliação é do senador Humberto Costa, pré-candidato à reeleição em outubro do próximo ano.
A estratégia é para fazer frente ao bolsonarismo, que trabalha para conquistar a maioria no Senado. Pela Casa Alta passa a escolha de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) . Ainda tem o poder, tendo número suficiente para tal iniciativa, de cassar o mandato de membros da Corte. Define, também, as indicações para Banco Central, agências reguladoras, além das pautas defendida por eles, como liberação de armas, anistia para os envolvidos no 8 de janeiro e a proibição do aborto nas situações hoje permitidas por lei.
“O Senado hoje tem uma bancada grande da extrema direita, grande. Acho que lá, a extrema direita, a raiz mesmo, deve ter uns 25 senadores. 25 de 81. Nós temos agora (em 2026) 54 cargos para decidir. Digamos que a extrema direita tenha 25. Para ela ser maioria sozinha, basta ela ganhar 26. 26 de 54. Ganhando a maioria, quais são as coisas que podem acontecer? Impeachment de ministro do Supremo, rejeição de gente que vai para o Banco Central, agências reguladoras, corpo diplomático do país…”, destacou Humberto Costa.
Na avaliação do petista, feita durante um almoço com a imprensa, se os senadores ligados ao bolsonarismo conseguirem a maioria na Casa, a democracia estaria ameaçada. “O poder que esse pessoal pode ter, se eles tiverem a maioria absoluta, é de fraturar a democracia, concretamente”, opinou o Costa.
GTE definirá a estratégia do PT para o Senado
O caminho para conquistar o maior número de senadores começará com a definição do Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE), do PT, que deverá ser instalado já nos próximos dias. De acordo com o senador, além de discutir como o PT vai se posicionar, o colegiado vai discutir a situação estado por estado para ver o que vai fazer.
“Por exemplo, o que a gente vai fazer no Acre? Hoje é muito difícil o PT ter um um senador pelo Acre, hoje não tem um deputado. É difícil ter. Então, vamos tentar ver o que que a gente vai poder apoiar lá, entendeu? Conversar com o centro, um centro-direita civilizado. Então, a ideia é essa, para não deixar os caras terem 52 senadores”, colocou Humberto.
A estratégia do PT, no entanto, já chega com certo atraso. O bolsonarismo já começa a definir os seus candidatos à Casa Alta. Como em 2026 cada estado elegerá dois senadores, uma das estratégias é investir no “voto casado”, para que a dupla seja eleita.
Candidatos do bolsonarismo
Em São Paulo, por exemplo, Eduardo Bolsonaro irá para a disputa ao Senado. Poderá ter ao seu lado o ex-ministro e hoje deputado federal Ricardo Salles. Os dois foram bem votados no Estado. Outra dupla poderá ser a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro na mesma chapa com a bolsonarista de carteirinha e deputada federal Bia Kicis
Já no Rio, Flávio Bolsonaro será candidato à reeleição. Seu irmão Carlos Bolsonaro também deve disputar uma cadeira na Casa Alta, mas por outro Estado, pois seria difícil eleger os dois no Rio. Outro nome que deve buscar uma vaga na Casa Alta é o ex-ministro do Turismo e muito próximo do ex-presidente Gilson Machado. Ele poderá ser candidato por Pernambuco ou Tocantins.
Veja também:
Alcolumbre é eleito no Senado e Mesa terá 3 mulheres
Nordestinos no comando da Câmara e Senado